Pesquisar
Close this search box.

O rombo no BNDES com as obras no exterior – parte 7

O artigo foca em 23 obras financiadas pelo BNDES na América Central, apontando o suposto valor total estimado em propinas, usando 3 cenários: O Otimista com 1% sobre o valor do contrato (assumindo que apenas o PT tenha praticado o ato), o Realista com 5% (PT+PMDB+Outros) e o Pessimista com 10%, assumindo que agentes corruptos dos países sede da obra também subtraíram recursos. Os valores foram fixados a partir dos relatos dos executivos da Andrade Gutierrez (AG), Odebrecht (Od) e JBS. Os dados foram obtidos desde 2015 via: a) Planilha “Contratações referentes a desembolsos no apoio à exportação pelo BNDES Pós Embarque (Contratações entre 1998 e 2014)”; b) Relatório de Auditoria do TCU, realizada no BNDES e apresentado em 2016 (Doc. AC-1413-19/16-P, contratações entre 2005 e 2014); c) Relatório do IPEA publicado em 2017 (Financiamento do BNDES para Obras e Serviços de Empresas, período de 2002 a 2016) d) MPF; e) Estadão, Globo, Folha, Valor Econômico, Época, Congresso em Foco; f) SPOTINIKS.

Na pesquisa, focamos apenas as obras executadas por empreiteiras que subtraíram a Petrobras. Ao analisar essas fontes, encontramos dados de 91 empreendimentos, dos quais 23 (25,3%) localizam-se na América Central, conforme descrito abaixo:

1º) Sete países foram beneficiados: Costa Rica, Cuba, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá e República Dominicana. Outros países podem ter recebido financiamento, mas não encontramos dados suficientemente confiáveis sobre as obras. Um exemplo é o México, país que recebeu obras executadas pela Odebrecht financiadas pelo banco e por lá a Procuradoria Geral Mexicana informou recentemente que levará até as últimas consequências uma investigação sobre envolvidos no país em um esquema de corrupção em que a Odebrecht e a Braskem são suspeitas de pagar propinas para Mexicanos visando obter licitação.

2º) Nesta região, a maioria esmagadora das obras está com a Odebrecht, responsável por 17 obras (74%), seguida por Queiroz Galvão com 3 obras (13%), OAS com 2 obras (9%) a Andrade Gutierrez com uma obra (4%). Vale lembrar que nos artigos anteriores a Odebrecht também teve dominância na África e na América do Sul.

3º) O país com maior volume de obras é a República Dominicana, com 14 obras financiadas, representando 61% das obras que estão na América Central e perto de 15,4% do total das 91 obras. O volume de financiamento delas somaria hoje perto de US$ 2.290.796.918,00 bilhões de dólares. Por lá a Odebrecht abocanhou 12 obras (61%), fato que chama a atenção, pois vale destacar que na África o país que mais recebeu Obras foi a Angola, sendo que a Odebrecht ficou responsável por 66% das obras, enquanto que na América do Sul, a Argentina, foi o país com maior volume de obras, a mesma empresa abocanhou quase 67% dos empreendimentos.

4º) Em seguida temos Cuba, Guatemala e Panamá, cada país com duas obras. Em Costa Rica, Honduras e Nicarágua conseguimos identificar dados de uma obra para cada país.

5º) Quando estudamos o ranking de cada país em termos de sentimento de corrupção percebido por sua população, medido anualmente pela respeitada ONG Transparência Internacional, constatamos que em 2016 a percepção da população de cada um destes países com a corrupção é bem pior (Com exceção de Costa Rica=41º e Cuba=60º) do que a sentida no Brasil (76º lugar): Guatemala (136º), Honduras (123º), Nicarágua (145º), Panamá (87º) e República Dominicana (120º).

6º) Na América Central, o menor valor encontrado foi de US$ 44.233.963,00 Milhões de dólares na Costa Rica sob responsabilidade da OAS, enquanto que o maior valor foi de US$ 1,0 bilhão de dólares referente ao Metrô na Cidade do Panamá, executada pela Odebrecht. O valor médio das 23 obras foi de US$ 233.382.888,20 Milhões de dólares, enquanto que a mediana foi de R$ 150.000.000,00 Milhões de dólares.

7º) Aplicando os cenários sugeridos, há a possibilidade de ter sido desviado em valores totais dessas 23 obras (usando US$1=R$ 3,179): No Cenário Otimista = R$ 170.642.566,44 Milhões de Reais; No Cenário Realista = Desvio de R$ 853.212.832,21 Milhões de Reais; e no Cenário Pessimista = Desvio de R$ 1.706.425.664,41 Bilhão de Reais, sem levar em conta a inflação e os aditivos.

Por último, a população precisa apoiar o avanço dos trabalhos do TCU e do MPF junto ao BNDES, uma vez que as CPIs lá no congresso são infrutíferas, se tornaram usinas de fazer propinas, na maioria dos casos acabam dando em nada, mesmo consumindo muito dinheiro da população.

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar