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Quem manda em quem?

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Existem momentos em que se torna bastante complicado fazer uma escolha sobre o assunto a ser discutido em relação à situação política, econômica ou social deste país chamado Brasil. Na teoria segue um regime democrático onde o poder deveria emanar do povo e os poderes, os três poderes deveriam funcionar de maneira harmônica no sentido de manter todas as necessidades e os mecanismos da sociedade em andamento visando o bem deste mesmo povo.

Ao longo da história porém e com maior velocidade na história recente, o que estamos assistindo a cada instante, por vezes de forma assustadora outras vezes simplesmente sem querer acreditar como verossímil, é uma sequência de absurdos que deturpam completamente tudo o que foi proposto na formação do Estado brasileiro. Nossa democracia simplesmente passou a ser dominada por grupos de pensamento pseudo-socialista que conseguiram montar um sistema político que se assemelha a uma verdadeira salada político-ideológica.

O assistencialismo com que os sistemas de esquerda conseguiram amealhar o apoio das populações mais pobres foi implantado por aqui e conseguiu abrir a guarda institucional que gerou a famigerada Constituição de 1988, gerando esta miscelânea de partidos e uma verdadeira guerra de egos entre os poderes que trazem cada vez mais o inverso daquilo a que se deveriam propor: a insegurança, a incerteza e o desrespeito ao cidadão.

Neste final de semana a atitude do desembargador gaúcho tentando ordenar a qualquer custo o ex-presidente Lula, passando por cima de quaisquer normas ou impedimentos necessários, dá uma caracterização perfeita a este Estado caótico em que se encontram nossas instituições. Um desembargador plantonista em meia hora de plantão determina a liberdade de um preso que teve sua pena determinada por um plenário e confirmada pelo Supremo Tribunal. Mais curioso e caricato ainda para a pressa do desembargador é o fato de o mesmo ter sido filiado ao PT por quase vinte anos e ter servido diretamente ao réu, à ex-presidente Dilma e ao outro réu do PT José Dirceu, já favorecido em outro caso controverso do STF.

A queda de braços que foi travada entre o desembargador e o juiz Sérgio Moro na primeira briga e com o relator do processo e o presidente do Tribunal nas duas brigas seguintes, foram acompanhadas pelo país com uma mistura de medo e incredulidade. Por sorte nosso sistema judiciário passou a contar com elementos que resolveram aplicar a lei custe o que custar e resolveram mostrar que a lei pode ser aplicada a QUALQUER UM, independente de seu cargo ou poder. Talvez a ação deste grupo esteja fazendo muito mal aos que se acostumaram a fazer o que queriam, como queriam e quando queriam sem serem incomodados.

O que me preocupa, muito mais que o desfecho deste caso que desta vez foi favorável à lei e ao bom senso, mesmo sem saber como acontecerá nas próximas vezes pois certamente haverão as próximas tentativas, é exatamente o conjunto de sensações negativas que tudo isto causa no Brasil e em relação ao país. A insegurança que já era forte quanto ao sistema econômico que se degrada a cada dia com um governo incapaz de gerar um plano que corte gastos e faça investimentos, passou a contar com a insegurança jurídica, com os investidores se perguntando se realmente podem contar com o que está determinado na legislação.

Não somente a bagunça econômica nos traz bastante problemas para um país que sempre foi considerado de imenso potencial mas que acumula períodos de imensos buracos negros em seus resultados. A questão está sempre ligada à gestão pública e à instabilidade do nosso sistema político que vive mudando de acordo com os interesses de grupos que se locupletam no poder desde as capitanias hereditárias. Além de tudo isto, a sociedade não mais está se encontrando e toda esta insegurança se transforma cada vez mais em um verdadeiro caos social onde o poder público é substituído pelo poder de traficantes e milícias e a população tem de necessariamente escolher a quem deve obedecer.

Da mesma forma a Polícia Federal se viu neste final de semana em relação aos mandados de soltura e de prisão do ex-presidente Lula. Um mandava soltar, vinha o outro e dizia para ignorar quando logo em seguida vinha outro e dava até prazo de uma hora para soltar e outro em seguida mandava ignorar. Ora bolas pessoal, a sociedade já está assim desorganizada e o poder judiciário que deveria dar algum exemplo também dá este péssimo exemplo onde você é encostado na parede e precisa perguntar: A QUEM EU DEVO OBEDECER?

Orígenes Martins

É professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
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