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O roteiro da vergonha

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No dia 25 de julho, parece que, realmente, irá acontecer a primeira reunião do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus – CAS. Antes tarde do que nunca, e contamos, conforme anunciado pelo Coronel Alfredo Meneses, com a presença do Presidente Jair Bolsonaro.

Começaram a asfaltar, com urgência, a Bola da Suframa para que o Senhor Presidente não visse a nossa vergonha: embora aquela rotatória seja somente uma das nossas mazelas, que poderiam ser apresentadas ao Chefe do Executivo. Fico pensando o que passaria na cabeça do Presidente e na de sua comitiva se fizessem um pequeno “tour” por nossa cidade, considerando que vivemos em um Estado com dois milhões e meio de habitante, onde os esforços dos Governos Estadual e Municipal deveriam ser usados em benefício da qualidade de vida do cidadão, principalmente na questão da mobilidade urbana, já que desperdiçamos boa parte da vida no tráfego pesado.

Imaginemos que o Presidente e sua comitiva, no trajeto do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes até à Suframa, pegassem a avenida Torquato Tapajós e, dependendo do horário, fossem apresentados ao trânsito caótico que lá é contumaz. Seguindo pela avenida Mário Ypiranga, cruzamento com a avenida Constantino Nery, fossem confrontados com a favela que ali está instalada para abrigar venezuelanos que deixaram o sonho vermelho para trás.

Ao lado do “acampamento” dos irmãos venezuelanos, entrassem em nossa Rodoviária para verificar como são tratados com desrespeito e falta de dignidade os que aqui moram e necessitam utilizar aquele lugar. Seguindo, ainda, a avenida Mário Ypiranga, cruzamento com a Darcy Vargas veriam o Igarapé do Mindu, que deveria ser um local aprazível, mas apenas serve para abrigar lixo, ratos e todas as espécies de podridão que o ser humano produz.

Pela Darcy Vargas, poderiam seguir direto pela Bola do Coroado e passariam em frente à UFAM, sentido, poderiam verificar a péssima qualidade de nossa infraestrutura viária. Nesse trajeto, eles não seriam expostos às condições perigosas do estado das vias do Distrito Industrial I e, não vamos falar, do Distrito Industrial II.

Poderiam também levar o mito para conhecer a vista linda do porto da Ceasa, rio Negro majestoso, rodeado por invasões de terras de propriedade da União, na maioria das vezes, sob a administração da Suframa, o que tem sido um grande inibidor de novos investimentos, já que estamos de joelhos para as invasões.

Pensem que, onde estava a Companhia Siderúrgica da Amazônia – SIDERAMA, estava previsto ser construído um porto público, extremamente necessário para melhorar a infraestrutura logística e a competitividade das empresas aqui instaladas. Agora é hora de aproveitar e perguntar: Em qual prateleira está escondido esse projeto? Devemos também aproveitar, conforme anúncio prévio, a presença de todos os Governadores dos Estados que compõem a Amazônia Ocidental, para buscar unirem forças e garantirem o pouco que ainda nos resta: O modelo da Zona Franca de Manaus.

Preocupa-nos pensar sobre o que pode passar na cabeça do Presidente e ele se perguntar: O que foi feito com todo o recurso gerado pelo Polo Industrial de Manaus em mais de cinquenta anos de existência, se ainda padecemos dos mais diversos males: saúde precária, educação sem qualidade, falta de segurança, poluição ambiental, falta de mobilidade urbana, falta de infraestrutura, falta de tudo….?

Parece que aqui é a cidade dos esquecidos, dos desprezados, daqueles que não conseguem dar um passo para a frente sem dar três para trás. Até quando Senhor Presidente?

Gina Moraes

é advogada, presidente da Comissão da Zona Franca de Manaus da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Amazonas
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