26 de julho de 2024
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As guerras deles não se justificam

Enquanto líderes mundiais tacanhos buscam nas guerras e rumores de guerras manterem-se em seus cargos e o planeta enfrenta uma pandemia e suas consequências, como a ampliação da fome e o desemprego no mundo, vemos Nações instruídas, intelectualizadas, desenvolvidas, reféns das armas, de exércitos e de uma economia financista, que aprofunda a desigualdade social e o desamor. 

O que aprendemos com o Século XX? Provavelmente, nada.

Aprendemos tão minimamente que até vale perguntar, quixotescamente, por que não mobilizar os mesmos exércitos para a guerra silenciosa contra a miséria africana, ou de muitos países asiáticos, latino-americanos, subnutridos em suas economias e incapazes do acesso universal à vacina, que nos oferece o direito à vida? 

A chama da “liberdade, igualdade e fraternidade” vem deixando de iluminar nossas escolhas… e, adormecidos, em corações ególatras, ressequidos, estamos sendo levados como ‘boiada ao matadouro’…

A extinção de vidas já foi experimentada algumas vezes na história geológica da Terra. Fenômenos climáticos, catástrofes, seleção natural são causas reais. A indiferença humana, a bola da vez, não faz sentido e não combina com a essência da natureza sapiens.

Sou professor e a arte de educar exige desejo, compromisso e produtividade. Contudo, uma Escola sem o cuidado com o afeto de seus alunos, se assemelha a tropa militar que se desloca, peleia e mata sob um comando. Tal ato representa um cérebro sem coração.

NADA JUSTIFICA UMA GUERRA! 

Meu saudoso pai, Jesus Amable Nava Sanchez, imigrou para o Brasil em 1955, trazendo as sequelas da guerra civil espanhola contra a ditadura militar de Franco e da 2ª guerra mundial, onde combateu como soldado no Norte da África.

Guardo, nítido, no meu peito, a dura chamada que recebi de meu pai, pelo desperdício na mesa de refeição, ao colocar no prato mais alimento do que podia/queria comer. 

Lembrava da nossa origem e de histórias como a do meu avô saindo em busca de trabalho pelas montanhas de Astúrias (região Norte da Espanha), e, sem comida, envolvia no pano de prato um bloco de pedra, para que sua prole não percebesse que ele não faria nenhuma refeição naquele dia.

Voltou no final do dia, calos nas mãos, cansaço no rosto, e uma peseta (moeda espanhola) de remuneração diária. 

Na manhã seguinte, um pedido feito ao meu pai, uma criança de cinco anos: leve essa moeda bem escondida e traga uma espiga de milho do mercado, distante algumas léguas… na estratégia daquele triste momento, uma criança com uma espiga não levantaria suspeita das milícias armadas. 

Meu avô, porém, não contava com a ‘fome de um inocente’.

Com a espiga de milho nas mãos, voltando pela longa trilha, a criança faminta (meu pai) achou que não faria falta comer alguns grãos… e, chegando em casa com metade da espiga mastigada, recebeu a maior reprimenda de sua vida, aos cinco anos: debulhou o que sobrou dos grãos e, colocando-os no chão, ajoelhou-se sobre eles, com seu rosto de frente ao canto da parede onde encostava a testa para equilibrar o corpo franzino.

Segurando, ainda, nas suas pequeninas mãos, um pesado exemplar da Bíblia Sagrada, aprendeu com o duro castigo, o valor das sementes para o plantio. 

Meu pai sempre se emocionava, saudoso, da terra natal, família e amigos. Ao ressaltar que no Brasil encontrou paz, trabalho e oportunidade, nunca escondeu que viver aqui foi a mais importante escolha dele, diante das cicatrizes deixadas pela ditadura militar e guerras vividas. 

Somos uma Nação pacífica e temos um desafio enorme na guerra contra a fome, a pandemia, o analfabetismo, as desigualdades e a indiferença no Brasil.

Precisamos realmente avaliar, nas próximas eleições de outubro, se devemos reeleger um governo que desconhece nossa realidade local, com tantos desafios coletivos. Ou, reconduzir ao Palácio do Planalto outro que, como este, também negligenciou temas públicos de notória relevância em benefício de propósitos político/partidários.

Meu pai, se aqui estivesse, reproduziria de sua rebeldia cristã à guerra e à fome, as mesmas palavras bíblicas do verdadeiro Messias: “Perdoa-os Pai. Não sabem o que fazem”.  

Pai, onde quer que resida seu Espirito desde 2004, nesta semana de seu aniversário (em 2025 completará 100 anos), receba a gratidão de seus filhos e família. Dê um abraço carinhoso na mamãe e nossa eterna saudação fraterna e cordial apreendida no voluntário trabalho da Legião da Boa Vontade: “Deus está Presente! Viva Jesus, em nossos corações para sempre! ”

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