Autores fazem um passeio por histórias que envolvem jazz, rock e MPB
O luxuoso livro “Jazz Através dos Tempos” (Edições de Arte), de João Francisco Franco Junqueira, que também é músico, passeia de forma didática por toda a evolução do jazz, detalhando o início de tudo nos anos 1910, quando a Original Dixieland Jazz Band e o Hot Five, de Louis Armstrong, começaram a levar ao grande público um ritmo sincopado; depois, avança pela era das big bands – Glenn Miller, Benny Goodman e Duke Ellington reuniam milhares de fãs para dançar em galpões. O autor acompanha o desenvolvimento do estilo e detalha também o surgimento do bebop, do cool jazz e do fusion. Além do primoroso material fotográfico, o lançamento é valorizado por conter três CDs que complementam o texto e trazem clássicos do gênero.
Em “Novos Baianos – A História do Grupo Que Mudou a MPB” (Laluzi Editora), Luiz Galvão, um dos fundadores dos Novos Baianos e o principal letrista da banda turbinou a nova edição, transformando a obra na narrativa definitiva sobre o grupo. Galvão se sobressai como um porta-voz sóbrio da trupe. Dono de uma prosa clara e elegante, ele detalha com intensidade como uma porção de garotos hippies conseguiu criar algumas das canções mais diversificadas e influentes do Brasil.
Para os fãs de rock’n’roll, “Mais Rock Raro: O Maravilhoso e Desconhecido Mundo do Rock – Vol. 2” (Lazulli), Wagner Xavier discorre sobre os anos 1960 e 1970, época em que se produziram grandes discos de rock, lançados por bandas que se tornaram populares no mundo todo. Mas a outra face dessa moeda ficou na obscuridade por décadas. A proposta desse segundo volume da série Rock Raro é jogar um feixe de luz sobre grupos e artistas que há tempos vivem na marginalidade do mainstream. Wagner Xavier oferece 343 resenhas de álbuns de sua imensa coleção particular. Vai da psicodelia chilena do Aguaturbia até o beat israelense dos Churchills, do progressivo português de José Cid até o folk argentino do Porsuigieco. Cada resenha vem acompanhada também de ficha técnica, cotação e fotos de capa e contracapa.
Apesar do título do livro, “The Rolling Stones – A Biografia Definitiva” (Record), de Christopher Sandford, a obra nunca vai existir uma biografia da banda, já que as nuances inerentes ao grupo são vastas e ilimitadas. Mas a obra de Sandford, lançada originalmente em 2012 para coincidir com o cinquentenário dos veteranos roqueiros, consegue fazer uma completa, sarcástica e por vezes reveladora crônica das tumultuadas décadas em que os Stones redefiniram absolutamente tudo no universo do rock. Assim como o grupo, o livro tem um aspecto bipolar. O livro faz um passeio pelos anos rebeldes dos Stones, depois, o foco muda e o que temos são contratos milionários, turnês gigantescas e músicos com um estilo de vida que poderia ser confundido com o dos mais inacessíveis aristocratas.
Das páginas de Sandford emergem as figuras opostas que ditam os rumos da banda: o sempre pragmático Mick Jagger, um performer extremamente profissional e um homem de negócios astuto, e Keith Richards, que apesar de toda a excentricidade aparece como um sujeito inteligente e até mesmo sensível. O autor não se esqueceu também das mulheres que ajudaram a forjar a personalidade dos Stones. Marianne Faithfull, namorada de Jagger durante a época da Swinging London, foi fundamental para que o cantor desenvolvesse um lado mais culto e de bon-vivant. Já Anita Pallenberg exerceu sobre a banda ímpeto criativo, mas também trouxe uma força destrutiva e uma decadência chique. A princípio namorada de Brian Jones, ela depois se aninhou com Richards e, para o bem ou para o mal, mudou a vida do guitarrista.
Por Dentro
Livro sobre os Rolling Stones é uma espécie de crônica dos anos rebeldes de um dos maiores grupos de rock de todos os tempos