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Troca-troca partidário ganha anistia na Câmara

Com integrantes ameaçados de perder o mandato por terem trocado de partido, o plenário da Câmara aprovou no final da noite de terça-feira um projeto de fidelidade partidária que busca anistiar todo o troca-troca ocorrido no passado e também aquele que vier a ocorrer até 30 de setembro deste ano.
Além disso, mantém aberta a brecha de um mês, a cada legislatura, para que os políticos continuem a mudar de partido segundo suas conveniências eleitorais. O projeto de lei foi aprovado por 292 votos contra 34, mas pode ser alterado por meio de emendas ainda pendentes de votação. Após isso, segue para o Senado.
O texto traz parágrafo que diz que “ficam resguardadas e convalidadas todas as mudanças de filiação partidária constituídas até a data de 30 de setembro de 2007, não incidindo nenhuma restrição de direito ou sanção”. Além disso, altera o Código Eleitoral proibindo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de aplicar retroativamente interpretações da legislação. O objetivo é se resguardar de recente interpretação do TSE segundo a qual o mandato pertence ao partido, não ao político.

Baseado nessa interpretação, partidos de oposição ingressaram no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo de volta 23 mandatos de deputados que migraram para a base governista desde as eleições.
Em linhas gerais, o texto pune com perda de mandato e inelegibilidade de pelo menos quatro anos os políticos que trocarem de sigla fora da “janela” de 30 dias – o mês de setembro do ano anterior às eleições.
Hoje, a única restrição à mudança de partido ocorre no ano anterior à eleição, já que quem não estiver filiado por ao menos 12 meses antes da eleição está impedido de disputá-la.
O projeto de lei foi elaborado e apoiado pelos principais partidos que se beneficiaram do troca-troca nos últimos anos, como PR, PTB, PP e PMDB. Apenas DEM, PSDB, PPS e PSOL se colocaram contra.

Mudança com data marcada

“Vai ficar o mesmo troca-troca de hoje. Em cada mandato vamos ver 100, 200, 300 deputados trocando de partido que nem se troca da camisa. Esse tipo de fidelidade partidária, para mim, não é fidelidade partidária, é mudança de partido com data marcada”, discursou Pompeu de Mattos (PDT-RS). “O que estamos fazendo é a regulamentação da infidelidade partidária”, reforçou Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).

A sessão se estendeu quase pela madrugada porque o DEM usou mecanismos regimentais para atrasar a votação. O líder da bancada, Onyx Lorenzony (RS), chegou a causar polêmica ao ironizar uma alteração de última hora estendendo a anistia até 30 de setembro. “Isso é um convite à traição futura. Isso é uma pouca vergonha”. “Resguardamos e convalidamos todas as mudanças feitas até aqui, até setembro, para que os que já mudaram ou desejam mudar tenham seu direito respeitado, que é o direito à boa-fé, à segurança jurídica. Não podemos mudar as regras no meio do jogo”, disse Flávio Dino (PC do B), um dos articuladores da proposta.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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