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Sequestro de carbono enfrenta falta de caixa

Visto como um dos principais meios de contenção do aquecimento global, projetos de sequestro de CO2 (dióxido de carbono) ganham corpo nos laboratórios de universidades brasileiras, mas ainda enfrentam ausência de “feedback” do poder público e de investimentos privados.
Sabe-se que há no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo menos 39 projetos de pesquisa em andamento em 18 instituições brasileiras, com desenvolvimento de novos mecanismos para o sequestro de carbono.
Ainda não há, porém, aplicação em larga escala de tecnologia criada nas universidades. Os mecanismos são testados com sucesso nos laboratórios, mas para escalas maiores é preciso muito mais dinheiro.
No momento, os projetos mais promissores vêm da Petrobras, que passou a financiar, há três anos, a Rede Temática de Sequestro de Carbono e Mudanças Climáticas. Um centro de excelência na área foi criado no Rio Grande do Sul a partir dos recursos da estatal.
Apesar de os investimentos serem uma obrigação contratual decorrente da exploração do petróleo, a estatal é de longe a que mais financia pesquisas e informa já ter investido R$ 30 milhões.
A cientista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ofélia Araújo, que desenvolve mecanismos de captura de CO2 por microalgas, diz que o caminho para mais investimento privado em pesquisas passa por endurecimento da legislação ambiental.
Outra tentativa veio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ao lançar em 2008 edital baseado em renúncia fiscal para empresas. Segundo Ofélia, “pouquíssimas” aderiram.
“O que precisa ser mudado é a mentalidade empresariall. Só a Petrobras tem essa mentalidade de pesquisa. Outras querem, mas não muito. Elas precisam entrar com mais vontade, e isso vai decorrer de exigência do governo”, frisou.

Marco regulatório

Outro ponto é levantado pelo gestor da Rede Temática de Sequestro de Carbono, Marco Ziliotto. A viabilidade do processo de sequestro de CO2 dependeria de marco regulatório para o processo de armazenamento.
Sabe-se que aquíferos salinos, no fundo dos oceanos, são um dos meios possíveis de armazenamento. Mas, ninguém pode enterrar carbono no subsolo porque não há legislação específica para isso.
Uma regulação resolveria problemas que vão desde parâmetros de segurança até os royalties a serem pagos aos territórios afetados. A Austrália já tem legislação a respeito.
“Como é um processo muito caro, ninguém quer ser obrigado a fazer. Se eu for obrigado, eu quero que as regras estejam claras e que eu possa até tirar um benefício disso”, afirmou Marco Ziliotto, sugerindo a conversão do armazenamento em créditos de carbono.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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