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Produção industrial no Amazonas tem queda recorde

Produção industrial no Amazonas tem queda recorde

Os impactos econômicos da covid-19 e das medidas de combate à pandemia derrubaram a produção industrial do Amazonas em abril, com um tombo de dois dígitos nunca registrado na série do IBGE, e muito acima da média nacional. Paralisado pelo fechamento do varejo e com suspensão de atividades na maioria das fábricas, o PIM foi abalado justamente em seus segmentos mais fortes: eletroeletrônicos e duas rodas – além de bebidas e componentes. Os dados estão na pesquisa mensal para o setor, divulgada nesta terça (9).

A atividade industrial amazonense despencou inéditos 46,5% em relação a março, com muito mais força do que no registro anterior (-10,3%), e na maior redução mensal já registrada pelo IBGE. A queda apresentada no confronto com abril de 2019 foi ainda maior (-53,9%) e dez vezes mais forte do que a do levantamento precedente (-5,3%). O desempenho fez o Amazonas encerrar o quadrimestre (-14,2%) novamente no vermelho, mas ainda não foi suficiente para tirar o acumulado de 12 meses (+0,3%) do campo positivo.

O mergulho na passagem de março para abril rendeu à indústria do Amazonas o rebaixamento do décimo para o último lugar, entre as 14 unidades federativas pesquisas pelo IBGE. O Estado ficou atrás de Ceará (-33,9%) e Paraná (-28,7%). Na outra ponta Pará (+4,9%), Goiás (+2,3%) e Mato Grosso (-4,3%) encabeçaram a lista. Foi um mês de média nacional com retração acentuada (-18,1%) e resultados positivos apenas para duas unidades federativas.

O mesmo se deu em relação à queda livre no confronto com abril de 2019: a indústria amazonense tombou da décima para a última posição do ranking mensal do IBGE, em um patamar aquém da combalida média brasileira (-27,2%). Perdeu para o Ceará (-53%) e o Rio Grande do Sul (-35,8%). Os melhores resultados vieram de Pará (+37,6%), Goiás (+0,4%) e Rio de Janeiro (-5,4%), em uma lista com apenas dois números positivos.

Borracha e plástico

Na comparação de abril com o mesmo período do ano passado, a produção das indústrias extrativas recuou 9,7%, enquanto a atividade da indústria de transformação despencou 56,5%. Nove dos dez segmentos pesquisadas pelo IBGE amargaram retração em suas linhas produtivas, sendo que o único saldo positivo veio da divisão de borracha e material plástico (+2,5%).

As maiores quedas nesse tipo de comparação vieram dos subsetores de “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e seus componentes, com -98,9%), bebidas (-59%), petróleo e biocombustíveis (-57,9%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar, com -54,3%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares e computadores, com -51,8%).

Isolamento e commodities  

Na análise do supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, o isolamento social causado pela pandemia da covid-19 é a principal razão para o quadro tão negativo da indústria amazonense, já que as plantas fabris foram obrigadas a paralisar suas linhas de produção. Indagado sobre o impacto da queda do preço do petróleo, o pesquisador avalia que a queda do segmento se deveu mais aos efeitos recessivos na demanda do que à flutuação da cotação da commodity.  

“O desempenho desabou à níveis históricos, causando sérios prejuízos momentâneos e futuros para o setor, no Estado. É cedo para medir o impacto das commodities, já que a produção de combustíveis e derivados está mais voltada para a demanda de mercado, mas é certo que elas também foram afetadas pela redução do consumo. Mas, é fato que os produtos finais foram os mais impactados. Para a próxima divulgação, as expectativas não são das melhores, uma vez que o isolamento permaneceu em maio”, ponderou.

Insumos e demanda

Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, salienta que a queda de produção da indústria do amazonense em abril não é surpresa para ninguém. O dirigente acrescenta que ocupar as últimas posições no ranking nacional não é demérito para o Estado, dado o perfil de consumo da manufatura local e ressalva que o Amazonas ainda acumula ganhos de longo prazo. 

“Isso prova simplesmente que o nosso Polo Industrial, cuja predominância de produção é desempenhada pelos subsetores eletroeletrônico, informática e duas rodas foram os mais afetados. Isso ocorreu em função da falta de insumos, queda vertiginosa da demanda nacional e paralisação de mais de 70% das fábricas desses segmentos, para a proteção e preservação de seus empregados. No entanto, no acumulado dos últimos 12 meses, o Amazonas apresenta produção positiva de 0,3% contra a queda nacional de 2,9%”, frisou. 

Férias e flexibilização

Em sintonia, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, reforçou ao Jornal do Commercio que em torno de 90% das empresas do PIM havia dado férias coletivas em abril, sendo que algumas pararam totalmente – especialmente os polos de duas rodas, eletroeletrônico e relojoeiro. Para o dirigente, contudo, o retorno gradual do comércio nos Estados sinaliza alguma luz no fim do túnel para o Polo, no médio prazo.

“Isso se deu por conta das medidas adotadas nos municípios contra a covid-19 e não pela pandemia em si. No caso do polo de duas rodas, o fechamento das concessionárias fez as lojas ficaram cheias de produtos sem poder comercializar e sem capacidade de receber as remessas do PIM. Isso deve se refletir também em maio, especialmente nesse segmento. Mas, devemos ter uma melhora em junho, uma vez que o isolamento social começa a ter flexibilização e esperamos normalização nos próximos 60 dias”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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