26 de julho de 2024
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Eleição violenta na era Deus acima de todos

O artigo aponta casos de violência política, destacando o aumento da violência nas eleições de 2020 em pleno governo Deus Acima de Todos.

Segundo o intelectual Carlos Santos Drummond de Andrade “Uma eleição é feita para corrigir erros da eleição anterior”, mas será que isto está acontecendo no Brasil? Do ponto de vista social estamos regredindo, uma vez que está aumentando número de casos de violência em nosso país por conta de questões político-partidária, bastando lembrar três casos emblemáticos que comoveram a nação:

1o) assassinato da Vereadora Marielle e seu motorista

Este caso aconteceu em 14/03/18. Apesar da crueldade, até hoje, não se sabe quem foi o mandante. O que se sabe é que a então vereadora Marielle era atuante na defesa das comunidades, denunciando a atuação de milicianos, as extorções, as grilagens e os assassinatos. Sua voz ativa no legislativo carioca ameaçou negócios ilícitos da milícia, composta pela banda podre da PM, dos Bombeiros e Militares, resultando em ameaças, seguido do assassinato, com tentativa de obstrução por parte do delegado da PF Hélio Cunha, do conselheiro do TCE-RJ Domingos Frazão, do PMRJ Rodrigo Ferreira, do agente aposentado da PF Gilberto da Costa, conforme denúncia feita pela Raquel Dodge, Procuradora Geral da República.

Apesar do MPRJ ter acusado e prendido o vizinho do Mito, o PM Reformado Ronie Lessa e o seu comparsa, o Ex-PM Elcio de Queiroz <https://bit.ly/2K5xOwh>, o caso ainda não foi elucidado, por conta de graúdos que atuam no Estado, envolvidos com o assassinato e milicianos.

2o) assassinato de mestre capoeirista por um bolsonarista

É de amplo conhecimento, o assassinato do Sr. Romualdo Rosário da Costa, conhecido na Bahia como Mestre Moa do Katendê, por conta de uma discussão política sobre os presidenciáveis Haddad (PT) e Bolsonaro (PSL), em Salvador no dia 07/10/18. Após a discussão, o bolsonarista Paulo Sérgio foi até sua casa, pegou uma faca e matou o capoeirista de forma covarde com 12 facadas. Moa era compositor, dançarino, capoeirista, percussionista, artesão e educador. Foi fundador do Afoxé Badauê e seu assassinato por motivo fútil comoveu o Brasil.

Além destes, em 2018 vários atos de violência foram registrados durante a campanha presidencial, a ponto do porta-voz do Alto Comissionário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravida Shamdasani, ter se pronunciado no dia 12/10/18, pedindo investigações imediatas e imparcial dos casos registrados: “O discurso violento e inflamado durante essas eleições, particularmente contra LGBTI, mulheres, afrodescendentes e pessoas com diferentes visões políticas, é profundamente preocupante. Apelamos aos líderes políticos e para todos aqueles que têm influência que condenem publicamente qualquer forma de violência durante este delicado período eleitoral”.

Alguns relatórios envolvendo a violência eleitoral apontam a dimensão do problema, especialmente contra os mais excluídos da sociedade brasileira.

Segundo relatório “Violência contra LGBTs + Nos Contextos Eleitoral e Pós-Eleitoral” <https://bit.ly/36CpUlQ> publicado em 2019 pela Gênero e Número:

a) 76% das lésbicas e 75% dos gays consultados consideram que as violências cometidas contra eles, aumentaram muito durante as eleições de 2018;

b) os perfis dos agressores mais recorrentes nas violências durante o período eleitoral são: no caso das lésbicas: b1) amigo ou conhecido; b2) pessoa vinculada a partido político ou grupo político específico; b3) desconhecido. No caso dos gays, são respectivamente: b4) pessoa vinculada a partido político ou grupo político específico; b5) desconhecido; b6) amigo ou conhecido;

c) assédio moral, violência verbal e tratamento discriminatório são as principais formas de violências contra as lésbicas durante as eleições de 2018. Os gays sofreram respectivamente com tratamento discriminatório, violência verbal e assédio moral;

Outro relatório publicado pela organização Terra de Direitos e Justiça Global <https://bit.ly/3f06riN> aborda sobre a violência política e eleitoral no Brasil, mostrando um panorama das violações de direitos humanos entre jan/2016 e 01/09/20.

Segundo este relatório:

a) foram encontrados neste período cerca de 327 casos de violência política;

b) 125 casos envolvendo assassinatos e atentados; 85 casos de ameaças; 33 casos de agressões; 59 casos de ofensas; 21 casos de invasões e 4 casos de criminalização;

c) em 2019, foram registrados 3 vezes mais casos em relação a 2016. Além disso, em 2019, pelo menos um episódio de violência política foi registrado a cada 3 dias no Brasil;

d) os casos de violência política evoluíram da seguinte forma: em 2016 foram 46 casos; em 2017 foram 36; em 2018 foram 46; em 2019 foram 136; e até 01/09/20 foram 63 casos. Se somarmos os casos de 2019 e 2020, são 199 casos, ou seja, em 20 meses de gestão do Mito, este número é 1,55 vezes maior que os 36 meses dos anos anteriores;

e) nos últimos quatro anos e oito meses, a cada mês, pelo menos dois            vereadores, prefeitos, ou vice-prefeitos, pré-candidatos ou candidatos foram assassinados ou sofreram atentados no Brasil;

f) o Brasil tem em média um ataque a vida de um político a cada 13 dias e as agressões cresceram após as eleições de 2018.

E há indícios de que as eleições de 2020 foram as mais violentas nos últimos anos. De acordo com um estudo feito pela Coordenação do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, a campanha deste ano tem um político assassinado a cada três dias.

Para o Másimo Della Justina, mestre em Políticas Sociais e Planejamento pela London School of Economics e professor da PUCPR, observa-se a presença cada vez maior de representantes públicos, tanto eleitos quanto personalidades, com um discurso que promove a violência, especialmente nas redes sociais, passando a ideia de que oponentes são inimigos que precisam ser eliminados. Para o pesquisador, essa é uma linguagem adotada nos anos 50 que gera confusão e conflito <https://glo.bo/38MzrcS>.

Vale a pena ressaltar que o Brasil agora vive sob a influência da Milícia, paramilitares envolvidos com grupos criminosos e que estão no Estado, com origem no RJ e que têm se espalhado por todos os cantos do país, com capacidade de eleger vereadores, deputados, senadores e recentemente presidente da República.

Em 2020, chama a atenção o alto número de candidatos que respondem a processos criminais. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Jurimetria, só no Estado de SP, 422 candidatos aos cargos deste ano, são réus em mais de 500 processos criminais na 1a instância do TJSP.

Finalmente, enquanto livrarias estão fechando, a Taurus festeja o aumento das vendas de armas no Brasil <https://glo.bo/3f0fC2J>, então fica fácil entender <https://bit.ly/3pz8E9w; https://bbc.in/3kw1dwd) que as eleições de 2020, em plena era do tal Deus Acima de Todos, serão marcadas como um das mais violentas dos últimos anos, valendo lembrar as sábias palavras do economista Ludwig Von Mises “que os piores males que a humanidade já teve foram causados por maus governos”.

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