27 de julho de 2024
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Amazônia em novo estágio de genocídio (parte final)

No momento em que chegamos ao número superior de 100.000 vítimas da pandemia, muito mais do que pesar e solidariedade, busquei nestes escritos em série, relacionar a falta de comando no Brasil do discurso ideológico e a vulnerabilidade que tais atitudes impõem à sustentabilidade da Amazônia e do Estado brasileiro.

Feito esse triste registro das mortes por Covid-19, discuto outro similar genocídio: o da PETROBRAS.

Aos debochadores que chamam a Petróleo Brasileiro S.A. de ‘Petrosauro’, lembro que governos passam. Já vivemos períodos de exceção militar e democracias civis, de vieses entreguistas e nacionalistas, porém, devemos sempre preservar os interesses do Estado brasileiro, que, independente do representante de plantão, salvaguardarão a “Res Publica”, o nosso bem comum.

“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!”.

Esta frase, atribuída a Rui Barbosa, o nosso “Águia”, deve fazer sentido para alguns de nossos representantes democraticamente eleitos diante do Tribunal de Haia.

Afinal, estamos sendo derrotados pelo vírus; pelos incêndios e desmatamento sem controle da floresta; pelo preço do ouro e a cobiça humana; pela corrupção de gestores públicos em tempos de guerra; pelo desrespeito ao pacto federativo; e pela omissão, ou cumplicidade, do Governo Federal diante do entreguismo da nossa PETROBRAS aos financistas, sob o comando Castello Branco e Guedes.

Quero, neste último caso, relembrar duas falas ocorridas no “Webinar Desmonte da Petrobrás e a desmobilização das unidades regionais: impactos econômicos e sociais na baixada santista”, realizado no último dia 22 de julho.

A primeira, da debatedora e representante dos Funcionários no Conselho de Administração da PETROBRAS, Rosângela Buzanelli, que nos lembrou que as grandes empresas petrolíferas do mundo, Exxon, Total, BP, Chevron, Equinor, chinesas…, operam, sistemática e estrategicamente, do poço ao posto (de gasolina), ou melhor, do poço ao poste (se veem como empresas de energia).

Mesmo ao nosso leitor menos especialista é possível compreender que não faz qualquer sentido a atual direção da PETROBRAX fatiar e vender ativos. Isso vai na contramão da visão corporativa vigente no Setor de Óleo e Gás mundial.

A quais interesses inescrupulosos atendem tais manobras protagonizadas na gestão Pedro Parente e, em estágio letal de destruição, na gestão Castello Branco/Guedes?

Não venham com “churumelas”, diria o humorista.

A história registra que desde 1997 não existe mais o monopólio da PETROBRAS no Brasil. Consulto então: quais foram as contribuições de outras empresas petrolíferas nos investimentos de risco para descobrir novas reservas no Brasil?

Teríamos chegado a autossuficiência em petróleo, consequentemente em energia, e descoberto as reservas do Pré-Sal se o risco dos investimentos não estivesse embutido nos objetivos públicos do Estado brasileiro que dirigiam a Petróleo Brasileiro S.A.?

Teríamos alcançado o sucesso de Urucu na Amazônia, como maiores produtores em campos terrestres do país, com responsabilidade ambiental e social, se não houvesse o olhar estratégico do Estado brasileiro comandando as atividades da Petróleo Brasileiro S.A.?

Foi na segunda fala, sem reparos, da geóloga Ana Patrícia Laier, representante da Associação de Engenheiros (AEPET) e diretora do Sindicato dos Petroleiros no RJ, que pude presenciar o sentimento de pertencimento daqueles que fazem parte da história da Petróleo Brasileiro S.A.

Filha de petroleiro, lembrou do trabalho do pai na articulação em defesa da PETROBRAS no período do governo Figueiredo (1979-1985), onde os entreguistas Cesar Cals (ministro MME) e Shigeaki Ueki (presidente da PETROBRAS) queriam retirar o monopólio das atividades da empresa em mares profundos, acima de 300 metros (diziam não existir campos de petróleo, onde anos depois descobriríamos nossas principais reservas).

Em 14 de abril de 1980, recordou Laier, coube ao senador Teotônio Vilela a denúncia em discurso no Congresso Nacional, que se somou às vozes de outros parlamentares, como a de Ulisses Guimarães, em reação e defesa da PETROBRAS.

No momento em que se espera de nosso ‘capitão’ presidente e ‘general’ vice-presidente uma tomada de decisão nacionalista diante dos descaminhos da atual gestão da Petróleo Brasileiro S.A., sempre é bom reviver legados de generais como: Júlio Caetano Horta Barbosa e Antônio Carlos de Andrade Serpa, citados por Laier, pelos exemplos nacionalistas e de defesa do papel do Estado brasileiro na condução da PETROBRAS.

O general Andrade Serpa, inclusive, por seus discursos eloquentes em prol da Petróleo Brasileiro S.A., foi “convidado” pelo presidente Figueiredo a se demitir das funções de comando do Departamento Geral de Pessoal do Exército. Eram outros tempos, não havia liberdade de expressão.

Infelizmente, parece faltar hoje militares, parlamentares, gestores e militantes nacionalistas que nos defendam dos interesses internacionais sobre nossos recursos naturais. Conseguimos vencê-los durante o governo entreguista Fernando Henrique Cardoso, mas, estamos sucumbindo e entregando nosso patrimônio nacional pela inércia dos poderes instituídos no governo Bolsonaro.

Já entregamos a malha nacional de gasodutos à França (24% das ações da empresa compradora pertencem ao Estado francês), incluindo àquela localizada no coração da floresta amazônica, em detrimento à agenda de desenvolvimento estratégico do Estado brasileiro que possuíamos até 2039.

Estamos sendo dilapidados e desrespeitados sob a égide do Programa Brasil Pátria Amada.

Perdemos mais de 100.000 vidas e, sem controle, algumas dezenas de milhares poderão sucumbir nas próximas semanas.

Sucateamos o Sistema Nacional de Meio Ambiente, passando deliberadamente a boiada, e estamos matando pelo fogo a floresta, nossos povos indígenas e tradicionais, marcando nosso agronegócio com o sangue de criminosos e incompetentes, afastando investimentos do Brasil.

Quando não somos chamados a discutir o futuro, impera o “mais Brasília e menos Amazônia/menos Brasil” e perde-se a autoridade. Não foi este governo descomprometido que elegemos em 2018.

De certo somos poucos, continuamos morando longe, mas, atrevidos, lutamos e continuaremos a lutar com nossos parágrafos, pensamentos e trabalho para que o grito não se silencie: RESPEITEM A AMAZÔNIA E DEVOLVAM AO ESTADO A PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.!

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