26 de julho de 2024
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A indiferença do presidente

Com tantas mortes no Brasil por Covid-19, mais de 250 mil, um Ministro da Saúde que confunde Amazonas e Amapá, um Presidente da República que escolheu (provavelmente por letargia) a indiferença como forma de governo, como acreditar em dias melhores? Como continuar acreditando no país?

Não que eu queira ser taxado de pessimista, isso não, longe de mim, mas digam-me: como ter esperança se o atual Presidente da República, autoridade maior do país, que deveria ser o primeiro a dar exemplo, trabalha para desacreditar a ciência e vive espalhando fake news? Digam-me: tem como dá certo um país desse? 

Certamente quem perdeu um parente, um amigo, ou quem como eu, que ainda não perdeu a sensibilidade, o humanismo, continua acreditando, mas não aceitamos a atual necropolítica (a violência instalada e a morte explícita) do atual presidente e seu projeto de poder.

Com tanta gente morrendo nesse país, é preciso recuperar o princípio básico da vida pública, isto é, o interesse e o compromisso com o bem do próximo, principalmente os mais vulneráveis. 

A pobreza é o que mais cresce no Brasil, fato que nem o mais cara-de-pau dos neoliberais é capaz de negar. Nesse sentido, é preciso que o estado brasileiro garanta renda mínima para o povo enquanto durar essa pandemia. Não é possível continuar como está, o povo brasileiro precisa de ajuda.

Portanto, é urgente que se recupere a finalidade do estado brasileiro, na proteção e na defesa social, tarefa que é assumida pelo Governo Federal, a quem cabe, provisoriamente, fazer o que estiver a seu alcance para garantir a vida dos cidadãos, oferecendo-lhes oportunidade de trabalho, saúde, educação.

Infelizmente o que assistimos atualmente no país é que tais princípios vêm sendo cotidianamente violados pelo presidente brasileiro, que escolheu o negacionismo como forma de propagar o ódio e o preconceito entre a população. Quantos mais precisam morrer para que o atual presidente entenda que o Covid-19 não é uma gripezinha? 

O nome disso se chama irresponsabilidade e não podemos aceitar o negacionismo do atual presidente frente às vítimas da Covid-19. Não adianta querer culpar os governadores, terceirizar suas responsabilidades. Afinal, ele é ou não é o presidente do país? 

Culpar os outros por essa tragédia que o país vive atualmente é no mínimo irresponsabilidade, para não dizer demência. De acordo com o professor Joelson Oliveira, do Programa de Pós-graduação em Filosofia da PUCPR, a indiferença é corrosiva. Ela nega o valor da alteridade, da racionalidade, da justiça e da tolerância, princípios básicos da vida comum.

A indiferença desfaz os laços que ligam os cidadãos uns aos outros e põe por terra o altruísmo e a compaixão, amplamente valorizados pela nossa tradição. A indiferença, por isso, põe em xeque a razão de ser da própria política, como arte de governar para o bem de todos.

Por causa da forma como o Presidente da República conduz o país no combate à pandemia, por causa de suas piadas sem graça e preconceituosa contra os nordestinos, nortistas, chineses, franceses, portugueses, japoneses, o Brasil é motivo de chacota internacional. Ser brasileiro, hoje, não está sendo fácil. Não é motivo de orgulho para ninguém. 

O povo brasileiro está perdendo a sua alegria de ser. Por causa da ideologia política do atual presidente, qualquer um acha-se no direito de negar tudo, rir dos outros, fazer piada, inclusive dos mortos que ainda esfriam nos hospitais, das mulheres estupradas, das florestas queimadas, dos milhões de toras amazônicas transportadas rio abaixo, das vítimas das balas perdidas e de cada um dos que morrem de Covid-19.

Por tudo isso, o negacionismo não é o caminho. Aliás, é o caminho mais fácil. Difícil é encarrar a realidade e assumir as responsabilidades. É urgente e necessário que o atual presidente do Brasil pare de colocar a culpa nos governadores, na oposição, nos comunistas, no PT, no Congresso, no STF e comesse a governar o país, afinal ele foi eleito para isso. 

Por fim, já que “Da morte ninguém escapa”, como disse o atual presidente a um de seus apoiadores que pedia uma palavra de conforto para um parente enlutado pelo coronavírus, só nos resta pedir ao Grande Arquiteto do Universo que tenha piedade de nós e nós livre desse vírus, desse vale de lágrimas que se tornou o Brasil!

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