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Preço do material escolar sobe em janeiro

Preço do material escolar sobe em janeiro

Janeiro é o mês que os pais costumam comprar material escolar dos filhos. Mas em 2021 há tantas incertezas sobre como será o ano eletivo que eles não sabem como proceder. Vale a pena adquirir os itens agora ou esperar? A saída encontrada por muitos vai ser reaproveitar materiais do ano passado.

Aliás, essa prática pode economizar um bom dinheiro. Levantamento feito pelo CNN Brasil Business com base em um estudo do Procon de São Paulo mostra que houve aumento nos preços na maioria dos itens escolares entre novembro de 2020 e janeiro de 2021

Ao todo, foram comparados 17 produtos de papelaria, como apontador, lápis, caderno e cola, em sete e-commerces escolhidos pelo Procon. Os sites são Americanas, Gimba, Kalunga, Lepok, Livrarias Curitiba, Magazine Luiza e Papelarias Universitárias.

Deste total, houve aumento de preços em 41 itens, redução em 18 e manutenção em 16. Os outros 30 produtos que aparecem na tabela abaixo com ‘x’ estavam em falta em novembro ou em janeiro. Logo, não foi possível comparar os preços.

Fernanda Messias da Silva de Paula, fisioterapeuta domiciliar e mãe de duas alunas do ensino fundamental ciclo 2, em uma escola particular da grande São Paulo, pretende reutilizar itens de 2020.

“Muito material pessoal, como lápis, caneta e borracha, sobrou do ano passado porque minhas filhas tiveram aula presencial apenas até março de 2020”, relata.

O mesmo aconteceu com os materiais dos filhos da analista de Recursos Humanos Marcela do Prado Oliveira. Ela já tinha o costume de reutilizar o que não foi usado para economizar, mas ainda assim o material didático representa uma parte considerável da remuneração.

“A compra dos itens corresponde a aproximadamente 30% do meu orçamento de janeiro. Normalmente, utilizo o meu 13º salário de dezembro para isso e costumo parcelar as apostilas”, diz.

O comportamento das duas mães entrevistadas pelo CNN Brasil Business é uma prática recomendada pelo ProconSP. O diretor adjunto de estudos e pesquisas, Marcus Vinicius Comenale Pujol, destaca que a importância dos pais se juntarem na hora de comprar. 

“Realizar a compra coletiva é uma saída para economizar, pois essas grandes lojas costumam dar descontos, e os pais conseguem negociar um preço melhor”, afirma o especialista. 

Outra dica é fazer levantamento de preços em diferentes papelarias. Estudo feito pelo ProconSP no fim do ano passado revelou que os itens da lista de material escolar podem ter uma diferença de até 173,58% de uma loja para outra. Um apontador de lápis da Faber Castelli, por exemplo, foi encontrado em um estabelecimento por R$ 1,06 e, em outro, por R$2,90. Diferença de R$ 1,84 no valor absoluto.

Iniciativa das escolas privadas

As instituições privadas de ensino em São Paulo, assim como em outros estados, sofreram com os efeitos da pandemia. Houve queda de 30% no número de estudantes rematriculados em escolas particulares entre setembro e novembro do ano passado em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com levantamento feito com 1,4 mil escolas privadas. Esses números foram compilados pela consultoria em gestão educacional Grupo Rabbit e publicados com exclusividade pelo CNN Brasil Business. 

Neste cenário, falar em comprar novos materiais escolares poderia afastar aluno. “Antes dos pais falarem sobre a lista de material, nós realizamos uma reunião para fazer a lista 2021 e não mudamos nenhum dos livros para os alunos”, destacou a diretora pedagógica da unidade Saúde do Colégio Santa Amália, Maria Elisa Sperling.

Já era tradição do Colégio Santa Amália realizar anualmente uma feira de troca de material, com a intenção de que pais e mães possam trocar os livros de seus filhos. “Neste ano, tivemos cerca de 700 livros doados e quase todos foram para famílias de alunos”, aponta a diretora.

Outra atitude que a direção do colégio tomou foi aumentar as opções de pagamento do material didático. 

“Incluímos o valor de materiais que são renovados anualmente, como apostilas do ensino médio, na mensalidade do colégio. Para que os pais tenham a opção de parcelar”, diz.

Já o colégio Etapa de São Paulo também oferece alternativas de reuso de materiais escolares, segundo o coordenador de Educação Fundamental I da instituição, Fabiano Feijó.

Feijó diz que, em 2020, foram enviados kits com apostilas e cadernos para as casas dos estudantes, por conta da pandemia da Covid-19. Neste ano, a escola reavaliou quais apostilas e cadernos podem ser reutilizados em 2021.

