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Tecnologia 5G traz desafios ao ambiente industrial

A automatização na indústria que caminha a passos lentos vai demandar de um suporte bem delineado para garantir que os negócios e as atividades acompanhem a um novo ambiente de conectividade. Com a aprovação do PLC (Projeto de Lei Complementar) do Executivo Municipal, que regulamenta a tecnologia 5G, surgem também os desafios para o ambiente industrial.

Especialistas ouvidos pelo Jornal do Commercio, analisaram as atividades dentro desse cenário e as oportunidades de investimentos com a chegada da rede 5G no estado. 

Para o  coordenador da Cdai (Comissão de Desenvolvimento, Automação e Inovação) e subcoordenador do CTI (Coordenação de Tecnologia e Inovação), do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Paulo Xavier, a internet  5G sem dúvidas será um divisor de águas, mas a região ainda não está preparada para recebê-la.

“O prefeito muito provavelmente irá sancionar o projeto de Lei, mas terá que ter como contrapartida o compromisso da empresa que ganhou a concessão de fazer os investimentos necessários para entregar um serviço de qualidade e infelizmente o que vimos nas movimentações passadas para o 3G e 4G não foi isso. Nem investimentos e nem qualidade de serviços”, comentou. 

Caso  a tecnologia 5G esteja 100% instalada com certeza será uma aliada de uma nova realidade na era digital. “Mas como não é novidade pra ninguém a indústria não está preparada e deverá ter uma corrida dos dirigentes das indústrias para conseguir recursos financeiros associados a rede de ensino a colocar no mercado profissionais capacitados para cobrir o “GAP” que temos hoje na região como você mesmo citou, o maior desafio que passamos  hoje sem dúvidas são as incertezas da economia com alguns pontos bem complicados no momento de ter uma definição que não ajuda nesse processo ao longo deste ano”. 

Entre os pontos citados por ele estão a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, nova onda da Covid na China, travando a economia,  principalmente dos Portos, o câmbio considerando a situação econômica mundial e a eleição presidencial no Brasil. “São fatores que influenciam diretamente na Indústria e por consequência esse processo todo de automação e era digital com a modernização da indústria”. 

Demanda por mão de obra qualificada

A oportunidade de empregos e negócios dentro dessa conectividade demandará ainda mais por profissionais especializados. Em matéria divulgada no Jornal do Commercio, Paulo Xavier destacou que apesar da tendência no processo de automação para acelerar a produtividade, a realidade da indústria é bem diferente. “Tendência a indústria já tinha conhecimento há pelo menos três a quatro anos. Agora implementar já depende de dois principais fatores: recurso financeiro e cultura digital. Esta última, se não está no comando da empresa, no planejamento estratégico, seguirá em passos lentos. Precisamos ter um  “Choque” de gestão”. 

Segundo Paulo, infelizmente nem todos os líderes e nem todos os funcionários estão preparados para esse novo momento. Somente em Manaus existem  mais 500 vagas de empregos em aberto na área de tecnologia que não consegue ser preenchidas por falta de profissional qualificado “As universidades e institutos de tecnologia não estão conseguindo formar pessoas para suprir essa demanda. Estamos com um GAP de capacitação e formação gigantesco que se o Ministério da Educação não fizer nada a respeito iremos continuar com esse cenário por muitos anos. Estamos atrasados no mínimo uns 20 anos nesse processo de capacitação”, pontuou.

Investimento

Para tentar diminuir essa carência de mão de obra especializada, a FPFtech – Fundação Desembargador Paulo Feitoza está preparada para contribuir para alavancar a tecnologia no PIM. 

Para o Roberto Garcia, diretor de Projetos e Desenvolvimento de Negócios da FPFtech, a transformação digital 5G promete muitos benefícios, porém, é preciso vencer desafios.

Com a chegada do 5G, o PIM (Polo Industrial de Manaus) terá a oportunidade de acelerar ainda mais o processo de inovação tecnológica, além de fomentar e consolidar o processo da implantação da Indústria 4.0, elevar a competitividade, economia local e acelerar a ZFM (Zona Franca de Manaus  para a Quarta Revolução Industrial, gerando maior competitividade e expansão das tecnologias de informação e comunicação para diversas áreas, incluindo a agroindústria e a bioeconomia. 

Uma das missões atuais da Fundação é a de preparar o ecossistema regional para as novas possibilidades que as redes 5G trarão para a indústria. “Para se ter uma ideia, as redes 5G funcionam como um habilitador da automação, robotização móvel, veículos autônomos, realidade aumentada, computação a bordo, aprendizado de máquina, gêmeo digital e outras aplicações. As possibilidades são as mais variadas possíveis e a FPFtech está apta para ajudar as empresas a se adaptarem a essa nova realidade, pois, junto com os nossos parceiros tecnológicos, estamos preparados a dar um suporte diferenciado aos nossos clientes no processo de transformação digital para esse novo ambiente industrial que a tecnologia 5G trará com a sua consolidação”, ressalta.

Para isso, a FPFtech há anos vem se preparando e montando planos de transição para fomentar esse processo de transformação digital, destacando os principais desafios que a indústria local terá que vencer para garantir a competitividade no mercado. “A FPFtech vem acompanhando muito de perto todo o processo de transição das indústrias locais, que em sua maioria, não estão sequer preparadas para se conectar às redes convencionais. Além disso, temos promovido discussões e avaliações em grupos multidisciplinares para ajudar a direcionar qual é a melhor configuração do 5G, privativo ou não. Contudo, ainda não temos demandas específicas sobre esse assunto, mas temos profissionais preparados para atendê-la, pois esse também é um tema da nossa grade de capacitação para a Indústria 4.0 e temos procurado fazer parcerias com as grandes empresas de telecom, que são especialistas nesta área”, Garcia finaliza.

Proposta

O PLC do Executivo Municipal, que regulamenta a tecnologia 5G, foi aprovado por durante a sessão plenária na CMM (Câmara Municipal de Manaus).

A matéria, que tramitou em regime de urgência, com o número 002/2022, prevê o procedimento para instalação de infraestrutura de suporte para a Estação RadioBase (ERB) autorizados e homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

As antenas da rede 5G serão acopladas às antenas de 4G, que por sua vez, devem ser adaptadas para funcionar em paralelo à nova infraestrutura de conexões enquanto os dois sistemas coexistirem. Enquanto a média da velocidade do 4G no Brasil é de 19,8 Mbps (megabits por segundo), o 5G pode chegar a até 10 Gbps (gigabits por segundo). Ou seja, 100 vezes mais rápido do que o 4G.

BOX

O 5G é a quinta geração de redes móveis e de internet, cuja velocidade chega a ser centenas de vezes superior à atual quarta geração. Com sua implantação, a expectativa é que sejam abertas inúmeras possibilidades em áreas, tais como, inteligência artificial, processamento de dados, realidade aumentada, big data, entre outras. Em relação ao meio industrial, a conexão 5G permitirá a troca de informações de uma forma muito rápida e assertiva dentro do ambiente 4.0.

De acordo com projeções do IDC, até 2025, essa tecnologia deve movimentar no Brasil cerca de R$ 130 bilhões. A nova geração de internet móvel promete revolucionar a sociedade elevando o padrão de velocidade e conectividade para empresas e consumidores, e o setor industrial será fortemente impactado pelas transformações, por tornar as fábricas mais inteligentes, aumentando os níveis de produtividade e reduzindo os custos de produção. 

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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