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Rio Negro atingiu a marca 29,65 metros. Projeção é de estabilização

O rio Negro superou as projeções anunciadas pelo SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil) e atingiu a marca 29,65 metros, volume que era considerado a cota máxima de  cheia deste ano, divulgada no terceiro alerta de cheias do órgão. A cota atual desta sexta-feira (17) chega a 29,73 metros e representa a 4ª maior cheia de monitoramento do rio. 

Para a pesquisadora em geociência do SBG-CPRM, Luna Gripp, responsável pelo SAH (Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas), a tendência é de estabilidade no ritmo atual.   Ela enfatizou que a última previsão apresentada, sobre o alerta de cheias, indicavam o intervalo de 29,47 a 30,00 metros, com a maior probabilidade ao redor de 29,65 metros. 

“O nível do rio Negro continua subindo, embora a uma pequena velocidade de subida diária na ordem de 2 centimetros por dia chegando a ficar vários dias com o nível estabilizado o que indica um processo de estabilização que é muito comum nos fins dos movimentos de enchente. Já temos configurado hoje pelo menos a  4ª maior cheia do rio, confirmando desde os primeiros alertas que teríamos uma cheia de grandes dimensões. A gente considera um evento extremo e com todos os impactos sociais de uma inundação severa. Há vários dias atingiu a cota de 29 metros então todo processo de inundação já está delineado, diversos impactos à população, aos ribeirinhos e ao Centro da cidade, e continua trazendo toda essa série de impactos negativos”. 

Ela reitera que a última estimativa  do órgão continua valendo, ou seja, o mais provável era 29,65 metros o impacto a população é que precisa mitigar e minimizar de certa forma tentar evitar que ocorra, então a previsão é apresentada em termo de valor central e do intervalo de confiança como se fosse um alvo onde precisa focar, ao redor desse volume, mas considerando toda uma gama de possibilidades o rio atinja no máximo 30 metros. “A gente não foca no intervalo superior de previsão, a gente tem que passar informações para os tomadores de decisão para os órgãos que tomam atitudes relacionadas à minimização dos impactos à população”. 

Fazendo uma analise qualitativa, ela informou que o mesmo volume de água continua chegando tanto pelas calhas do rio Negro quanto do Solimoes, com a capacidade praticmanete estavel. As estações do Solimões que já iniciaram o processo de vazante são mais longes da região e considera um tempo no deslocamento da água que está chegando aqui. “Ao que tudo indica é que esse mesmo volume vai se manter aqui na região pelo menos nas próximas semanas. É improvável que o rio volte a subir significativamente. Não vai mudar muito esse panorama que a gente observa na região. E mesmo que o rio pare de subir ele não vai descer rapidamente. A gente espera para as próximas semanas uma estabilidade”. 

Área atingida

Nas previsões, o órgão  não considerava que volume de água atingisse parte da avenida Eduardo Ribeiro, no Centro, evento que já é observado desde o último dia 14. Na tentativa de garantir a trafegabilidade das pessoas e manter o comércio acessível em torno do relógio municipal na região central, o IMMU (Instituto Municipal de Mobilidade Urbana) interditou parte do trecho para passagem de veículo e atuará no desvio do trânsito. 

Os lojistas que atuam naquela área que concentra o Relógio Municipal já começam a sentir os impactos da cheia e pontes provisórias começaram a ser construídas nas ruas do centro como forma de evitar a evasão da população e turistas.

O titular da Defesa Civil de Manaus, coronel Francisco Maximo explica que o órgão já pensa na construção de novas pontes  em outras áreas da cidade. “O primeiro e segundo alerta já apontava para uma enchente onde chegaríamos a níveis de severidade e conseguimos executar um plano de contigência”. 

A cheia deste ano já tem causado alagação e comprometido a circulação de veículos em várias ruas do Centro da cidade. 

A interdição do tráfego vem sendo monitorada pelos agentes de trânsito do IMMU, que diariamente fazem rondas para constatar as alagações e a dificuldade de fluxo de veículos em várias localidades.

Além da interferência no trânsito, a Defesa Civil Municipal deu início a construção de pontes no Centro.   A avenida Eduardo Ribeiro vinha sendo monitorada pela equipe da Defesa Civil e já constava no cronograma de atividades do órgão.

“As águas do rio Negro ainda devem subir um pouco mais, o que vai tornar inviável o acesso a essa área do Centro, sem as passarelas. A subida do nível do rio é um fenômeno da natureza e não pode ser controlado, mas a circulação das pessoas, nas áreas inundadas, isso a prefeitura pode garantir”, observou o secretário-executivo da Defesa Civil, coronel Fernando Júnior.

Devem ser construídos, só na Eduardo Ribeiro, 200 metros de pontes e até o momento mais de 7.500 metros foram erguidos em 15 bairros já afetados pela cheia, impactando ao menos 2.800 famílias, incluindo comunidades da zona rural, que já estão sendo atendidas pela gestão municipal.

Por dentro

Em 2021, a cheia histórica no Amazonas afetou cerca de 450 mil pessoas e atingiu mais de 100 mil famílias, de acordo com a Defesa Civil.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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