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Fatos doces e opiniões azedas

O triste espetáculo midiático dos gastos com leite condensado do Governo Federal, ocorrido essa semana, confirma uma realidade atual do nosso país: parte da imprensa falhou miseravelmente na sua tarefa de informar a população. Seja pela proliferação de blogs sem a credibilidade de grandes jornais, pelo excesso de militantes políticos em algumas redações ou por relações não republicanas que mesmo os grandes veículos às vezes possuem com o poder público, o jornalismo no Brasil enfrenta problemas.

Jornalismo que se preza não poderia confundir despesas empenhadas com despesas pagas, e muito menos excluir completamente o contexto do que está sendo noticiado, como pode-se observar nesse episódio do leite condensado. Os números reais dos valores pagos (e não dos valores empenhados) pelo Governo Federal com leite condensado em 2020 foram 50% menores do que em 2019, para ficar apenas em um exemplo.

É uma completa inversão dos fatos, a serviço de uma agenda política. Seja você contra ou a favor do atual Governo Federal, há de se concordar que esse caso é uma verdadeira exemplificação do que é uma notícia fabricada. Essa notícia foi debatida e comentada de maneira extensiva pela classe política e por comentaristas, especialmente pela parte que é mais crítica do Governo Federal. A imprensa não nasceu para atuar dessa maneira.

Diante de acontecimentos como este, alguns veículos da imprensa agem com ética e precisão, apresentando os números dentro do seu contexto e com as informações que são relevantes para que se entenda a realidade do fato noticiado. Por exemplo, nesses veículos explica-se que mais de 95% dos gastos com leite condensado no ano são das Forças Armadas, já que o leite condensado é substituto natural do leite comum para estocagens e regiões afastadas, onde as Forças Armadas atuam, pois o açúcar conserva melhor o leite.

Nem mesmo o chiclete com nicotina para campanhas antitabagismo escapou desse episódio. Alguns políticos tidos como mais ponderados e responsáveis também aderiram às críticas infundadas, fazendo vídeos e os famosos “textões”, danificando a própria credibilidade. 

Diante desse ocorrido, a citação do liberal clássico Thomas Sowell é bem oportuna:

“Para muitas pessoas, principalmente na mídia, o que é certo e errado, verdadeiro ou falso, depende de quem será ajudado ou prejudicado politicamente. Muitas pessoas na mídia que deveriam ser repórteres agem como se fossem combatentes em guerras políticas.”

A imprensa ruim (desonesta) é prejudicial para uma sociedade, como o mofo e o bolor são prejudiciais para os móveis de uma casa. Por outro lado, a boa imprensa é como a luz do sol que ilumina e combate o mofo, o bolor e a podridão da política. Esta é uma outra maneira de dizer a famosa frase que é atribuída ao nosso Imperador Dom Pedro II: imprensa se combate com mais imprensa.

Diante desse cenário enxerga-se uma grande oportunidade para a boa imprensa: o crescimento. Já para a má imprensa, surge uma ameaça: o descrédito e queda da audiência. 

Faz-se importante destacar que tanto a imprensa ruim quanto a imprensa boa estão atuando na cobertura da triste pandemia que estamos enfrentando. Isso comprova como a imprensa possui um papel importante na nossa democracia, e também amplifica os problemas gerados por uma imprensa ruim, assim como como as vantagens de se ter uma boa imprensa.

Portanto, que cresça a audiência da imprensa boa, confiável, imparcial e justa. E que diminua a imprensa ruim, militante, mentirosa, antiética e bolorenta.

Que os fatos e acontecimentos sejam apresentados para a sociedade de maneira imparcial, sem estar misturados com a opinião azeda de militantes políticos, ou como disse Thomas Sowell, sem a opinião de “combates em guerras políticas”. A sociedade fará seu juízo.

Se um veículo de imprensa faltou com a verdade, merece o descrédito permanente da sua (ex) audiência.

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