26 de julho de 2024
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Dia do Amazonas, Dia da Amazônia

05 de setembro é uma data de forte simbolismo estadual, nacional e até internacional. Trata-se, em nível local, da comemoração da data da elevação do Amazonas à categoria de província autônoma, em 1850, desmembrada do Pará. Por si só é uma data importante na História do nosso estado, mas ganhou um destaque ainda maior, exterior, com a sua consagração para Dia da Amazônia e/ou Dia da Floresta Amazônica. Penso que é primordial extrair desses significados o sentido de uma efetiva prioridade para o desenvolvimento da região.

É possível afirmar que Amazonas e Amazônia se conjugam nos seus significados geopolíticos. Essa associação simbiótica deriva do percurso histórico e geográfico do grandioso rio Amazonas, que nasce na Cordilheira dos Andes e desagua no Oceano Atlântico, cuja nome e mística originária derivam do famoso relato de Frei Gaspar de Carvajal sobre as índias guerreiras que atacaram a expedição de Francisco de Orelanna, o expedicionário espanhol que inaugurou o período histórico da colonização ibérica da região.

Assim, neste domingo de setembro, que se relembre os relatos de fatos históricos ou lendários, mas penso que também é fundamental contextualizar a grande importância estratégica que nosso estado, em particular e, nossa região, num sentido mais amplo, adquiriram para o mundo! Sim, porque embora muitos brasileiros de outras regiões – e até daqui- não reconheçam essa importância, o fato é que a Amazônia é considerada uma das regiões estrategicamente mais valiosas para o futuro da humanidade.

Basta decodificar, ainda que de modo resumido, esse significado de valoração: maior floresta de trópico úmido, maior bacia fluvial e maior biodiversidade do planeta Terra! Neste âmbito, as imensas riquezas materiais e a essencialidade dos recursos naturais para o equilíbrio climático internacional se somam, para fazer da Amazônia um dos territórios potencialmente mais valorizados para as mais ricas nações do mundo, além daquelas que estão rapidamente ascendendo à posição de elite mundial, como China, Índia e Coreia do Sul, dentre outras. 

Se observarmos além das fontes de água potável, superficiais e subterrâneas, dos minérios, da fauna e da flora como um todo, que já representam uma enorme riqueza, reconheceremos que a Floresta Amazônica, como comprovam estudos científicos abalizados, contribui com mais da metade das chuvas que alimentam os reservatórios de abastecimento de água e represas de hidrelétricas do Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além da Argentina, Uruguai e Paraguai, sem falar da garantia das safras agrícolas dessas regiões. Ou seja, a Floresta Amazônica garante água, energia elétrica e alimentação para a maior parte da população da América do Sul! Não bastasse isso, a manutenção da cobertura vegetal em pé garante o sequestro permanente de gás carbono, auxiliando na diminuição do processo de aquecimento global pelos gases de efeito estufa. Em suma, além das riquezas materiais da biodiversidade, os serviços ambientais da Amazônia têm imenso valor para o Brasil, para o continente sul-americano e para o mundo!

Assim, cabe alertar que não basta apregoar as riquezas materiais da Amazônia diante daqueles cuja sanha é apenas o lucro imediato por meio de atividades predatórias, como garimpos, extração ilegal de madeira, biopirataria, grilagem de terras, que provocam a destruição e queima de porções expressivas da flora amazônica! Esta ganância cega e imediatista, coloca em risco não apenas a sobrevivência digna dos povos indígenas e populações tradicionais, como a qualidade de vida e bem estar de milhões de outras pessoas que residem aqui e em outras regiões e países. Por outro lado, é necessário implementar em escala “amazônica” modelos tecnológicos sustentáveis para a produção e a geração de empregos de milhões de habitantes da nossa grande Hileia. Essas pessoas não podem ser abandonadas num status de exclusão e de pobreza sob o pretexto da preservação ambiental, que é muito importante, mas não deve ser dissociada do direito ao progresso e bem estar de quem vive dentro da floresta.

Penso que governantes e representantes políticos precisam dar uma atenção muito maior ao imenso potencial de desenvolvimento sustentável da Amazônia. Como já se disse, a Região Amazônica não deve ser vista como problema, mas como solução para nosso país e o mundo! Ao invés de ficarmos trilhando o caminho fácil, porém infrutífero, dos confrontos ideológicos, podemos trabalhar numa perspectiva integradora da busca de soluções exequíveis para tornar a Amazônia mais produtiva economicamente, com a garantia da conservação dos seus recursos naturais e o reconhecimento e usufruto dos serviços ambientais em benefício dos amazônidas.

Assim, a construção de uma Nova Plataforma de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, em que atores governamentais e não governamentais contribuam para novos modelos de gestão da região, é uma medida fundamental para um futuro melhor das pessoas que vivem dentro da floresta. Que o Dia do Amazonas e da Amazônia nos estimule para esta reflexão e as consequentes ações.

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