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Solução veio tarde e prejuízo é grande

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Desafiando uma decisão judicial, a greve dos trabalhadores do serviço de transporte público em Manaus chegou ao sétimo dia e foi encerrada na tarde de segunda-feira (4), após a categoria assinar um acordo com o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas) intermediado pelo MPT-AM (Ministério Público do Trabalho) e PGM (Procuradoria-Geral do município) para o reajuste de 5,5% nos salários (a ser pago em agosto) e o pagamento do dissídio de 2% de 2017 e 3,5% de 2018. No desenrolar da greve a falta de transporte coletivo fez com que novos condutores fossem para a pista disputar passageiros e complementar a renda, ao mesmo tempo em que o comércio se ressentia por perdas causadas pelos funcionários faltosos.

Segundo a CDLM (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus), a greve fez cair ainda mais o movimento já reduzido por conta do feriado de Corpus Christi na última quinta-feira (31) e piorado na segunda, com algumas principais vias de ligação da cidade fechadas para o trânsito, o que pode levar a demissões no setor.

Com muitos “enforcando” a sexta, alongando o feriado, uma segunda-feira de pouco movimento foi desastrosa para o comércio da área central, disse o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Amazonas) Ismael Bicharra. “A greve acende sim o sinal de demissões, principalmente no comércio do Centro da cidade. Este deveria ter sido um bom final de semana, com pagamento do funcionalismo público, mas o público do Centro, a classe C e D fica temerosa de sair de casa e não se sente disposta a pagar caro por transporte”, conta.

“Trabalhadores do comércio já reclamaram de que os custos com transporte ultrapassaram as diárias. Alguns chegaram a desembolsar R$ 45 para ir e vir ao trabalho. A greve do transporte coletivo traz risco de demissões ao comércio, pois o empregador não aguenta arcar com custo de transportar os trabalhadores”, afirma Bicharra.

Segundo o representante do comércio, o que se vê em Manaus é uma exceção ao bom andamento do resto do país. “Sete dias de greve no transporte público e a semana inicia com cenas de vandalismo. Tudo isso piora o que começou na crise dos combustíveis e no golpe contra a indústria de concentrados do PIM. Isso é um a crise institucional que vai afugentar os investidores da cidade”, lamentou.

Renda extra

Correndo atrás de uma renda extra o professor de música Urias Potiguara Borges estendeu os serviços de motorista por aplicativo e corridas compartilhadas, que até então fazia a noite, para todo o dia. “Comecei com o serviço na mesma época em que iniciou a greve dos caminhoneiros e foram dias movimentados, ninguém queria faltar ao trabalho e a noite muitos não abrem mão da diversão”, disse.

“O último fim de semana foi maior, começando na quinta-feira, e coincidiu com a paralisação em 100% da frota de ônibus. As corridas compartilhadas foram as mais procuradas e precisei indicar outros motoristas durante esses dias. A noite as corridas compartilhadas garantem a renda por ser mais barato transportar três ou quatro pessoas para o mesmo destino”, encerra.

Negociações não rodaram a catraca

O impasse que cada vez mais toma contornos políticos e a intransigência entre PMM (Prefeitura Municipal de Manaus), Sinetram e STTRM (Sindicato dos Rodoviários de Manaus) causou a paralisação de algumas linhas na zona Leste, culminando com a depredação de coletivos e prisões de manifestantes (saiba mais na matéria abaixo).

O presidente do STTRM Givancir Oliveira afirmou na manhã de segunda, enquanto coletivos eram depredados na zona Leste, que poderia dar fim a paralisação se houvesse um aceno da PMM de que não ocorreria demissões. Oliveira usou como argumento para a manutenção da greve uma declaração do prefeito Arthur Neto que pedia que as empresas de ônibus cortassem custos e um anúncio do Sinetram publicado na última terça-feira (29) que recrutava motoristas e cobradores, o que foi interpretado pelo sindicalista como sinais para iniciar as demissões entre a categoria.

Na manhã da segunda-feira a presidente do TRT-11 (Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região), desembargadora Eleonora de Souza Saunier, recebeu o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto para discutirem a greve dos rodoviários. Na ocasião, a presidente do Regional ressaltou que todas as medidas intentadas pelo Sinetram foram objeto de decisões imediatas pelo Tribunal.

Na decisão proferida na última-sexta-feira (1º), no processo de DCG (Dissídio Coletivo de Greve) 0000203-04.2018.5.11.0000, pela desembargadora plantonista Maria de Fátima Neves Lopes, a multa antes fixada em R$ 200 mil foi majorada para R$ 300 mil por hora de paralisação. Além disso, foi determinado o bloqueio imediato de mais R$ 20 mil por dia de descumprimento de ordem judicial. Em decisão anterior, o Tribunal já havia determinado o bloqueio de R$ 90 mil das contas do sindicato dos rodoviários.

No sábado (2), o juiz plantonista Gerfran Carneiro Moreira proferiu decisão, em ação de interdito proibitório ajuizado pelo Sinetram, impondo multa de R$ 50 mil caso o sindicato dos rodoviários obstruísse o acesso e a saída de ônibus das garagens das empresas. A presidente do TRT-11 ressaltou, ainda, que o MPF (Ministério Público Federal) e que a Polícia Federal foram oficiados, no dia 29 de maio, para o cumprimento das medidas que entender cabíveis face ao descumprimento de ordem judicial.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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