12 de dezembro de 2024

Consequências da pandemia

Estudos no campo da Psicologia comportamental apontam que ninguém, mas ninguém mesmo, crianças, adolescentes, jovens, idosos, pobres e ricos, todos, desenvolverão algum sintoma psicológico em decorrência da pandemia de Covid-19.

Isso significa que a situação social e econômica das pessoas, a perda de parentes e amigos para essa doença, etc., contribuirão para o aparecimento de problemas psicológicos que serão mais evidentes no pós-pandemia, ou seja, estarão em ascensão e não pararão no tempo e alguns requererão tratamento específico.

Com efeito, psicólogos famosos já disseram que quando o paciente reconhece a causa do sofrimento, seja de um trauma, dependência química, compulsão, neurose, psicose, alcoolismo, etc., existem 99% de chance de o tratamento surtir algum efeito.

Por outro lado, estudos também apontam que sozinhos não somos capazes de reconhecer os nossos próprios erros. Por isso, devemos sempre buscar ajuda dos profissionais, e nunca devemos nos desesperarmos. A saída existe e ela aponta para o reconhecimento de nossa própria limitação, de nossa fragilidade, enfim, de querer ser ajudado(a).

No entanto, você é capaz de reconhecer que tem um problema? Que precisa de ajuda? Ou você se acha autossuficiente? Que não precisa de ninguém? Infelizmente, para os que se acham autossuficiente sinto muito em decepcioná-los, mas pesquisadores da área da saúde apontam que ninguém sairá dessa pandemia sem alguma sequela, como foi dito acima, sem algum problema.

Desde os bebês até os nossos avôs passarão por algum tipo de problema em decorrência da Covid-19. Alguns sintomas serão mais fáceis de tratar, outros levarão mais tempo e alguns, ainda, requererão tratamento específico, com profissional especializado e muita tecnologia.

Este cenário indica que é preciso buscar ajuda. Mas a quem recorrer? Onde encontrar ajuda? No setor público ou privado? E a situação financeira?  Quem pagará a conta? O Sistema Único de Saúde (SUS) dará conta de atender toda essa demanda? O que será de nós nesse mundo pós-pandemia?

Seja como for, é preciso buscar um profissional. Ninguém se cura sozinho. Os psicólogos, os psiquiatras e, porque não dizer, os padres, os pastores, ajudarão bastante nesse processo.

Do ponto de vista psicológico, os seres humanos nunca querem mostrar fraqueza. Sempre nos achamos superiores aos outros, especialmente quando estamos diante de um outro ser humano. Em nossa mente, sempre achamos que estamos certos, sempre queremos que a nossa razão prevaleça, e que se dane os outros.

Como seres humanos sempre nos mostramos fortes, mesmo quando somos fracos. Quase nunca demostramos fraquezas. Estamos sempre prontos a reagir com vigor e determinação quando somos contrariados. Porém, essa realidade precisa mudar. O ser humano precisa reconhecer que é frágil, que nem sempre é o dono da verdade.

Outrossim, sabemos que o ser humano é muito orgulhoso para reconhecer-se frágil. Ou seja, não é fácil o viciado em álcool, por exemplo, reconhecer-se alcoólatra. O estágio de negação é uma tendência natural da natureza humana. Por isso, diante de um estado contínuo de aflição e tristeza, o ser humano precisa buscar ajuda de um profissional especializado, de um psicólogo, de um psiquiatra, de um padre, ou de um amigo.

Por fim, a amizade, a fé, a leitura, a meditação, o esporte, etc., contribuem para a cura do corpo, da alma e da mente. É urgente que o ser humano volte para si mesmo, reconheça suas fraquezas, e tenha força para recomeçar. Reconhecer-se humilde, orar, pedir perdão quando estiver errado, são meios para encontrar a paz interior, equilíbrio e saúde mental. É hora de a emoção falar mais alto que a razão!

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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