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     César Cals, o pai das fontes alternativas de energia

Aristóteles Drummond

Participando por décadas da vida nacional é possível se alinhar muitos nomes de brasileiros relevantes que acabam perdidos na poeira da história, nos novos debates, no mundo cada vez mais em busca de resultados imediatistas e, assim, relega ao esquecimento os bons exemplos e as boas lições do passado. O desconhecimento dessas lições acaba custando caro à sociedade.

Olhando o setor da energia no Brasil, fundamental para a ordem econômica e social, vamos encontrar dois momentos relevantes na construção de um setor energético, que, no caso da eletricidade, veio a dar ao Brasil competitividade e produtividades durante os anos 1980 e 1990. Éramos dependentes da geração térmica, com pouquíssimos aproveitamentos de algum porte.

O primeiro impulso deve-se à visão de JK, que colocou a energia como prioridade em seu Plano de Metas, entregue a dois brasileiros notáveis: Lucas Lopes e Roberto Campos. Mas a ideia de Três Marias e Furnas foi do próprio JK, assim como os aproveitamentos do São Francisco com Paulo Afonso. Quando governador de Minas, JK fundou a CEMIG, com ajuda do cunhado Júlio Soares, e gigantes em início de carreira, como Mário Behring e Camilo Pena.

A grande virada nacional deu-se no governo João Figueiredo ao buscar, para o Ministério das Minas e Energia, no Coronel César Cals, de experiência positiva no governo do Ceará e na construção de Boa Esperança, nos governos JK e Jango. Este estudioso, militar, formado no IME e na Nacional de Engenharia, no Rio, foi o autor do primeiro planejamento energético do Brasil, prestigiando os estudos da Eletrobras, da qual foi diretor de fontes alternativas por ele criada, tocando com entusiasmo projetos polêmicos, como Balbina, Tucuruí, projeto de Xingó e outros pelo país. Não conseguiu foi Catingo, em Roraima, que Bolsonaro prometeu e não cumpriu. Tocou Itaipu e deu prioridade às grandes linhas de transmissão do sistema Furnas.

Talvez tenha sido o primeiro homem público a enfrentar o corporativismo da Petrobras, alterando seu programa de investimentos e lançando a meta de triplicar a produção brasileira de óleo. Foi combatido pelas inovações, mas chegou lá.

Até então o Brasil nunca havia pensado ou falado de energia renovável. Foi César Cals que deu o pontapé na energia solar, inclusive aquecendo a piscina da casa do ministério com energia solar, a primeira de Brasília. Lançou a eólica, o uso de biocombustível e foi entusiasta do Pró-Álcool a cargo no Ministério da Indústria e do Comércio, com o ministro Camilo Pena – mas a distribuição e o uso eram da área de seu ministério. Aumentou a mistura do álcool à gasolina para 25%. Pioneiro no biodiesel, lançou ônibus movidos a diesel a partir do dendê.

O programa nuclear teve sua digital, pois Angra I e empresas conexas, como Nuclep e outras, contaram com seu apoio.

O setor sempre teve bons executivos, mas César Cals foi mais do que um executivo, foi planejador, idealizador e batalhador pelo que serviu de base para o que existe hoje.

O atual setor peca por não aproveitar os quadros ainda na Eletrobras e empresas modelo com a CEMIG. O setor privado, que vem apanhando na distribuição, precisa saber dessas coisas. Eletricidade não se improvisa e a manutenção e a renovação é a chave dos bons serviços prestados

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