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Sangue jovem das mil artes

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Difícil definir a arte do paranaense Cesar Young Blood, tamanha a diversidade de obras que ele cria com qualquer objeto ou material que possa moldar, e ele ainda brinca. “Só não faço tricô e crochê”.
A história de Young Blood é interessante. Ele se parece com um americano e, de certa forma, é americano. “Minha mãe veio para o Brasil, de New Jersey, nos Estados Unidos, grávida, e eu nasci aqui. Meu avô era agente da CIA e veio para o Brasil, em 1964, a convite dos militares, mas isso é uma outra história”, brincou.
O artista Young Blood surgiu ainda criança. “Enquanto os outros meninos pediam carrinhos para seus pais, eu mesmo fazia os meus, com pedaços de madeira e o que mais aparecesse. Até controle remoto eu construía. Ligava uns fios e o carrinho saia andando”, recordou.
Ainda no Paraná, se formou em desenho arquitetônico e psicólogo, mas o artista continuava ativo.
“Tive a oportunidade de cursar as duas faculdades, e aproveitei: a de desenho arquitetônico para aprimorar os meus conhecimentos das artes e a de psicologia para entender mais o ser humano”, contou.
Em 2006, Cesar Young Blood veio passear em Manaus, viu que era fácil ganhar dinheiro na cidade com as artes que fazia, e resolveu ficar.
“Na realidade eu tinha vindo para Porto Velho, onde também ganhei dinheiro mas, ao vir para cá, vi que aqui dava para se ganhar mais e então resolvi ficar”, falou.
Avesso à riqueza e ao luxo, Cesar Young Blood mora numa pequena casa com a esposa amazonense, no Parque das Laranjeiras e, num espaço menor ainda, produz sua arte.

Pneus, paletes, pets, isopor e outros

“Diria que eu sou um escultor, pois transformo qualquer coisa em qualquer outra coisa”, tentou se autoexplicar. Com uma criatividade acima do normal, Young Blood transforma grosseiros pneus em delicadas cadeiras, mesas, balanços, vasos, descansadores de pés, entre outros objetos, e nos mais variados modelos.
Com paletes os objetos são infinitos. “Posso fazer qualquer móvel. Adquiro as peças selecionadas de paletes e faço cadeiras, mesas, estantes, camas. Fiz uma cama cujos pés eram pneus”. Sentado num sofá de palete, Young Blood falou de outro móvel que está fazendo. “É uma parede inteira de palete, formando uma estante”.
A criatividade com os pets é a mesma. “Dá pra fazer o que você quiser”, garantiu. Além de pequenas peças de decoração confeccionadas com as garrafas plásticas, o artista tem montado obras gigantescas. “Já fiz uma árvore de Natal e um Papai Noel gigantes, mas dá pra fazer qualquer outra peça”, assegurou. Falando em Papai Noel, Cesar Young Blood, com suas barbas brancas naturais, desempenha o seu lado ator no papel do bom velhinho há 20 anos. Há dois ele é o Papai Noel oficial do shopping ViaNorte. Também como Papai Noel, o artista dá razão ao sobrenome Young Blood (sangue jovem). Sempre de bem com a vida, gosta de praticar boas ações nos bairros carentes de Manaus. No Natal ele arrecada brinquedos e os distribui para as crianças. “Mas prefiro não fazer propaganda dessas boas ações”.
E o Carnaval também não escapa da criatividade de Young Blood.
“Faço fantasias e alegorias para duas escolas de samba pequenas aqui do bairro, mas se alguma grande estiver interessada, posso mostrar o meu trabalho. O isopor, também, é excelente para ser transformado em algo útil”, esclareceu.

Especialista em objetos para efeitos especiais

Mas os trabalhos que, talvez, Young Blood mais goste de fazer sejam os que envolvem o cinema. Sem também nunca ter participado de um curso sobre a sétima arte, ele cria efeitos especiais, além de fazer maquiagens super bem acabadas de pessoas envelhecidas ou acidentadas. “Parece que não, mas tem muita gente fazendo cinema aqui em Manaus. E gente daqui mesmo, produzindo cinema doméstico. Só no ano passado trabalhei em dez produções e esse ano já estou trabalhando em outras”, adiantou. Num dos filmes que Young Blood está literalmente ‘fazendo arte’ atualmente ele irá fazer um carro explodir e depois, corpos dilacerados de pessoas ficarão espalhados pela rua. Quem vê o resultado de suas maquiagens não acredita que aqueles braços arrancados, corpos rasgados e cabeças decepadas não são verdadeiros. “Quem vê e não sabe, se desespera. E ainda faço direção de arte, iluminação, cenografia, próteses…”, listou.
O próximo passo de Young Blood é passar adiante o que sabe fazer. “Estou pensando em organizar cursos de arte para ensinar às pessoas tudo o que sei fazer, afinal de contas, se nasci com esse dom, nada mais justo que ensiná-lo a quem não sabe e quer aprendê-lo”.
Antes de acabar a matéria, ainda tem um algo mais que Cesar Young Blood ama praticar: o motociclismo. “Sou presidente do grupo de motociclistas Vira Mundo. Apesar de nosso uniforme ser uma jaqueta preta, somos do bem e quem entrar para o nosso grupo tem que querer praticar o bem. E estamos abertos a receber interessados. Basta me ligar: (92) 9 9191-6499 e 9 8173-9490”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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