7 de outubro de 2024

A vida de um guerreiro

Em nosso Artigo de hoje, queremos prestar todas as deferências a um grande amazonense, que fez a diferença na sua terra e contribuiu, de forma significativa, para o desenvolvimento econômico e social da região. Estou falando de Francisco Orlando Jordão, meu Tio, que infelizmente nos deixou no último dia 15 de agosto, aos 71 anos, vítima de complicações decorrentes da Covid – 19.  Brasileiro, natural de Maués/AM, nasceu em 04 de fevereiro de 1950. Filho primogênito do ex-militar, fazendeiro e comerciante de Maués, Osmar Negreiros Said; é formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em Ciências Biológicas. Casado com Maria Francinete Freitas Jordão, era pai de 04 filhos, sendo que 2 deles nasceram no Município de Itacoatiara – Amazonas, assim como 4 dos seus netos.

Sua trajetória profissional teve início no ano de 1973 como técnico agrícola, pela extinta ACAR/AM (Associação de Crédito e Extensão Rural do Amazonas). Desde então, dedicou-se a aplicar os seus conhecimentos básicos na Área e em apoio aos produtores rurais do ‘Vale do Rio Juruá’ (englobando os municípios de Juruá, Carauari, Itamarati, Envira, Eirunepé, Ipixuna e Guajará). Na região, concedeu financiamentos aos seringalistas nas atividades relacionadas à extração de látex em seringais nativos, além de ter incentivado a formação de seringais de cultivo nas áreas tradicionais, com financiamentos especiais aos projetos, sob a égide do Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural (PROBOR I) amparados pela Superintendência da Borracha (SUDHEVEA).

E como reconhecimento pelos relevantes serviços prestados em prol do desenvolvimento regional do Amazonas e por seu desempenho profissional, tio Jordão foi condecorado pela Câmara Municipal de Carauari (AM) com o Título de Cidadão Benemérito. Mas a luta e motivação deste guerreiro a favor da valorização e do crescimento da Amazônia continuava, assim como foi por toda a sua vida. Tanto que, em 1978, ao ser transferido para o município de Itacoatiara (lugar que adotou como sua casa) batalhou pela implantação e fomento a projetos relacionados à Heveicultura (cultivo da seringueira), na região do Médio Amazonas, assim como no DAS – Distrito Agropecuário da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus), com o suporte do ‘PROBOR’ 2 e 3 e meta prevista para 30 mil hectares de seringueira, através do plantio/cultivo de 15 milhões de mudas, em média; todas produzidas em Itacoatiara e o envolvimento de cerca de duas mil pessoas, que trabalharam nas atividades correlatas à produção de mudas.

Francisco Orlando, que ficou conhecido pelo sobrenome Jordão, também não parou de se qualificar, procurando se aprimorar cada vez mais, especialmente nos estudos científicos relacionados à Heveicultura, à Fruticultura Tropical, ao Sistema Energético Integrado, ao cultivo de Mandioca, entre outros. Isso tudo fez com que ganhasse o reconhecimento público de instituições respeitadas, como a EMBRAPA – Amazônia Ocidental; a CNPMF – Bahia; a EMBRATER; o Colégio Agrícola do Amazonas; a Associação de Crédito e Assistência Rural do Amazonas – ACAR/AM e a EMATER-AM. Em 1981 participou de um Seminário Internacional na Malásia, na cidade de Kuala Lumpur, onde expôs um trabalho científico de sua autoria, além de realizar visitas técnicas em algumas empresas que trabalhavam com dendê e seringueira no referido país. 

Devido a toda a sua história, foi convidado e exerceu a função de Secretário de Produção, Abastecimento e Terras, em Itacoatiara. E mais recentemente, no ano de 2019, foi homenageado em sessão solene na Câmara de Vereadores do Município com o Título de Cidadão Itacoatiarense, com a presença e deferência de diversas Instituições que se fizeram representadas no Evento e compuseram a Mesa Solene, como: o Conselho da Federação das Indústrias; o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas – IDAM; a Secretaria de Estado da Produção Rural (SEPROR); o Comando da Polícia Militar do Amazonas, além de diversos representantes empresariais.

E mesmo aposentado, tio Francisco Orlando Jordão nunca parou de trabalhar e jamais deixou de atuar por meio de ações significativas, que sempre agregaram valor às pessoas, à atividade agrícola, à natureza e ao Estado do Amazonas em geral. Tanto é que continuou a exercer suas atividades profissionais em sua propriedade rural, localizada na AM 010, Km 25 M-D (ITA-MAO). Lá continuou a conduzir experiências com a fruticultura tropical, por meio da adoção do modelo ‘SAFs’ (Sistemas Agroflorestais, que são modos de produção que associam árvores com culturas agrícolas, de maneira simultânea ou sequencial) utilizando, desta forma, práticas agrícolas em sistemas agroecológicos.

Diante de tal biografia e do papel que Francisco Orlando Jordão teve e sempre terá nas vidas de todos nós, dedico este Artigo em tributo à sua memória e ao legado eterno que nos deixou. Lhe amamos e sempre lhe amaremos, meu Tio. O Amazonas agradece por você dedicar todas as suas forças em prol do bem comum na nossa Região. Seu nome estará sempre gravado em nossas memórias e em nossos corações. Sua história é viva e não terá fim. 

Lisandro Mamud

Lisandro Mamud é administrador, pesquisador em Inovação, Tecnologia e Educação do Núcleo Educotec (Ufam)

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