12 de dezembro de 2024

Conservação inclusiva e baseada na comunidade

Recentemente tive a oportunidade de participar de um debate sobre os impactos do Covid 19 na saúde humana e por consequência, em  atividades produtivas em unidades de conservação – UC´s de uso sustentável. 

Medidas alternativas, programas alternativos, biossegurança,  biodiversidade local e economia foram temas que naturalmente surgiram, em uma perspectiva pós-pandemia para conservação e melhoria da qualidade de vida das comunidades residentes nestas áreas e entorno. 

Não há dúvidas que o impacto sobre a saúde humana leva à medidas imediatas de profilaxia nas mãos, uso de máscaras, distanciamentos, diminuição do fluxo de pessoas não residentes de UC´s, atividades colaborativas e principalmente a necessidade de definição de estratégias diferenciadas na forma de vacinação em comunidades isoladas, por questões de logísticas, custos, etc….

Na verdade tenho observado o trabalho, esforço e comprometimento de instituições em prol dessa causa, o que alimenta nossa esperança e solidariedade a partir de um sentimento coletivo comum e ações concretas.

É certo que medidas relacionadas ao impacto nas atividades produtivas, exigem abordagens estratégicas. Logo, não há dúvidas que realizar levantamentos das circunstâncias de uma situação e identificação da razão do problema pode ser necessário. É válido. O problema é quando ao desenhar, criar e apresentar soluções para cenários a partir de uma leitura externa, entenda-se ser suficiente.  Acredito que melhores resultados podem surgir  a partir de adaptações que constituem num conjunto de perguntas dos atores envolvidos, construindo uma visão atual e prospectiva que ajuda a compreender os efeitos da pandemia na agricultura familiar, florestas e do turismo de base comunitária. Assim, torna-se possível a construção de cenários para se entender eficientemente a descontinuidade de ações positivas que podem ocorrer no futuro, considerando a situação antes pandemia, pós-pandemia, tendenciais, e mediadas corretivas.

De um modo geral, obtém-se cenários mais realistas em comunidades, por meio de histórico de dados existentes e a situação atual destas segundo suas potencialidades, fragilidades naturais e socioeconômicas. É imprescindível admitir que as comunidades de base é quem deve nortear essa avaliação crítica de alternativas e fatores críticos, prospectando não só cenários desejáveis, mas possíveis e prováveis. Tendo como propósito maior determinar a capacidade de suporte de uma determinada área para alternativas pós-pandemia, sempre associando a ela os fatores socioambientais pertinentes, pois auxiliam e minimizam comprometimentos indesejáveis e, muitas vezes, não previstos.

Sérgio Gonçalves

é doutor em Ciências do Ambiente / Economia Ambiental – Universidade Federal do Amazonas

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