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Qualidade dos resultados

Quando questionado sobre o nível de satisfação acerca dos resultados cotidianos, o líder tende a responder favoravelmente. Na média, vai bem. Ele até reconhece eventuais deficiências na sua equipe: atraso nos projetos, não-conformidade, retrabalho. Observa-se que a crítica alcança pontos favoráveis e desfavoráveis. Por conseguinte, a liderança demonstra estar apta àquilo que dela se espera. Será?
Embora haja tais percepções a respeito do gerenciamento, o que não se analisa é o grau de excelência dos resultados. Não se trata, contudo, de evidenciar aquilo que salta aos olhos com facilidade. Não. Os grandes defeitos são percebidos sem esforço. A questão centraliza-se no parâmetro de qualidade estabelecido. Em boa parte das vezes, é preciso ultrapassar o bloqueio perceptivo, causado pelo auto-engano, capaz de levar a mente a um ajuste inadequado. O cérebro faz ver o que se quer enxergar.
Quando se deseja ser agradável aos olhos alheios, a fim de obter aprovação, a pessoa desenvolve comportamentos que se adaptam a tais demandas. Um bom exemplo é o líder autoritário, que, para ser simpático, solicita a opinião dos membros da sua equipe durante uma dada reunião. Mas, ao final, torna-se clara a condição inflexível das decisões unilaterais tomadas por ele.
Todavia, se questionado, oportunamente, tal chefe pode discordar, haja vista ele próprio estar convencido da sua benevolente atitude democrática. Não se trata de uma mentira. (Há outras oportunidades em que a lorota se faz presente). Ao contrário, é uma verdade.
Não obstante, ela é particular e fruto da auto-ilusão. Nos convencemos de coisas que nos agradam, ainda que elas contrastem com a realidade verificável. No fundo, a esmagadora maioria de líderes quer ser legal e fazer legiões de amigos. Então, como ser chato e se indispor ao ter de cobrar mais qualidade nos resultados, diariamente?
É ai que reside o problema! Mesmo tendo consciência de que não é bom “queimar o filme”, ao pressionar os seguidores quando necessário, o auto-engano vai mais fundo e ilude seu autor, fazendo parecer que os resultados já são satisfatórios, quando na verdade, peca pela submissão à mediocridade. O parâmetro é convenientemente reduzido. A referência sofre distorções que a limita, impedindo novas valorizações.
Para tanto, a mente do chefe se enquadra de acordo com o bem-estar social almejado. A acomodação encontra pouso e faz seu ninho, mas quando surgem ventos fortes, vindos do exigente mercado, muitos reclamam dos inesperados e intolerantes pedidos de melhoria. “Sempre foi assim!” Lamentam os mal acostumados. Logo, quilo se transforma em tonelada. Tudo fica mais pesado.
Portanto, convém advertir: parâmetro baixo sobre a qualidade dos resultados leva à acomodação, dificultando o desenvolvimento, que se obtém, sobretudo, através do incômodo. Cresce-se mais sob o sol da necessidade do que à sombra da satisfação.

ARMANDO CORREA DE SIQUEIRA NETO é psicólogo , diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas, professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. E-mail: [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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