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Região Norte consome menos orgânicos

A produção e o consumo de alimentos orgânicos no Norte do país ainda estão engatinhando em comparação com as demais regiões. De acordo com a CPOrg-PA (Comissão da Produção Orgânica do Pará), a região Norte é responsável por apenas 2,6% da venda de orgânicos no Brasil e é a que menos consome esse tipo de produto.
Levantamento da prefeitura de Belém indica que a agricultura orgânica concentra-se nas regiões Sudeste (60% da produção e comercialização) e Sul (25%). Na Amazônia, a produção ainda é incipiente, afirma a coordenadora da comissão, Martha Parry.
Martha atribui a pequena produção a fatores como o alto custo para a certificação dos orgânicos e a falta de capacitação técnica na região, o que inviabiliza a participação de maior número de pessoas na atividade. “A certificação de alimentos orgânicos no país é feita atualmente por 20 empresas autorizadas pelo Ministério da Agricultura. O problema é que essas empresas estão todas no Sudeste e no Sul do país, e trazê-las para o Norte implica altos custos que, se efetivados, vão encarecer o produto”, explica a coordenadora.
Apesar de considerado pelo ministério um mercado em plena expansão (o país tem 800 mil hectares de terras destinadas agropecuária orgânica), Martha ressalta que muitos itens são produzidos na região Amazônica de forma extrativista sustentável, ou seja, sem o uso de agrotóxicos. “Contudo, para serem considerados orgânicos precisam usar apenas fontes de nutrientes naturais em todo o processo de plantio e desenvolvimento. São alimentos orgânicos de fato, mas não de direito. Não é só pela ausência de agrotóxico que um alimento é considerado orgânico. Tem outros elementos envolvidos, como a saúde e o respeito ao meio ambiente”, esclarece.
“Ainda assim, o Pará e o Amazonas, maiores estados da região Norte, exportam guaraná, castanha e cacau – todos orgânicos. Em Manaus e em Belém, as comissões da Produção Orgânica promovem feiras para ajudar pequenos produtores a venderem o que cultivam. Somente quando o produtor faz a venda direta ao consumidor é que o comércio pode ocorrer sem a certificação. É o caso das feiras de orgânicos de Manaus e de Belém, feitas com relativa periodicidade”, diz Martha.
O pesquisador de genética e melhoramento do guaraná André Atroch da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade Embrapa Ocidental, destaca que a produção de alimentos orgânicos na região ainda é feita de forma fragmentada e em pequena escala. Atroch defende a rediscussão dos mecanismos de certificação para reduzir os custos e a burocracia no setor.
“A grande dificuldade na produção de alimentos orgânicos é que não existe um sistema de produção organizado em larga escala. Precisamos organizar isso desde o homem do campo até a indústria”, afirma o pesquisador.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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