10 de dezembro de 2024

A força da esperança – Parte Final

Chegamos ao final dessa nossa série (A força da esperança), afirmando que a esperança coloca-nos num lugar de destaque frente ao desânimo e o medo de que assolam o mundo. Quem tem esperança, o fracasso e a tristeza nunca os alcançam. A esperança devolve ao coração humano a coragem e a força na luta. Ou seja, quem tem esperança tem tudo, não se desespera, mantém o equilíbrio e a certeza na vitória. 

A esperança é essencial na vida humana. Quem não tem esperança transforma seus sonhos em pesadelos. A esperança constitui-se na estrela guia da vida humana. Sem esperança, a vida humana não tem sentido algum! A esperança inscreve-se no agir humano como um farol a iluminar a nossa existência. Ninguém, mas ninguém mesmo, pode existir sem que tenha esperança. Sem esperança, não há um novo mundo! 

A esperança nos faz essencialmente humanos. Logo, a humanidade está umbilicalmente ligada a esperança. Mas, infelizmente, pouca gente compreende que a esperança é o resultado de um trabalho interior sério. Sem esperança não há vida, não há futuro! Uma pessoa sem esperança é uma pessoa amargurada. Como já escrevemos mais de uma vez nessa série, o ser humano sem esperança é uma pessoa derrotada. É preciso ter esperança, mesmo você não acreditando nela!

A esperança não é apenas um sentimento vazio e desconectado da realidade, mas a certeza de que coisas boas vão acontecer. No entanto, muitas pessoas deixam-se levar pelas dificuldades próprias da vida e perdem-se em desânimos. São pessoas que perderam a esperança e que só pensam pelo lado negativo das cosias. Muitos estão desesperados, perdidos. É preciso ter esperança e continuar lutando por ela!

Infelizmente, na sociedade atual, muitas coisas, especialmente aquelas ligas a não política, convergem para que o cidadão desacredite, perca a esperança e a fé na vida. No entanto, especialistas, principalmente aqueles ligados ao humanismo cristão, ajudam-nos a encontrar o sentido e descobrir caminhos de saída para um futuro melhor. 

É isso que nos apresenta o músico Geraldo Vandré na sua canção “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”: “Caminhando e cantando / E seguindo a canção / Somos todos iguais / Braços dados ou não / Nas escolas, nas ruas / Campos, construções / Caminhando e cantando / E seguindo a canção / Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer”.

Da mesma forma, o teólogo brasileiro João Batista Libânio, em sua obra póstuma A ética do cotidiano, assevera: “Se nos detivéssemos alguns momentos por dia para simplesmente contemplar as flores, as arvores, o voar dos pássaros, o mover-se dos animais, aprenderíamos a lição natural das coisas”. Perca a amizade, nunca a esperança de uma vida mais digna! 

A esperança faz parte da constituição existencial humana. Isso porque, diferentemente do animal, o ser humano vive para além da realidade material. Nesse sentido, a sabedoria humana ensina-nos a pôr-nos do lado da vida. Mesmo quando não atendemos as leis que, em princípio, visam à mesma vida, a esperança, em todo o momento, nos impulsionam sempre a busca o amor, a felicidade, a beleza. 

Santo Agostinho, filósofo cristão da Idade Média, no livro sobre música, exclama: “Não podemos amar a não ser as coisas belas”. A beleza criada, em última análise, reflete aquela beleza de que o mesmo Agostinho dizia: “Tarde vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova”. Nunca abafemos a esperança. A esperança conduz à vida e a vida encerra beleza. 

Por fim, como a bíblia sagrada é uma fonte de esperança para mim e que me ajuda a superar os momentos tristes, vou terminar esta série citando uma passagem bíblica que eu gosto muito, Romanos 5:5: “E a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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