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Síndrome da brasilidade amazônica

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As manifestações de boas vindas ao amazonense Alfredo Meneses, por conta de sua assunção ao cargo de Superintendente da Suframa, na semana que passou, se prestam a múltiplas interpretações, todas elas prenhes de otimismo e positividade. Entusiasmo de parte a parte, através das redes sociais, fez aflorar o sentimento de estarmos vestindo a mesma camisa, aquilo que nos enche da energia que  transforma e da esperança que nos iguala e define. Afinal, este país e nossa região precisamos todos, de sair do discurso da mudança e efetivar a construção de novos paradigmas, em nome da Lei, sem nos tornarmos reféns do legalismo estéril.

Vamos começar pelo resgate pleno da autonomia financeira e administrativa da Suframa, esvaziada de seus poderes legais e de recursos de investimentos. Seu Conselho Administrativo é o lugar da substituição do prometer para o fazer. Ninguém precisa ir a Brasília pedir permissão para cumprir a Lei. A Suframa não deve satisfação a ninguém, com exceção da autoridade que  o escolheu e nomeou e ao povo que nele confiou, PPBs dependendo de Brasília nunca mais! Assim, ninguém será acusado de omissão diante dos expedientes legais de competência da autarquia indutora de investimentos. E com autonomia, sem salamaleques nem alardes, podemos recuperar a movimentação para inserir a economia do Amazonas e da Zona Franca de Manaus no sumário de uma política industrial, de inovação, ciência, tecnologia e socioambiental do Brasil.

Na semana passada, uma reportagem do Valor Econômico, da jornalista Daniela Chiaretti, apontou as alternativas mais coerentes para desenvolvimento com baixa emissão de carbono – “Amazônia, muito além do kilowatt hora” – sem desmatamento predatório, nem priorização das pastagens do agronegócio. Foi assim que empinamos a ZFM em 52 anos, uma escolha que não escapou da acolhida da União Europeia e dos aplausos da Organização Mundial do Comércio. Para este modelo de desenvolvimento, o Agronegócio, e suas receitas milionárias no Centro-Oeste, teria os campos gerais de Humaitá, afinal, ali temos 16% do território do Amazonas só de campinas, uma vegetação rasteira. Os 20% que a Lei nos permite utilizar de nosso território independe dessa ocupação. Ali ninguém derrubou uma árvore. Nem é por aí que vamos seguir.

Nossa vocação não é pastagem, é exploração inteligente e sem remoção da biodiversidade. É a Amazônia 4.0, que sugere o aprimoramento do conhecimento da Amazônia, segundo o biólogo Ismael Nobre, uma floresta permeada de tecnologia de ponta. Flávio Henrique da Silva, da Federal de São Carlos, descobriu no Lago Poraquê, Amazonas, uma enzima que transforma celulose em açúcar. Isso implica no aumento de 50% de etanol para a mesma quantidade de cana-de-açúcar. Na Ufam, Universidade Federal do Amazonas, a cientista Thays Obando, descobriu na mandíbula da formiga Tucandeira, um grampo de sutura cirúrgica inspirado nas fibras daquela espécie. Peles humanas fabricadas a partir de células de borracha, que resolve os dramas dos queimados. São exemplos dos negócios milionários da floresta.Nos escaninhos do INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, estão adormecidos verdadeiros ovos de Colombo para revolucionar a Bioeconomia. Ou seja, inovação na floresta, sem emissão de carbono, significa sair da armadilha predatória e tirar o Brasil do buraco de atrasos seculares .

Ciências Naturais em interface com Ciências Humanas, dizem os Nobre, Ismael, Carlos e Antônio, significa em 10 anos – com cem produtos da Biodiversidade – dobrar a receita da pecuária e empurrar o Brasil para a galeria das nações civilizadas. Sem bairrismo nem ingenuidade, resta-nos deixar-se levar pela Síndrome da brasilidade amazônica, arregaçar as mangas e mãos à obra!!!

*Alfredo é filósofo e ensaísta

Alfredo Lopes

Escritor, consultor do CIEAM e editor-geral do portal BrasilAmazoniaAgora
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