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Omissão e irresponsabilidade

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A população de Manaus parece que se cansou de sofrer pagando passagens em ônibus velhos que não atendem a contento seus usuários e, nesta segunda-feira, quando o movimento paredista dos rodoviários completava uma semana em greve, usuários do transporte público coletivo urbano apelaram para a violência e depredaram, incendiaram e não faltou infiltrados, disfarçados de passageiros, que saquearam os coletivos danificados.

A senha para iniciar a depredação, além da insatisfação acumulada em uma semana de péssimo serviços dos coletivos, por que normalmente já é ruim, foi o abandono de passageiros que já tinham pago a passagem e foram expulsos dos veículos no terminal 4, zona Leste, sem opções de chegar a seus destinos.

O movimento ilegal dos rodoviários, que volta e meia e por qualquer motivo paralisam o transporte público na cidade, já vinha sendo objeto de punição por parte da Justiça que especificou altas multas para sindicatos e motoristas que parassem seus veículos, essas penalidades não tiveram o poder de reduzir o ímpeto do movimento. Pois, conforme informaram as empresas, estas teriam colocado cerca de 850 ônibus nas ruas de Manaus no início da manhã.

Essa frota de 844 carros corresponderia a pouco mais de 56% da frota operante cadastrada pela SMTU (Superintendência Municipal de Transporte Urbano), que totaliza 1.507 veículos. O problema é que os coletivos saíram da garagem e pararam nos corredores viários ou terminais, deixando os usuários sem transporte.

A questão é antiga e do conhecimento das autoridades, assim como da administração das empresas e sindicato dos rodoviários. Enquanto estes alegam lutar por um reajuste de salário e manutenção de algumas conquistas, a população virou refém da irresponsabilidade dos sindicalistas e até de vereador ligado ao movimento e filiado ao PCdoB, que diz apoiar a causa e, por tabela, a baderna na qual se transformou a cidade, e principalmente a zona Leste na última segunda-feira (4).
O prefeito, que tem falado muito sobre resolver a situação, pouco faz de concreto em favor de um transporte público mais digno para Manaus, sendo assim, conivente com a situação que levou usuários a depredar veículos.

Manaus, com certeza, não é a quarta capital em população no Brasil, no entanto tem a quarta tarifa mais cara do país, e, se for montado um ranking para avaliar e classificar o serviço de transporte coletivo, bem como o estado da frota, se não tomar nota zero vai ficar bem próxima disso, assim como as autoridades que não usam suas prerrogativas e autoridade para solucionar de vez o problema.

Pior do que a omissão das autoridades é presenciar, como ocorreu na manhã de ontem, na zona Leste, profissionais do transporte coletivo em choque, com medo de retomar seu trabalho em função da violência desencadeada pelos usuários e outros aproveitadores e provocadores. Aliás, não se deve descartar a possibilidade de um viés político na violência contra os veículos, pois não faltaram partidários do “quanto pior, melhor” para suas pretensões escusas, de vez que teve gente gritando “Fora Arthur”, mas também “Fora Temer”, assim como aqueles que disseram que a culpa disso tudo foi tirar a presidente do Planalto. Me engana, que eu gosto.

Quem saiu ganhando foram os mototaxistas e o pessoal do transporte alternativo, estes autorizados a alongar seus itinerários até o Centro. Mas como nem tudo é perfeito, resta saber se vão receber o produto de seu trabalho, de vez que as cooperativas vivem a reclamar do atraso nos repasses que devem ser efetivados pelo Sinetram.

Na briga do mar com o rochedo, a vítima é sempre o caranguejo, mas por aqui a população substituiu o caranguejo.

é jornalista

Eustáquio Libório

Jornalista
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