Aos “gringos”, na expressão popular alusiva aos estrangeiros, temos dito de forma geral que concordamos que a Amazônia é rica e que devemos protegê-la. Neste caso, proteger se entende que seja evitar a remoção de floresta, e assim permitir que esta riqueza seja caracterizada e reconhecida.
Nos fóruns internacionais sobre clima e florestas nos quais o Brasil participa, oficialmente a posição também é de que “precisamos proteger a floresta com suas riquezas”.
Considera-se que estamos falando da Amazônia Biológica de Superfície, a mais conhecida inclusive internacionalmente, e não sobre a Amazônia mineral subterrânea que não tem relação com o conceito geral de meio ambiente.
A riqueza neste conceito é, portanto, a riqueza intangível ambiental ainda não conversível em valores monetários, e que tem lugar somente se houver floresta. Seu valor vai além do conceito meramente financeiro.
Porém, a maneira como estamos utilizando o território amazônico tem sido a que mais imediatamente pode produzir a riqueza tangível, mesmo que a distribuição desta riqueza venha sendo feita ainda de forma muito deficiente entre a população, continuamente empobrecida ao longo do tempo.
Estamos gerando esta riqueza interagindo de forma direta com a floresta original que é convertida em madeira nobre que dela é extraída, e em seguida, por ser mais barato, queimamos o que sobra para dar lugar às demais atividades sequentes não amazônicas, como criação de gado e plantio extensivo de oleaginosas, passando pela grilagem. Tudo é riqueza, não importando no aspecto econômico se é ilegal ou não.
Riqueza tangível é o preço do m³ do mogno ou da castanheira, e em seguida, o m² do pasto ou do hectare com soja.
As práticas nacionais que estão em curso não podem produzir riqueza sem antes desflorestar, o antônimo de proteger.
A Amazônia só tem produzido valor econômico expressivo através de sua diminuição.
Isto quer dizer que a riqueza ambiental e climática desejada pelos gringos e narrada pelas posições oficiais do Brasil é na verdade uma balela.
É impossível querer auferir riqueza climática e ambiental sem floresta, assim como é impossível querer auferir riqueza tangível com floresta.
Como não se sabe o que o país pensa sobre estas questões, o discurso ambiental brasileiro se classifica ou como falso ou como inocente ou revela incapacidade de exercer sua soberania.