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Petrobras diz que mantém interesse pelo Amazonas

Petrobras diz que mantém interesse pelo Amazonas

A decisão da Petrobras de colocar à venda o Polo de Urucu, anunciada na última sexta (26), pegou o Amazonas de surpresa e gerou debates e preocupações nos meios político e empresarial do Estado. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, o diretor de Relacionamento Institucional da petroleira, Roberto Furian Ardenghy, explica que não há motivos para preocupações, pois a venda é uma estratégia para otimizar alocação de capital e reduzir endividamento. Ele garante que a empresa não perdeu o interesse no Estado, nem está se retirando completamente.

O complexo em questão compreende sete concessões (Araracanga, Arara Azul, Carapanaúba, Cupiúba, Leste do Urucu, Rio Urucu, Sudoeste Urucu), em uma área de 350 km², situada em Coari (a 362,44 km de Manaus) e Tefé (distante 522,03 km) – além de infraestruturas de apoio operacional. O teaser está disponível no site da Petrobras, mas o processo, que inclui ainda recebimento de propostas, avaliação, negociação, não tem prazo para conclusão.

De acordo com o diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, a companhia está em um “momento importante” em seu portfólio, no qual procura investimentos “que façam sentido” para seu tamanho e a maneira de atuar no setor. Ele garante, contudo, que a região vai sair ganhando com a entrada de novas empresas para gerir Urucu, dada a perspectiva de aumento de produção e reservas, e do consequente aquecimento na cadeia de serviços da atividade. Para isso, dá como exemplo o campo de Azulão, na Bacia do Amazonas.

“Alguns ativos de menor tamanho já não fazem mais sentido para a Petrobras, o que abre a possibilidade de novas companhias de tamanho médio atuarem na área, gerando recursos, impostos e empregos nos locais dessa produção tradicional. Ao mesmo tempo, o surgimento do pré-sal e de sua grande capacidade de geração de barris de petróleo e de gás natural fez com que a empresa, em um movimento de gestão de portfólio, decidisse transferir essa produção. É nesse contexto que se insere a decisão”, frisou.

O dirigente observa que, embora Urucu produzisse “quantidade importante” de petróleo e gás, os resultados não ofereciam a relação custo-benefício que a Petrobras queria. Em seu texto de divulgação à imprensa, a petroleira informa que, no primeiro trimestre de 2020, sua produção média foi de 106.353 boed (barril de óleo equivalente), sendo 16.525 bpd (barris por dia) de óleo condensado, 14.281 milímetros cúbicos diários de gás e 1.150 toneladas por dia de GLP (gás liquefeito de petróleo).

“O Polo de Urucu inteiro produz cerca de 15 mil barris de petróleo por dia, em 70 poços. Ao mesmo tempo, apenas um poço do pré-sal gera média diária de 17 mil barris. E há outros que chegam a render 50 mil barris. Por isso, consideramos interessante fazer o desinvestimento e nos concentramos na produção de petróleo em águas profundas do chamado pré-sal”, justificou.

Sem crise

Ardenghy descarta a possiblidade de que a decisão de vender estaria relacionada também ao derretimento das cotações de petróleo, ou mesmo a eventuais rescaldos da crise que se abateu sobre a Petrobras depois da Lava Jato. O executivo reforça que o movimento não passa de uma gestão de portfólio, mas admite que a empresa ainda enfrenta dificuldades de caixa. 

“Todas as empresas globais do setor fazem o mesmo movimento que estamos fazendo, dependendo da condição e do momento em que vive o mundo de petróleo e gás. Ninguém faz investimentos no curto prazo. Do pondo de vista da Petrobras, esse movimento faz sentido para o perfil da empresa. E também ajuda, claro, no pagamento da nossa dívida. A Petrobras ainda é uma empresa muito alavancada e temos que gerar recursos”, afiançou.

Indagado se o momento atual seria adequado para a transação, em virtude do cenário de aversão ao risco desenhando pela crise da covid-19, e do precedente de baixa procura do leilão da Cessão Onerosa, o diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras garante que o investimento no Polo de Urucu vai atrair empresas com visão de longo prazo e interessadas em abastecer o crescente consumo da região Norte.

“Uma concessão de um poço leva, em média, de 25 a 30 anos de produção. No caso do Norte do país, há uma perspectiva de aumento de consumo de combustíveis, tendo em vista a situação econômica da região, com muitas movimentações de cargas e pessoas nos rios. Achamos que esse mercado continuará sendo dinâmico. Não vemos nenhum problema e consideramos o momento adequado para o desinvestimento”, asseverou.

Demissões e oportunidades

Empresa descarta demissões

Assim como considera que a entrada de novos players para gerir Urucu devem alavancar o desenvolvimento do setor no Amazonas, Roberto Ardenghy garante que não há perspectiva de demissões, nem do pessoal da Petrobras, nem dos terceirizados. Ele informa que serão oferecidas várias oportunidades aos trabalhadores para realocação em outros ativos que a Petrobras ainda possui, em transferências que levarão em conta a melhor adequação entre os perfis dos empregados e as atividades e processos nas lotações disponíveis.

“Os funcionários da Petrobras continuam conosco, mas em polo de desenvolvimento, ou em outra área operacional. Mas, estamos oferecendo também algumas oportunidades em um plano de demissão voluntária. Também temos que prever que a empresa que adquirir o empreendimento vai investir para aumentar a produção de petróleo e gás natural. Não vemos que haja ameaça de demissão em massa, mas sim uma perspectiva de expansão na oferta de trabalho”, amenizou.

Da mesma forma, o diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras garante que a venda de Urucu não significa que a petroleira está organizando uma saída em massa e definitivo do Estado, ou mesmo de toda a região Norte e avisa que, em um momento adequado, pode voltar a investir em terras amazonenses, tanto na produção de petróleo, quanto na de gás natural.

“A Petrobras sempre vai continuar avaliando oportunidades de investimentos e de negócios em todas as regiões do Brasil, inclusive no Amazonas. Vamos continuar observando o mercado e avaliando se será o caso de voltarmos a atuar. O Estado possui várias bacias sedimentares e interessantes, como a do Amazonas, do Solimões, entre outras. E a Petrobras, com seu trabalho de geologia, sempre continuará buscando oportunidades para descobrir mais petróleo no Brasil”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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