Você não precisa ser especialista no assunto para deduzir que as aglomerações e exageros das festas de fim de ano repercutiriam negativamente em postos de saúde e hospitais Brasil afora.
Claro que ainda não estamos livres dessa doença, mas mesmo assim pipocam nas redes sociais postagens que continuam a desinformar, e outras tantas que questionam a não realização de festas populares e da estagnação do segmento de eventos.
Claro que também lamentamos que alguns segmentos não estejam engrenados e em pleno funcionamento, mas o interesse público e da coletividade, aí incluída a saúde pública, está muito acima dos interesses particulares.
Vi desabafos de pessoas que estão “perdendo dinheiro”, enquanto outras tantas continuam perdendo a vida, até porque os exemplos escancarados não deixam dúvidas acerca do abuso e da falta de cuidados e de controle. Vejamos alguns.
A TV mostrou abertamente a grande aglomeração de pessoas em jogos da reta final dos campeonatos. Centenas sem máscaras e outros tantos gritando e comemorando efusivamente os gols com lançamento livre ao ar de sprays de salivas.
Certamente os dirigentes dos clubes não estavam e nem estão nada preocupados com questões de saúde pública e com o combate à pandemia. O mesmo exemplo levamos para os shows musicais. Claro que o que importa é o faturamento. Mas muitos esbravejam: “precisamos voltar ao normal e pagar as contas”.
Se todos fossem criteriosos, disciplinados e seguissem as regras impostas pelas autoridades médicas e pelos protocolos sanitários, não teríamos problemas maiores. O chato é que nem sempre só os irresponsáveis são contaminados ou morrem. Inocentes entram nas estatísticas.
Dentre os que gostam de aglomeração, muitos não possuem plano de saúde. Logo, correm para os hospitais públicos, mantidos com verbas públicas (dinheiro dos impostos), e lotam os leitos, não sobrando vagas para pacientes com as demais doenças. É como se só a Covid existisse. Algo altamente injusto para com os demais doentes. E viva as festas!
Aqui entra uma observação. Escrever e opinar em época de intenso confronto ideológico passou a ser um problema. Até porque muitos detestam ver suas crenças questionadas. Nesse caso só vejo uma solução: escrever textos e defender suas posições.
Difícil será defender a não utilização das máscaras e das vacinas, ou de “tratamentos” sem eficácia comprovada. Aliás, agora a novela da vez é a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, e o tempo vai passando.
Questiona-se o que os governantes estão fazendo para deixarem para a população uma espécie de legado da pandemia, com hospitais equipados e de referência no tratamento de doenças respiratórias graves, bem como profissionais capacitados para os próximos enfrentamentos que certamente virão.
Enquanto isso, os grandes navios realizam enormes cruzeiros, como se nada estivesse acontecendo. Claro! Porque não faturar? Doenças altamente contagiosas têm nos cruzeiros verdadeiros berçários para a expansão da doença e consequentes surtos.
Quem conhece um navio sabe que quanto mais barato é o pacote, pior é a acomodação, ficando os menos afortunados alojados em verdadeiros cubículos sem maiores ventilações, um prato cheio para pandemia.
Por fim, festas de fim de ano, futebol, carnaval, shows musicais e cruzeiros, só pra citar alguns. Eis bons temas para a sociedade debater, com os pés no chão e espírito desarmado, sem esquecer-se dos demais temas que nos afligem: os altos custos da energia elétrica e da água, das passagens aéreas e dos combustíveis, enfim, uma gigantesca escalada inflacionária que acaba com os salários, já corroídos e sem reajustes.