A resposta mais dura veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). “Não estou acusando o presidente Lula de desejar isso porque, se o acusasse, teria de propor seu impeachment. Estou dizendo que existe esse risco no ar”.
A tese de mais um mandato de Lula dominou discursos, plenárias e conversas do terceiro congresso nacional do partido, que ocorre simultaneamente à 9ª convenção da sigla, em Brasília. O senador Sérgio Guerra (PE) substituirá o também senador Tasso Jereissati (CE) no comando do PSDB para um mandato de dois anos.
Em discurso que encerrou o primeiro dia do congresso, Fernando Henrique foi ovacionado por cerca de mil militantes ao afirmar que o partido não poderá aceitar “recuo nenhum aos princípios democráticos”.
FHC demonstrou desconforto ao falar sobre a reeleição, que o favoreceu em 1998. Disse que o fez porque o mandato de quatro anos era curto e que havia lacunas constitucionais.
Também rechaçou a possibilidade de se realizar um plebiscito no país, que, diz ele, só deve ser avocado em caso de temas que suscitem debates amplos.
O tucano cobrou que o pre-sidente Lula se posicione com firmeza sobre o tema. “É preciso que o presidente Lula aja com menos leguleios ao companheiro da Venezuela. Espero que diga com clareza: eu sou contra. Até porque ele foi contra a reeleição em 1997.”
Em entrevista, o governador José Serra (SP) também citou o terceiro mandato: “Faz parte da lógica de setores do PT, não acredito em um movimento organizado, não vejo que seja todo mundo. São análises mais baseadas na lógica de um partido de natureza diferente do ponto de vista de organização”.
O governador Aécio Neves (MG) completou. “Isso não ser-ve ao país e não acredito que se criem condições para tanto. É preciso, como disse o FHC, que o Lula se manifeste com mais clareza”. Derrotado por Lula em 2006, o ex-governador Geraldo Alckmin (SP) falou do assunto. “Essa é uma tentativa golpista, na surdina, para ter mandatos intermináveis”.