Assim, os pais não precisam comprar mais cadernos, por exemplo, e podem agendar um horário na instituição para retirar os excedentes. Além disso, Feijó explica que a lista de materiais enviada aos pais neste ano foi “um pouco mais enxuta”, em comparação com listas anteriores.

O motivo é que foram consideradas as dificuldades financeiras que possam haver surgido em 2020, além da possibilidade de que, no primeiro semestre, o estudo ainda seja feito a distância.

“Pedimos um número reduzido papelaria neste ano; em alguns casos, não solicitamos nova compra, considerando que as famílias ainda terão os materiais de 2020 em casa”, afirma.

A escola também incentiva que os próprios pais analisem os materiais que restaram de anos anteriores e avaliem se podem ou não reutilizar.

Alta em compras online e pesquisas

O retorno das aulas de maneira presencial em 2021 segue incerto. Ainda assim, as buscas por materiais escolares na internet cresceram 194% no início do mês de janeiro, em relação ao mesmo período do mês anterior, de acordo com um levantamento realizado pelo portal Cuponomia, que reúne cashback e cupons de desconto para compras online.

A pesquisa mostra ainda que itens da lista de materiais escolares, como livros, cadernos, borrachas e canetas, podem ser encontrados com preços até 50% menores em papelarias e lojas online, em comparação com os valores dos mesmos itens oferecidos em lojas físicas.

O diretor de marketing do portal, Ivan Zeredo, explica que, apesar do aumentos nas buscas, isso não se refletiu em maior volume de vendas, o que deve acontecer na segunda quinzena.

“O que podemos observar é que a intenção de compra já tem crescido bastante. A expectativa é de que as buscas aumentem ainda mais e possam, inclusive, ser maiores no online do que foram no ano passado”, diz.

Zeredo acrescenta que, neste ano, o tíquete médio por compra pode ser menor, em comparação com anos anteriores, por conta justamente da educação a distância. Porém, ainda que a média gasta em cada compra diminua, o número de compras deve aumentar.

“O ensino a distância também implica em uma necessidade de mais equipamentos para uso escolar, equipamentos que fogem do padrão, como ítens relacionados a computadores”, explica.

A realidade nas escolas da rede pública

Diferentemente da rede privada, estudantes matriculados na rede pública costumam receber das próprias instituições de ensino os materiais que serão utilizados ao longo do período letivo.

Mas não foi exatamente o que aconteceu em 2020. Segundo Maria dos Remédios da Silva, mãe de Gustavo Cardoso Ferreira, que está matriculado na rede de ensino municipal de Embu das Artes (SP), conta que recebeu atividades e lições extras que os professores enviaram por meio do Google Classroom, durante o ensino à distância.

“Ainda assim, muitos materiais sobraram e podem ser reaproveitados. Mas até agora não sabemos como serão as atividades neste ano e o que será enviado”, relata. Em anos anteriores, Silva afirma que os materiais recebidos sempre foram suficientes.

Sobre este caso, o secretário de educação de Embu das Artes, Pedro Angelo, explica que para se adaptar à pandemia os professores avaliaram a realidade de cada sala de aula e desenvolveram materiais extras para enviar aos alunos. Com os materiais, seria possível para os estudantes acompanharem as atividades ainda que não tivessem auxílio dos responsáveis.

“Para este ano, ainda dependemos da situação da pandemia para saber se as aulas serão ou não retomadas e para poder colocar nosso plano de recuperação em prática”, afirma o secretário. “Caso as aulas não sejam retomadas, temos a continuidade do home office com o material apostilado enviado aos pais, feito de maneira específica para cada realidade das escolas.”

Angelo reforça que, especialmente em um ensino a distância, o importante não é consumir muito dezenas de conteúdos, e sim ter uma educação de qualidade. “Criamos estas novas tarefas e atividades pensando nisso, em desenvolver a autonomia dos estudantes neste processo de aprendizado”, diz o secretário.

Já na cidade de São Paulo, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, modificou a distribuição do material escolar. Neste ano, cada família receberá uma valor creditado para compra do material, em um aplicativo de pagamento.

Este valor, que varia de R$ 33,40 para Educação Infantil — Berçário I e II —, a R$ 178,41 para Ensino Fundamental — 4º ao 6° ano —, pode ser utilizado apenas em lojas e fornecedores credenciados pela secretaria.

Em nota, a prefeitura afirma que a aquisição descentralizada dará maior poder às famílias, uma vez que será possível utilizar a verba para adquirir os itens que realmente necessitam, podendo reutilizar o que não foi utilizado em 2020.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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