Com a sua característica histórica de depender dos humores do presidente da República de plantão e do ministro da Fazenda sempre a serviço do parque industrial paulista, a Zona Franca de Manaus vive um de seus piores momentos -e ninguém pode esperar que o antídoto para seus males seja o governador Omar Aziz esgrimar junto ao governo federal ou bater as portas do Supremo Tribunal Federal exigindo respeito às famosas vantagens comparativas.
Depois de 45 anos de existência, a ZFM fez a fortuna de muitos grupos, não distribuiu riqueza como de fato deveria à grande horda de trabalhadores que empregou e conformou com baixos salários e não fincou infraestrutura logística que permitisse seu fortalecimento e a pujança dos seus negócios em benefício da cidade de Manaus, além de nunca ter alcançado o interior do Estado.
Montanhas de recursos alimentaram a corrupção e enricaram grupos estrangeiros que nos brindaram com tendas de alumínio chamadas de Distrito Industrial, distrito industrial bem distante dos padrões coreanos ou chineses -estes, sim, tecnologicamente robustos e plenos de ciência e conhecimento.
O pior de tudo é que a ZFM é um modelo que se esgotou e não temos outro. O festival de MPs e as constantes guerras com São Paulo e outros Estados também mostram que o modelo já não cabe em um contexto nacional que evoluiu e se tornou peça de um mercado cada vez mais dinâmico no concerto da globalização do capital e seus negócios.
O ideal seria o governo do Estado acordar do seu sono letárgico e investir pesado na educação e na ciência, como fez a Coreia do Sul há algumas décadas. Criar uma nova política de desenvolvimento, com os olhos postos nas fabulosas potencialidades dos recursos da biodiversidade do Estado, é o caminho a seguir.
Zona Franca de Manaus: um modelo de exceção à beira do esgotamento
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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