Pesquisar
Close this search box.

Por que o Amazonas está andando pra trás? Parte II

Em seus argumentos para demonstrar a falácia das premissas de que partimos para planejar o futuro desta terra, e que explicam o atraso em que o Amazonas se encontra a despeito de suas potencialidades naturais imensas e de um polo industrial que, a duras penas, sustenta a economia, o empresário Jaime Benchimol ilustra alguns paradoxos da relação entre a economia regional e a intromissão do poder público. Há quantos anos as empresas do polo industrial de Manaus – que recolhem 54,42% da riqueza produzida para os cofres federais, espera do poder público investimentos em infraestrutura para tornar competitiva a indústria aqui instalada. “É equivocada a Premissa de que setor público é essencial para desenvolver infraestrutura. Portos de grãos privados em Porto Velho, Humaitá, Itacoatiara, Miritituba, Santarém, Macapá e Vila do Conde são exemplos de infraestrutura em que não houve participação pública. Assim também deverá ser feita a concessão a empresas privadas da BR-163 (Cuiabá- Santarém) e até mesmo da futura ferrogrãos no mesmo trecho”. Não se trata de discutir a competência ou não do ente público em executar com eficiência esta ou aquela demanda, os fatos são suficientemente eloquentes para mostrar a inépcia de quem pretende empreender sem os instrumentos de qualificação para a tarefa.

Executa quem sabe e cai fora quem não tem juízo

O porto, a geração e distribuição de energia, as estratégias empresariais de comunicação tem que deixar o poder público de fora. São atividades que devem ser encaradas como empresa, para quem é do ramo. O exemplo do gasoduto Urucu-Manaus e o acesso tão aguardado da “nova matriz energética” ficou pelo caminho e enterrou alguns bilhões do contribuinte. O Pará tem dado um show de bola na matéria, a partir do óbvio. Porto, ou qualquer outra infraestrutura, tem processos, pessoas e produtos. No caso dos portos produto é a atracação e despacho da carga e do navio com a maior agilidade possível. Para exportar um produto, são 13 dias em média de embromação, segundo o Banco Mundial. Em Manaus, a entrega de mercadorias se dá em média 35 dias a partir do Sudeste. E a greve dos funcionários da Receita prioriza Manaus na programação de seus movimentos mais ousados. As Semanas Vermelhas são programadas pra travar tudo. Quanto mais danos às empresas mais pressão política. Vistoriam até cargas lacradas por criptografia digital, que são aceitas pela autoridade portuária. Que país é este? Por isso, estamos na rabiola do ranking portuário mundial. Em Manaus, a ousadia de fazer um Porto privado movimentou, há alguns anos, a interferência política do jogo obscuro que descreve a sanha das barganhas que comanda o interesse geral. Vade retro!

No tempo do orelhão

Por que ainda hoje utilizamos a expressão “caiu a ficha” se os jovens de 16 a 20 anos não sabem o que isso significava na alta tecnologia da comunicação até os anos 90, quando a telefonia foi entregue ao setor privado. Basta lembrar que a intervenção do Estado naquele setor era movida pelo excesso de regulação e especulação financeira. Hoje, a logística portuária no Brasil está na mesma situação. Entregue à concorrência privada, o mercado de Telecom evoluiu na direção de cobrir quase 100% do território nacional que é servido por mais de uma empresa de telefonia. Estamos próximos de atingir a marca de dois celulares ativos por habitante. É melancólico olhar nossa História e lembrar que foi a navegação adequada das embarcações construídas em qualificados estaleiros, sob encomenda, em Glasgow, no Reino Unido, que impulsionou a economia da borracha da Amazônia após a descoberta do processo de vulcanização. Aqui, a engenharia naval de algumas universidades amazônicas não tem laboratórios, não prioriza o transporte regional de mercadorias como objeto central de estudos porque não tem mercadorias pra transportar. Empreender é sinônimo de perseguição, taxação, regulação. Tudo não pode. E tudo tem que ser feito com a presença usurária do fisco. Nossas universidades não formam professores com o perfil adequado para servir o mercado no qual é gerada a riqueza que lhes paga o salário. Aliás, e a propósito, a academia, com pontuais exceções, olha para o mercado como coisa de capitalista, contra o qual é preciso aplicar os conceitos arcaicos do modo de produção inglês do Século XIX. E elege representantes para as Câmaras de decisão política que apregoam esse abecedário do atraso. Essa ficha ainda perdura no discurso demagógico que carrega a adesão de tantas gerações propositalmente mal formadas e pouco esclarecidas.

Planejar para arquivar

Quem se lembra do PNLT, Plano Nacional de Logística de Transportes, há muito deixado no limbo das prioridades políticas porque alguém começou a cobrar resultados. Viagens, diárias, entrevistas, milhões e milhões do erário para dizer o que não poderia ser feito por falta de recursos. Tivemos representantes da classe política nessas áreas, transportes e energias, e andamos para trás em logística de transportes, comunicação e infraestrutura energética. Ninguém estimulou o setor privado ou desembaraçou suas demandas para aliviar os gargalos da infraestrutura portuária, que atinge empreendedores e todo o tecido social. Pagamos a cesta básica mais cara do Brasil por não termos melhorarias nas hidrovias, dragagens, construção de berços e construção de cais, tendo em vista uma questão vital, o escoamento da produção. Não há balizamento das hidrovias, não temos ferrovias e única conexão através de rodovias de que já dispomos, foi destruída sob os olhares indiferentes das autoridades. Como se inspirar no modelo Cingapura, primeiro lugar em modernização portuária, se sempre terá alguém que alegará ônus, sem se importar com o bônus de longo prazo? Lá, em Cingapura, o embaraço portuário não leva mais que um dia. Aqui, a planilha de custo tem espaço vip para o tempo que uma carga fica parada no porto, os custos e perda de competitividade para todos os envolvidos. Voltaremos.

Barrela é o Industrial do Ano

O empresário Cláudio Antônio Barrella, sócio diretor da Tutiplast Indústria e Comércio Ltda, vai receber o título de Industrial do Ano 2018, em solenidade promovida no dia 17 de maio pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) e Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM). Jane do Socorro Barros Ferreira, da Amazon Comércio de Doces Ltda, foi escolhida a Microindustrial do Ano. A homenagem foi realizada no Clube do Trabalhador do SESI.

Fornecedora de soluções em injeção plástica há mais de 20 anos no Polo Industrial de Manaus (PIM), a Tutiplast tem mais de 650 produtos que atendem os segmentos de eletroeletrônico, mecânico, duas rodas, entretenimentos, higiene pessoal, relojoeira informática e produtos descartáveis.

A Amazon Comércio de Doces Ltda, criada no município de Presidente Figueiredo, atende a demanda dos doces caseiros amazônicos, com o uso de frutas como: Araçá-boi, Cupuaçu, Açaí, Maracujá, Buriti e Castanha. É empresa residente no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide).
Nesta mesma solenidade será homenageada também a empresa exportadora de 2017 – Recofarma Industria da Amazônia Ltda.

*esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar