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Venda da Amazonas Energia afeta Polo Industrial de Manaus

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Com a decisão do governo federal de não estender mais o prazo para que as distribuidora de energia sejam vendidas, setores econômicos do Amazonas discutem as vantagens de ter um dos serviços mais importantes para a indústria sendo gerido por uma empresa privada. Segundo o governo, a data para desestatização não deve passar de 30 de agosto. A Amazonas Energia está no pacote de quatro distribuidoras (junto com Companhia de Eletricidade do Acre, Centrais Elétricas de Rondônia, Boa Vista Energia) e tinha leilão marcado para o próximo dia 26. O pregão foi suspenso após recomendação do MPF-AM (Ministério Público Federal do Amazonas). Uma das razões para a suspensão foi o da não conclusão da desverticalização da empresa, que tinha 2 de março como prazo final.

A privatização geraria impactos positivos em toda a cadeia produtiva da indústria, explica o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo. “Os altos custos da produção estão ligados aos encargos com energia elétrica e com os impostos esmagadores. O setor de energia, sendo estatal, não tem promovido a renovação dos sistemas de distribuição e o risco de ficar sem energia traz insegurança a indústria”, comentou.

Azevedo acredita que se há interesse do governo em vender as distribuidoras, isso atesta a ineficiência do modelo de gestão. “Se tomarmos o exemplo do acontecido com o setor de telefonia, somos a favor da privatização. O fornecimento da energia, a indústria e ao pequeno consumidor, tende a melhorar e apesar de não termos números, acreditamos também numa redução das tarifas em médio e longo prazo, impactando positivamente na produção industrial”, ressaltou.
“A desestatização seria benéfica também à economia, pois reduziria o tamanho do Estado, uma promessa que vem com a discussão das reformas e que não tem andado muito. Se isso vai trazer benefícios à indústria, não somos opositores. A energia é quase como um insumo, uma matéria-prima para a indústria. É oxigênio para o setor”, fecha.

Privatização e melhorias no serviço

Segundo o economista e presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Amazonas), Francisco Mourão Júnior, a privatização seria benéfica por trazer mais segurança ao polo industrial, garantindo a chegada de mais investimentos e empresas. “Adotando o princípio do Laissez-faire (‘deixe fazer’) com pouca ou nenhuma intervenção do Estado, o empresário se sente mais seguro tratando com outro empresário. A maior fiscalização quanto a qualidade dos serviços também seria um dos fatores de atração”, afirma.

“Existe a convicção, quase geral, entre empresários e economistas quanto aos benefícios da desestatização. Do jeito que as estatais são conduzidas, só se paga o funcionalismo. Quase não há investimentos em modernização e existe ainda a barreira da burocracia excessiva”, fechou Mourão Júnior.

“Insustentáveis” e “entre as piores”

Em abril, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino avaliou as seis distribuidoras de eletricidade da estatal Eletrobras que operam no Norte e Nordeste -incluindo a Amazonas Energia, como “inviáveis”, completando que a venda destas seria a melhor saída. “A ineficiência tornou as concessões insustentáveis… A licitação é a alternativa que melhor atende ao interesse público”, afirmou. “Além disso, sob o ponto de vista de sustentabilidade do negócio de distribuição, os prejuízos causados pela ineficiência operacional e elevados patamares de perdas tornaram a continuidade da prestação do serviço inviável”, adicionou.

MPF-AM considera venda precipitada

Segundo a recomendação do MPF-AM contrária a venda, a realização do leilão da Amazonas Energia no momento atual ocorreria de maneira precipitada, em virtude de fatores como: insegurança nos campos jurídico, econômico e financeiro; alegada ausência de autorização legislativa prévia para a realização do ato; decisões judiciais que determinaram em caráter liminar a suspensão do leilão e ausência de conclusão do processo de desverticalização da Amazonas Energia. A soma de todos esses fatores acarreta, consequentemente, graves reflexos no processo de desestatização.

O MPF destaca que a atuação do órgão não parte de juízo de valor sobre o mérito ou a necessidade da realização da desestatização das distribuidoras, mas da análise dos fatos que desaconselham a efetivação do leilão nas atuais condições. Tramitam no órgão três inquéritos civis instaurados para apurar possíveis irregularidades no processo de privatização das distribuidoras da Eletrobras.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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