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Take Video resiste com DVDs e Blue Rays em meio a tsunami tecnológico

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Quem viveu viu o ‘rebuliço’ que os videocassetes causaram quando surgiram em Manaus, no início da década de 1980. Todo mundo queria ter um aparelho em casa. Preconizou-se mesmo o fim das salas de cinema, afinal, com o videocassete em casa, quem ainda iria querer sair para ir a cinema, enfrentar filas e pagar pipoca e refrigerantes caros?

Surgiu até um rentável segmento no comércio. As locadoras. Elas poderiam ser montadas na sala de casa. Bastavam apenas algumas prateleiras e as fitas VHS e o novo empreendimento estava pronto para funcionar. Não havia bairro em Manaus que não tivesse mais de uma locadora.

Quem ganhou muito com a venda dos aparelhos da moda foi o turismo doméstico de Manaus. Praticamente todas as lojas que vendiam eletro-eletrônicos nas principais ruas do centro da cidade, as lojas da Zona Franca, tinham os videocassetes em suas prateleiras e era comum ver dezenas de turistas brasileiros com um ou mais aparelhos pelas ruas do centro.

O videocassete, e as locadoras, reinaram absolutos por quase 20 anos na capital manauara.

“Quando eu comprei a Take Vídeo, em 1995, a loja tinha 1.200 fitas de VHS. Umas 300 eram piratas e eu me desfiz destas”, contou Overland de Melo Cruz, proprietário da locadora.

“Comprei porque eu e minha família gostávamos muito de ver filmes. Seria unir o útil ao agradável. Era um bom empreendimento”, falou.

Em 2000 surgiu o DVD para substituir a fita VHS.

Surgem os piratas

“Muita gente acha que a mudança do VHS para o DVD ‘matou’ as locadoras. Ao contrário. Os negócios ficaram ainda melhores por uma série de fatores. As fitas VHS ou eram dubladas, ou legendadas. De um filme você tinha que ter duas fitas, para satisfazer a todos os teus clientes. O DVD, além de legendado, podia-se escolher o idioma no qual se queria ver o filme”, explicou. “Sem falar que a qualidade da imagem e do som eram muito melhores e com o tamanho menor do disco em relação à fita, se ganhava bem mais espaço na loja”, completou.

“Para se ter idéia de como o DVD suplantou o VHS em pouco tempo, eu passei a ter dificuldade para atender a tantos clientes que começaram a vir à loja. Cheguei a funcionar 24h ininterruptas”, lembrou.

Mas tudo que é bom dura pouco. Em 2004 começaram a surgir os DVD’s piratas.

“As fitas de VHS também eram pirateadas, mas somente por alguns proprietários de locadoras, pela dificuldade em reproduzi-las. Tinha que deixar o filme rodar inteiro e gravar fita por fita, sem falar no tamanho delas, que também atrapalhava”, detalhou.

“Com o DVD foi diferente. Surgiram máquinas que reproduziam vários discos de uma vez só e os donos dessas máquinas, os ‘tubarões’, começaram a abastecer os ‘piratas’ postados em todas as esquinas da cidade”, lamentou.           

No começo os DVD’s piratas eram vendidos a R$ 10, o mesmo preço cobrado pelas locadoras mas, com a alta demanda, logo baixaram para R$ 5. Hoje são encontrados até por R$ 2.

“É lamentável mas, saiu governo e entrou governo, e nunca nenhum governante adotou uma política de combate a esse tipo de pirataria. Sempre trataram o ‘pirata’ como um coitadinho que precisava daquele trabalho para sobreviver, enquanto as locadoras, que pagavam impostos e mantinham funcionários, começaram a fechar, uma após outra. Os poderosos ‘tubarões’ nunca foram tocados e atuam até hoje”, lamentou.

Golpe de misericórdia

Após 2004, em poucos anos as vídeo locadoras passaram a integrar a lista dos comércios que, um dia existiram, mas foram engolidos pela modernidade. Curiosamente a Take Vídeo é a única a se manter de portas abertas.

“Posso garantir que sou a única locadora ainda aberta, em Manaus, porque a distribuidora de DVD’s diz que eu sou seu único comprador. Existem alguns motivos para isso. Cheguei a ter uma carteira com 37 mil clientes e muitos destes clientes ainda se mantém fiéis em ver filmes em DVD. Também tenho um catálogo com 36 mil DVD’s e Blue Rays. Tenho vários clientes que fazem questão de ver um filme com a qualidade superior de um Blue Ray”, informou.

Mas Overland sabe que sua luta é inglória e, ele não sabe até quando, mas tem certeza que os dias da Take Video estão contados.

“Antes existia uma coisa que se chamava ‘janela’, nesse segmento de distribuição de filmes. O filme era lançado no cinema, levava um tempo para ser lançado nas locadoras, depois na TVs paga e finalmente nas TVs abertas. Esse tempo é o que se chamava de ‘janela’, ou seja, as locadoras tinham uma exclusividade de tempo para exibir os filmes”, falou.

“Mas agora as distribuidoras, depois do cinema, passam os filmes diretamente para as TVs pagas, onde ganham mais, pulando as locadoras. Esse está sendo o golpe de misericórdia nas locadoras. Enquanto tivermos clientes, manteremos nossas portas abertas. Mas até quando?”, indagou.

Conheça antes que acabe

O quê: Take Video Locadora

Onde: Rua Ivanete Machado, 560 – Parque Dez (quase em frente ao Bradesco)

Funcionamento: De segunda a sábado, em horário comercial

Informações: 9 8269-1596 e 9 9306-0195           

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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