A caminho das Eleições 2022, a inflação segue disparada disparada, os preços dos supermercados estão nas alturas, desemprego em alta e o endividamento das famílias segue crescendo: para 53% dos brasileiros, a situação econômica está tendo “muita influência” na hora de decidir em quem votar, mostram dados de pesquisa Datafolha.
Em outro dado divulgado em ainda em maio, para 45% dos brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem muita responsabilidade pelo aumento do preço dos combustíveis no país. Uma pesquisa realizada pela Global Petrol Prices, organização que compila dados relacionados ao preço de gasolina, gás natural e energia ao redor do mundo, revelou que o preço da gasolina no Brasil é 16% maior do que o preço médio praticado ao redor do mundo.
E não é apenas o combustível: o governo Jair Bolsonaro é culpado pela alta da inflação, que fechou em 10,06% em 2021, segundo a opinião de 75% dos brasileiros. No caso dos alimentos, por exemplo, brasileiros acompanharam a cenoura e o tomate apresentando maior alta no preço de 195% e 117,49%, respectivamente, nos últimos 12 meses. Outros itens tradicionais da cesta básica, como carne, frango, café, arroz e leite, somaram altas exorbitantes.
Diante de desafios de desemprego (o IBGE registrou 11,3 milhões de pessoas sem ocupação) e fome (entre 2019 e 2021, percentual de famílias brasileiras que vivem em situação de insegurança alimentar saltou de 30% para 36%), veja o que os principais candidatos a Presidência já prometem caso ocupem o atual cargo de Jair Bolsonaro:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
No dia 7 de maio, o Partido dos Trabalhadores lançou a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), como vice, para concorrer à Presidência da República nas Eleições de 2022. O movimento denominadoVamos Juntos Pelo Brasilainda não tem programa definido, mas o ex-presidente já apontou medidas que podem ser tomadas caso ocupe novamente a cadeira no Palácio do Planalto.
Geração de emprego e renda
O ex-presidente já afirmou em entrevistas que a retomada do crescimento do Brasil e a criação de emprego será uma obsessão de sua futura gestão. “Emprego é coisa extraordinária para manutenção do país harmônico. Emprego para mim é obsessão. Vamos fazer uma revolução silenciosa para gerar emprego envolvendo toda a sociedade brasileira”, afirmou. O candidato, porém, pondera que não haverá “milagres”.
Segundo o ex-presidente, o que vai gerar emprego é o dinamismo da economia. “Quando a economia começa a funcionar, o comércio começa a vender, a indústria começa a produzir, a economia começa a crescer. Com a roda gigante funcionando, tudo melhora”, disse, voltando a ressaltar que o fundamental para o país voltar a crescer é incluir o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda.
Outra principal bandeira do Partido dos Trabalhadores, o programa Bolsa Família deve ser reformulado caso Lula seja reeleito. O candidato quer um Bolsa Família ampliado, incorporando as 1 milhão de famílias que estão na fila de inscrição e a volta de valores adicionais por tamanho de família e grau de miséria.
“O 1º passo é reconstruir o cadastro único, incluindo mais famílias entre os beneficiários. O governo Bolsonaro sucateou com o cadastro único, que era a chave para saber quais as necessidades de cada família beneficiada”, disse Tereza Campello, coordenadora do programa social do PT.
Contra as privatizações
Lula se colocou contra um dos principais elementos da agenda de Paulo Guedes, atual ministro da Economia. O braço fiel de Jair Bolsonaro avançou nas propostas de privatizar a Eletrobras e os Correios. A empresa de energia já obteve aprovação do TCU (Tribunal de Contas da União), dando passe livre para o governo abrir mão de controlar a maior empresa de energia da América Latina.
Caso vença, Lula pretende reestatizar as companhias. “Eu e o PT somos contra a privatização da Eletrobras. Não há necessidade de se vender um patrimônio construído pelo povo brasileiro, que regula o sistema elétrico, e que pode impedir preços abusivos nas contas de energia”, disse o candidato.
Jair Bolsonaro (PL)
Mirando nas campanhas eleitorais, o atual Chefe do Executivo teve seu governo focado em privatizações. Apoiado por Paulo Guedes na pasta da Economia, Bolsonaro ainda põe na conta da pandemia a alta da inflação e os passos largos da economia brasileira – o que não deixa de ser verdade. Mas para o presidente, foram as medidas restritivas impostas pelo coronavírus que colocaram a população em situação mais vulnerável.
“Ouso dizer que o Brasil é um dos países que menos sofre economicamente, levando-se em conta o mundo todo. Aqui não tem desabastecimento. Temos dificuldades, mas qual é a solução para isso? É [ter] resiliência, é ter fé, é ter coragem, é acreditar”, disse em discurso a pastores evangélicos durante convenção das assembleias de Deus do Ministério de Madureira, em Goiânia (GO), no último dia 27 (sexta-feira).
