11 de dezembro de 2024

O Brasil merece o prêmio, sim!

Ao ler um artigo do grande escritor Júlio Antônio Lopes, em que questionava o fato de nenhum brasileiro jamais ter conquistado o Prêmio Nobel, em qualquer categoria, meditei que talvez o próprio Prêmio Nobel pudesse estar errado. O brasileiro é a pessoa que diz amar ao seu país, mas quando um noticiário estrangeiro o ataca, ele corre a jogar lenha na fogueira e não o defende. Poucos povos são tão inventivos quanto o povo brasileiro. Por outro lado, poucos países criam leis que estão tão distantes da realidade como o Brasil. Sem querer ser um ufanista tupiniquim, torna-se necessário enumerar alguns inventos que facilitam a vida dos cidadãos pelo mundo que foram criados por brasileiros.

Santos Dumont não foi o único a desenvolver seu projeto na França porque no Brasil riram dele. Assim, muitos inventores engavetaram seus projetos porque não receberam incentivos. Há histórias de invenções que, mesmo sendo muito úteis, foram “travadas” pela burocracia fazendo com que o reconhecimento fosse dado a outro. Vamos citar algumas:

– Câmbio automático nos automóveis é uma invenção dos brasileiros José Braz Araripe e Fernando Lemos há quase cem anos. A patente foi vendida para a General Motors em 1932. O primeiro carro em série com o câmbio hidramático (assim era chamado) foi lançado em l937; O identificador de chamada, foi inventado pelo mineiro Nélio Nicolai para telefones fixos. Mais tarde implantado em todos os celulares, sem a autorização do criador que só teve reconhecida a autoria do seu invento na justiça internacional 25 anos mais tarde, quando já ultrapassava os 72 anos. Chamava-se BInA que significava B(que recebe a ligação) Indica A (que gera a ligação); A primeira transmissão radiofônica também foi realizada no Brasil, no Rio Grande do Sul, pelo Padre Roberto Landell de Moura, em 1893. O Walk man também foi criado por Andreas Pavel, um alemão naturalizado brasileiro em 1972. No livro autobiográfico, “Made in Japan” o fundador da Sony, Akio Morita, diz ter criado o Walk man porque sua esposa não gostava de música no carro e ele sim. Isto em 1979. Pode ser verdade, mas assim mesmo o invento foi reconhecido em 2004 como sendo do brasileiro; A urna Eletrônica criada pelo Juiz Eleitoral Carlos Prudêncio e seu irmão em 1989, em Santa Catarina, foi o único invento importante brasileiro a ter implantação e reconhecimento imediatos.

Há inúmeros outros inventos – sem entrar em fórmulas e receitas – entre os quais a própria máquina de escrever, o painel eletrônico nos estádios e tantas outras que foram criadas por brasileiros, o que nos enche de orgulho. Até mesmo um mouse especial para deficientes, que utiliza a energia do piscar de olhos foi desenvolvido por uma equipe da Universidade Federal do Amazonas para ajudar tetraplégicos e pouco se fala nisso.

Há inventos que são trancados a sete chaves para nunca serem utilizados porque podem balançar a economia do planeta. As patentes destes são adquiridas por quem não as quer servindo a ninguém. O motor movido à água está na ponta desses inventos. Outros que, por serem novidades e, o inventor de poucos recursos, são bloqueados pelo descrédito ou pela burocracia.

Há mais de quinze anos está em fermentação a construção de um aerobarco que irá revolucionar o transporte aquático nos rios da Amazônia. Abandonando os desenhos tradicionais, o veículo se dispõe a vencer as enormes distâncias em um tempo três vezes menor com um consumo muito menor de combustível. A ideia encontra barreiras em muitos lugares, mas, estranhamente recebe propostas para patentear e desenvolver seu protótipo no distante Canadá, com dinheiro farto e apoio tecnológico de ponta. No Brasil, o inventor está recorrendo a amigos para parir seu aerobarco no fundo do quintal, lança-lo a água e proteger-se para que não venha um espertinho roubar-lhe a patente. 

Realmente, não há povo mais inventivo que o brasileiro. Ele é tão inventivo que inventa leis que emperram o nascimento de novos inventos. O Brasil, ao perder um grande número de cabeças pensantes para universidades estrangeiras, também se torna um exportador de tecnologia que falta aqui. 

Esperemos que alguém invente um modo de deixar a criatividade do brasileiro fluir. Talvez assim sejamos aquinhoados por mais prêmios para a satisfação do escritor Júlio Antônio e de todos nós.

Luiz Lauschner

é empresário

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