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Piercing bucal: perigo à vista

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A irreverência do adolescente é incontestável. A teimosia também. E mesmo que os pais não concordem com certos modismos (e até abominem!), é difícil impedir que, cedo ou tarde, o filho apareça em casa com alguma ‘novidade’ no corpo. Muitos adolescentes colocam piercings ou fazem tatuagens para se destacar no grupo ou definir traços de sua personalidade. O acessório conquistou espaço entre os adolescentes, no Brasil, a partir dos anos de 1990. E normalmente um só não basta: o jovem coloca vários espalhados pelo corpo. De uns anos para cá, um dos locais preferidos pelos amantes desse adorno tem sido a boca. Descolado, mas duvidoso, a colocação do piercing nessa região tem crescido bastante e já preocupa os especialistas em odontologia, devido à série de complicações que ele pode trazer
ao usuário, como alergias, fratura nos dentes, periodontites, halitose (mau hálito), infecções locais, inflamação severa na língua, alteração da fala, trauma no palato, hemorragias e outras consequências que ainda estão sendo pesquisadas. Em recente publicação na revista da Clínica Mayo de Rochester
(USA), o piercing bucal foi relacionado à endocardite infecciosa (infecção no coração). Num outro trabalho realizado na Alemanha, com 273 pessoas portadoras de piercings na boca, foram verificadas alterações bucais em 60% dos casos. A revista odontológica americana JADA, uma das publicações de
maior credibilidade no mundo, relacionou o piercing bucal com hepatite B, C, D e até a aids. Já a Escola de Odontologia de Nova Jersey publicou na revista General Dentistry um artigo
afirmando que o piercing bucal aumenta o risco de câncer na boca, devido aos traumas que pode causar na mucosa. Não é de hoje que os jovens fazem uso de piercings. Esse tipo de enfeite já era usado por povos antigos, como no Egito, na Índia, na África por razões religiosas, culturais e políticas ou
simplesmente por adorno. No entanto, mesmo havendo vários trabalhos científicos provando que o piercing bucal faz mal à saúde, é complicado convencer os jovens sobre os
riscos que correm. Resultado: os dentistas dessa vez mudaram de estratégia. Em vez de só contra-indicá-lo, passaram a orientar sobre os danos que podem causar e a ensinar o adolescente,
portador do acessório, a se proteger e a se cuidar o máximo possível. Se um paciente me questiona antes de colocá-lo, relaciona-se todos os malefícios que ele terá de enfrentar. Porém, muitos jovens
já chegam ao consultório com o piercing, seguros de que é isso que querem, e felizes. O
papel do dentista, portanto, é ensiná-los a se proteger. É importante saber diferenciar o piercing bucal do piercing no dente. No primeiro caso, o acessório é colocado após a perfuração
da mucosa dos lábios, das bochechas, freios labiais e linguais ou mesmo na língua. É confeccionado em ouro, aço cirúrgico ou titânio, materiais que apresentam boa compatibilidade, o que não impede ‘efeitos colaterais’ após a sua colocação, que geralmente é feita nas lojas que vendem o produto. Já o piercing dental — um pequeno strass ou lasca de metal brilhante (como o ouro ou o aço) — é colado na face externa do dente. E somente um dentista pode fixá-lo, utilizando, para tanto, uma cola especial compatível com o dente. Já que a nova estratégia é orientar, aqui vai os cuidados bucais para quem tem um dos dois tipos de piercing bucal: Diminuir a mobilidade do adorno: não brincar de torcer, mordiscar, girar ou tocar o piercing com as mãos, já que esses tipos de hábitos aumentam os traumas
na mucosa; Tomar muito cuidado durante a mastigação: na hora de provar os alimentos, certificar-se de que não está mordendo o piercing, o que pode provocar desgastes ou fraturas
nos dentes. Outra orientação importante é o de tirar o piercing durante a higiene bucal. Após alimentar-se, retire o adorno, escove os dentes, use o fio dental, higienize a língua
e as bochechas internas com a escova e, em seguida, escove o piercing como uma prótese dentária antes de colocá-lo no local. Fazer bochechos com produto antisséptico também pode ajudar.
Para tanto, consulte um dentista que irá indicar a melhor marca e a dosagem diária do
líquido. Então, fica o alerta: procure orientação adequada. Não caia na ‘onda’ do modismo só para se
auto afirmar ou ficar ‘enturmado’ com os amigos. Seja esperto e cuide da sua saúde em primeiro
lugar! E não se esqueça, consulte regularmente o seu dentista!

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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