Fábio Sobral, Doutor em Economia e Professor da UFC (Universidade Federal do Ceará), avaliou para. o Yahoo Finanças que a inflação, os baixos salários e a estagnação econômica tornaram-se a política econômica de Bolsonaro e Paulo Guedes, e que dificilmente se pode esperar novos caminhos do governo bolsonarista.
“O governo (Bolsonaro) implementou a dolarização dos preços administrados (combustíveis, energia, remédios, passagens, entre outros), o que trouxe consequências desastrosas para as camadas assalariadas. 60% da economia brasileira é mantida pelo consumo. A perda de poder aquisitivo derivada da estagnação ou queda dos salários associada ao processo inflacionário leva ao colapso do consumo e, consequentemente, da produção”, explica o professor.
Uma das principais defesas da pasta da Economia de Bolsonaro são as privatizações. Com a Eletrobras privatizada, a Petrobras e os Correios são os próximos alvos na política neoliberal de Guedes, sendo que a estatal de envio e entrega de correspondências já está sob tratativas mais avançadas.
A Reforma Tributária também será prioridade de eventual segundo mandato para reduzir o imposto de renda de pessoas física e jurídica; tributar lucros e dividendos; desonerar folha de pagamentos; e criar tributo sobre transações financeiras, semelhante à CPMF.
O candidato do PL também apóia criação da Carteira de Trabalho Verde e Amarela, que isenta empregadores de contribuição ao INSS e alíquotas do Sistema S e reduz pagamento ao FGTS.
Ciro Gomes (PDT)
Com dicas do conselheiro econômico Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas, o candidato do Partido Democrático Trabalhista defende a ‘geração de empregos através da indústria nacional’. Em sabatina organizada pela Folha de S. Paulo, o candidato afirmou que deseja apostar no desenvolvimento do país.
Simone Tebet (MDB)
Uma das maiores apostas da Terceira Via e nome de destaque na CPI da Covid, Tebet escolheu orientação da assessora Elena Landau, que já atuou no BNDES e foi diretora do programa de desestatização no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para organizar sua agenda econômica. A candidata da Terceira Via já anunciou alguns pontos na campanha Uma nova esperança para o Brasil: geração de empregos e o ‘sonho da casa própria’ estão entre as propostas da agenda da senadora.
“Emprego para quem quer trabalhar, oportunidade para quem quer produzir”, defendeu em um dos vídeos divulgados em sua plataforma para ocupar a Presidência.
Para o programa de habitação, Tebet já prometeu ‘acabar com áreas de risco, urbanizar comunidades e favelas e dar dignidade para as pessoas”, destacou.
André Janones (AVANTE)
“Cortar gastos e privilégios para colocar o dinheiro na mão dos mais pobres porque vai fomentar a economia”. Em entrevista ao Poder360, o candidato do Avante afirmou defender a renda mínima para os mais pobres.
Sem programa de governo anunciado, Janones disse ao G1 que a solução para a inflação sobre o preço dos alimentos passa por criar políticas que “amorteçam o choque inflacionário por investir no pequeno produtor rural, com linhas de crédito mais acessíveis e por mudanças na política de preços da Petrobras”, disse o candidato.
Para conter o endividamento das famílias brasileiras, o candidato do Avante defende plano real para criação de empregos e renda e regulação sobre a cobrança de juros no sistema bancário.
Vera Lúcia (PSTU)
Com candidatura oficializada em março deste ano, a pernambucana Vera Lúcia vai disputar novamente a cadeira principal no Palácio do Planalto. Com uma chapa 100% negra, a candidata quer priorizar o aumento do salário mínimo e redução da jornada de trabalho para 6h diárias.
“Defendemos duplicar já o salário-mínimo, em direção ao salário-mínimo do Dieese (hoje calculado em R$ 5.657). Para combater os efeitos da inflação, defendemos a correção automática dos salários”, aponta o programa de governo divulgado pelo PSTU.
No programa Um Outro Brasil é Possível, Vera também defende um auxílio emergencial com valor do salário mínimo. A medida seria implementada para beneficiar trabalhadores desempregados como medida transitória.
Luciano Bivar (União Brasil)
Recém ‘saído’ da Terceira Via, o pré-candidato ainda não apresentou formalmente suas propostas. No entanto, o ex-PSL já esteve a frente de pautas como a criação do Imposto Único Federal, para que ‘empresários possam desenvolver suas atividades e para que o país possa crescer sem sonegação’.
Dentro do partido, há propostas de redução de ICMS sobre combustíveis para reduzir preço para o consumidor em até 12%.