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Trends JC: MI Moda começa a nos vestir de história

Por Lilian D’Araujo

@lydcorr

O mundo da moda vai ver cada vez mais indígenas nas passarelas, sim! E, não apenas modelos, como também estilistas, modeladoras, designers, empreendedoras e costureiras indígenas, sim! E essa inovação já está em curso pelas mãos de mulheres criativas e guerreiras, como suas ancestrais amazonas do passado. Reby Ferreira e sua mãe Seanny Artes são duas protagonistas dessa nova história e os episódios vem sendo contados este ano com os desfiles da MI Moda Indígena que elas vêm realizando este ano. E, para falar do último desfile pocket realizado este mês, as duas empreendedoras estiveram no Trends JC mais uma vez.

Os traços, desenhos, padrões e grafismos diversos das muitas etnias indígenas são um show a parte que os desfiles de moda vem proporcionando. 

A ancestralidade, representatividade e evolução enquanto mulheres indígenas, são alguns dos objetivos da equipe do MI. “Estamos trabalhando com a nossa evolução. 

Às vezes a gente não conhece a nossa história, dos nossos ancestrais. Mas, observando a minha mãe nessa busca das raízes familiares, ela foi se aprofundando nas tradições e aí nasceram os primeiros modelos. As peças começaram a ser feitas para desfiles de carnaval e artes cênicas e foram evoluindo em forma de resgate cultural mesmo, até chegar à nossa proposta de moda”, explicou Rebeca, mais conhecida como Reby.

“Quando desenvolvemos o projeto da moda indígena, nosso objetivo era resgatar nossas raízes indígenas e fazer com que as pessoas entendessem que nós, amazonenses somos indígenas, sim! Mostrar a diversidade étnica desses povos também era um objetivo importante e acredito que conseguimos mostrar um pouco da nossa história por meio das peças e das modelos, estilistas e designers de várias etnias diferentes”, disse Reby.

Uma novidade que a dupla está preparando é uma coleção de street wear com pegada indígena “Me perguntaram porque estamos com essa pegada de vestimenta periférica urbana, uma vez que somos Moda Indígena, mas o indígena pode ser urbano, hoje em dia. A comunidade Parque das Tribos vive em contexto urbano. Não são indígenas aldeados”, comentou.

Reby explica que seu projeto quer furar a bolha. Não apenas do universo indígena, trazendo para fora as tradições e o grafismo dos povos. Ela quer ir mais longe, quer mostrar evolução da cultura e abrir caminhos para que os povos tradicionais aperfeiçoem suas habilidades e traços. “As pessoas ainda têm uma visão muito estereotipada do que é o indígena. Ele se veste desse jeito; ele é desse jeito e pronto. Não pode avançar e não pode evoluir. Não existe isso. Ninguém mais vai limitar os indígenas. Aí viemos com o tema da Alfaiataria Indígena para mostrar este processo evolutivo”.

Moda é um conceito novo para o indígena, segundo Reby e Seanny. O primeiro desfile da MI Moda foi um sucesso até fora do Brasil. “Chamou a atenção mundial porque foi o primeiro a trazer diversidade étnica, qualificação da equipe e participação direta dos próprios indígenas”, avalia Reby. O segundo desfile, de menor proporção, também foi um sucesso e já mostra a tal da evolução, tão esperada por Reby e Seanny. “O desfile pocket foi todo feito em cima da alfaiataria, com assinatura de uma estilista de renome. Foi um sucesso”, lembrou Seanny Artes.

A grande novidade do pocket Desfile MI Moda, que aconteceu no começo deste mês, no último dia 3 de setembro, foi a moda de rua. A ideia de Street Wear veio da paixão das meninas pelo Kpop (pop music koreano), misturando com o cenário urbano dos rappers americanos, mas com traços indígenas, buscando se posicionar no mundo contemporâneo. “O grafismo na roupa, traçado indigena embutido nas roupas, as pontas da flecha, tudo isso vem para nos associar diretamente aos nossos ancestrais. As pontas de flecha representam a proteção no mundo indígena. Quisemos nos revelar nos trajes. Nós indígenas, trazemos os padrões grafitados na nossa pele. A MI Modas quer trazer para todos nossos grafismos nos trajes”, explicou Seanny Artes.

As peças apresentadas no pocket desfile da MI Moda Indígena foram antológicas e são um ‘esquenta’ para o próximo mega-desfile programado para o ano que vem. Mas, já deu para sentir a tendência da moda do futuro. Vamos nos vestir da ancestralidade a partir de agora!

*O Trends JC é transmitido todas às quartas e sextas-feiras. As lives são transmitidas nos canais do JCAM Streaming (portal www.jcam.com.br e redes sociais do Jornal do Commercio). Para assistir esta entrevista na íntegra e outras grandes entrevistas, acesse o conteúdo.

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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