11 de dezembro de 2024

A alimentação

Todos os animais têm, por natureza e instinto, seu próprio alimento. A espécie humana tem nos cereais, nas verduras e nos frutos amadurecidos naturalmente pelo calor do Sol o alimento tal como lhe convém e lhe é destinado; mas o ser humano não se contentou com isso e numa injustificável gulodice passou a fritar, assar, beneficiando e refinando as substâncias nutrientes, as quais, submetidas a tais processos criminosos, se tornam impróprias à alimentação, por terem sofrido modificações na sua estrutura e na sua integridade — por exemplo, o açúcar refinado, o arroz beneficiado, a farinha de trigo alvejada e outros cereais submetidos a processos destinados a melhorar a aparência dos produtos, como se lhe fosse permitido alterar pela gula ou interesse as leis da natureza, sem sofrer as consequências por esses desatinos, pois toda ação provoca uma reação.

A civilização contemporânea alterou a vida natural segundo a qual o gênero humano deve viver, tornando-se difícil seguir rigorosamente as normas da sobriedade e da morigeração indicadas pela própria natureza.

Qual é, portanto, a alimentação mais conveniente ao ser humano? Há muita divergência a esse respeito. Na natureza, os animais estão divididos em três grupos em relação à forma de alimentar-se: o primeiro grupo denomina-se zoófago, que se alimenta de outros animais; o segundo grupo chama-se fitófago, que se alimenta de vegetais; e o terceiro grupo é o dos onívoros, que se alimentam de animais e vegetais, como o ser humano em evolução na Terra.

No regime onívoro, que é o mais adotado, deve-se alimentar sóbria e moderadamente, em conformidade com a nossa constituição física, com as nossas atividades, para que não haja desequilíbrio por falta de calorias ou por acúmulo de energia, que se transforma em gorduras.

Segundo Caldas Aulete, os macróbios eram um povo fabuloso que os antigos imaginavam existir no Egito, na Índia ou na África Ocidental. Esses indivíduos viviam até mil anos, devido a seu regime alimentar.

Foi adotada nos Estados Unidos da América uma dieta denominada “regime dos astronautas”, em que se reduz ao mínimo possível a ingestão de substâncias ricas em hidratos de carbono, responsáveis pela obesidade. As substâncias ricas em hidratos de carbono são os amidos ou amiláceos e os açúcares. O amido é fécula ou pó de cereais, como a farinha de trigo, que nos fornece o pão, o macarrão e outras comidas saborosas.

Os hidratos de carbono, compostos de hidrogênio, oxigênio e carbono, facilmente se transformam em energia calorífica, que é o combustível do corpo humano. Como qualquer máquina, o homem necessita de uma determinada dose de energia para poder movimentar-se. Se for pessoa calma e de vida sedentária, precisará de menos energia do que a pessoa que se movimenta muito, andando, correndo, fazendo exercícios e tendo, enfim, uma vida de esforços e trabalhosa.

Ora, se essas duas espécies de pessoas ingerem a mesma quantidade de hidrato de carbono, uma estará consumindo energia de forma desproporcional e, nesse caso, estará armazenando energias sob forma de hidrato de carbono, que se acumula nos tecidos conjuntivos, nos líquidos intersticiais e no sangue, transformando-se em gordura, como podemos ver em certas pessoas, que, se não fizerem uma dieta apropriada, marcharão para a obesidade.

O indivíduo de hoje é carnívoro por costume e não por necessidade fisiológica. Ao contrário dos seus ancestrais, o ser humano moderno dispõe de meios mecânicos, técnicos e científicos para lavrar a terra e dela tirar todos os alimentos para sua subsistência, sem sacrificar a vida de animais, porque a constituição do corpo humano não é apropriada para receber alimento carnívoro.

Já na velha e lendária Índia, alguns séculos antes de Jesus, o iluminado e grande Buda se preocupava com a alimentação humana e dizia: “Feliz seria a Terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da benevolência e só se alimentassem de alimentos puros, sem derramamentos inúteis de sangue. Os dourados grãos, os reluzentes frutos e as saborosas ervas, que nascem para todos, bastariam para alimentar e dar fartura ao mundo”.

A alimentação carnívora, rica em gorduras e proteínas facilmente deterioráveis, intoxica o organismo, aumentando o colesterol nas artérias a ponto de obstruí-las, causando a morte. A carne também produz muita acidez e excitação no organismo humano e se putrefaz quatro vezes mais do que os vegetais; por aí se vê sua nocividade.

A FAU, organismo da ONU, se ocupa do problema da alimentação mundial e preconiza um sistema de alimentação equilibrada, na qual proteínas, hidratos de carbono, açúcares e gorduras estejam nas proporções necessárias. Quando se mata o animal, interrompe-se o processo de eliminação e neutralização das toxinas, que iam ser eliminadas pelo aparelho urinário e por outras vias excretoras e ficam retidas nos tecidos da carne, impregnando-a de substâncias nocivas à saúde, como ureia, ácido úrico e outros. Diz um provérbio popular que a pessoa morre pela boca, isto é, quando ingere substâncias nocivas e tóxicas como a carne.

Jamil Merched

Jamil Merched Chaar é formado em Administração de Empresas

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