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Serviços do Amazonas desaceleram em fevereiro, mês de repique da inflação, segundo IBGE

Os serviços do Amazonas voltaram a oscilar em fevereiro. Depois de atravessar dois meses de altas, o setor encolheu 0,7% na variação mensal. O tombo veio também após o setor ter atingido seu melhor resultado dos últimos 15 meses (+10,9%), em janeiro. A comparação com igual intervalo de 2023 mostrou uma escalada de 9%, após o acréscimo ainda mais vitaminado anterior (+10,9%). O Estado seguiu a média brasileira (-0,9% e +2,5%, respectivamente), que foi puxada para baixo por quase todos os segmentos, com exceção dos serviços prestados às famílias (hospedagem e alimentação).

As empresas do Amazonas já acumulam elevação de 10% no bimestre e conseguiram sair da semi estagnação no aglutinado dos últimos 12 meses (+1,8%). Em todo o país, os serviços pontuaram altas de 3,3% e 2,2% e disseminadas em todas as atividades – com destaque para informação e comunicação. Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), do IBGE. O indicador ficou 11,6% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 1,9% abaixo do pico da série histórica (dezembro de 2022).

Diante dos números brasileiros, a CNC revisou para baixo suas projeções para o setor. Em comunicado à imprensa, a Confederação Nacional de Bens, Serviços de Turismo) diminuiu as apostas para os serviços em 2024, corrigindo a projeção de alta de 2,1% para 1,9%. Mas manteve suas apostas para atividade de turismo (+2,2%). A entidade avalia que a desaceleração se deve a um “contexto pontual” de aumento de preços para os serviços, que subiram 1,6% no mesmo mês – o maio índice em 12 meses.

O IBGE, por sua vez, confirma que a variação mensal do IPCA praticamente dobrou de tamanho entre janeiro (+0,42%) e fevereiro (+0,83%). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística, o repique da inflação oficial foi alimentado principalmente pelos preços dos grupos que têm as atividades de serviços como o seu motor principal, a exemplo de educação (+4,98%), transportes (+0,72%), comunicação (+1,56%) e, em menor grau, habitação (+0,27%). A alimentação fora do lar também acelerou e ficou 0,49% mais cara.  

Vale destacar que, apesar das oscilações, os serviços ainda são os maiores empregadores do Estado e continuam contratando. Dados do Novo Caged informam que, em fevereiro, o setor gerou 1.964 vagas formais no Amazonas e avançou 0,82% nos estoques, em dado mais de duas vezes maior do que o de janeiro (+730). O grupo que reúne informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+940) impulsionou as contratações, assim, como a administração pública (+591). No bimestre, o saldo já está positivo 2.694 postos de trabalho (+1,13%).

Estados e atividades

Com a queda de 0,7% no volume de serviços perante janeiro, o Amazonas desabou da primeira para a 13ª posição do ranking do IBGE, em meio a 14 resultados negativos e uma estabilidade. O melhor resultado veio de Tocantins (+11,4%) e o pior, de Mato Grosso (-2,7%). Em relação ao mesmo mês do ano passado, o Estado (+9%) desceu da terceira para a quarta colocação, em um rol encabeçado pelo Acre (+19,5%) e encerrado pelo Mato Grosso (-8,8%). Em contraste, no acumulado do ano (+10%) os serviços amazonenses decolaram da penúltima para a segunda colocação, empatando com a Paraíba.

O IPCA mais elevado de fevereiro (+0,82%) ampliou o descolamento da receita nominal em relação ao volume de serviços do Amazonas. A variação mensal do faturamento do setor a preços correntes caiu com mais força ainda (-4,1%), diluindo quase metade do ganho do mês anterior (+10%). Já a comparação com fevereiro de 2023 mostrou uma decolagem de 15,75%, fortalecendo os acumulados do ano (+16,7%) e dos 12 meses (+6,4%). A média nacional (-1,7%, +6,8%, +7,6% e +5,9%) também avançou em quase todas as frentes.

O IBGE-AM reforça que, em virtude do tamanho da amostragem, a pesquisa no Amazonas ainda não apresenta os dados desagregados por segmentos. No âmbito nacional, o retrocesso mensal veio de quatro das cinco atividades investigadas mensalmente: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9); informação e comunicação (-1,5%); transportes (-0,9%); e “outros serviços” (-0,9%). O único dado positivo veio dos serviços prestados às famílias (+0,4%). Correndo por fora, as atividades turísticas caíram 0,8%, repetindo a performance anterior.

“Mola propulsora”

O chefe de disseminação de informações do IBGE-AM, Luan da Silva Rezende, ressalta que a “pequena queda” experimentada pelos serviços do Amazonas veio após “duas boas subidas”, e foi uma tendência para mais da metade das unidades federativas do Brasil. Também avalia que os próximos meses sinalizam boas notícias para o setor. “A média móvel trimestral do volume de venda de serviços continua em alta, o que fortalece a expectativa de números melhores para as próximas divulgações”.

A ex-vice-presidente do Corecon-AM e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, ressalta que os serviços são uma “mola propulsora” da economia, além de constituírem um elo entre os demais setores e o consumidor. Na análise da economista, o aquecimento do mercado de trabalho ajudou a impulsionar o crescimento dos meses anteriores, mas o dado de fevereiro já refletiria uma acomodação.

“Para os analistas de mercado que esperavam um aumento de 0,2%, o tombo causou espanto e provocou revisão para baixo para os próximos meses e uma certa preocupação com o resultado do PIB. Para os próximos meses acreditamos em uma recuperação modesta, mas abaixo da estimativa de crescimento do setor para 2024 o que contribuirá para manter a taxa de inflação sob controle”,  avaliou.

“Começo frágil”

O presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, concorda. “Esse ano começou mais frágil e com sinais de irregularidade, não obstante os prognósticos positivos em decorrência de nossa saída da vazante histórica. Em um exame mais profundo, podemos atrelar isso ao problema do consumo, porque as famílias ainda apresentam um índice de inadimplência muito alto. Todos os sinais apontam para um crescimento muito menor em 2024, e temos uma preocupação na estiagem, que esperamos não vir na intensidade prevista. Mas, a gente espera que haja uma retomada da economia ao longo do ano.”, ponderou.

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, reforça que a queda foi influenciada pelo repique inflacionário de fevereiro, acrescentando que o setor precisa da continuidade de medidas de apoio à atividade econômica. “Se a macroeconomia seguir no ritmo esperado, com quedas constantes das taxas de juros e inflação dentro da meta estipulada, 2024 tende a ser um ano positivo para os consumidores e, consequentemente, para os serviços”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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