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Morte por covid tira R$ 5 bilhões das famílias

Morte por covid tira R$ 5 bilhões das famílias

A pandemia do novo coronavírus gerou perdas irreparáveis para as milhares de famílias brasileiras que se despediram de entes queridos vítimas da doença. O prejuízo afetivo é inestimável, mas há ainda uma importante consequência financeira, já que muitas das vítimas eram trabalhadores ou aposentados responsáveis pelo sustento familiar.

As mortes por covid de brasileiros a partir de 20 anos enxugaram em R$ 5,1 bilhões a massa de renda potencial das famílias atingidas no período de um ano.

A perda é de R$ 2,2 bilhões na renda potencial das famílias nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, calcula um estudo do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.

“Isso vai acabar lançando mais gente na pobreza”, lamentou Cláudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre/FGV, responsável pelo levantamento.

Os dois Estados concentram juntos mais de 40% das vítimas fatais da pandemia. O cálculo considera uma perda de cerca de R$ 1,1 bilhão em rendimentos do trabalho das vítimas na faixa etária de 20 a 69 anos, e mais R$ 1,1 bilhão em aposentadorias dos mortos com idade a partir de 70 anos.

“Morreram muitos idosos. A gente sabe que em muitas famílias a renda do idoso é a única disponível. Se não era a única, era a maior parte da renda familiar, porque nenhuma aposentadoria é menor que o salário mínimo. Essa pessoa podia estar ativa no mercado de trabalho. Tem muita gente em idade ativa que morreu. É menos gente para produzir, menos gente para gerar renda e riqueza. Essas famílias sentirão um impacto no consumo”, avaliou Maria Andreia Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

O estudo do Ibre/FGV considerou a morte de 205,1 mil brasileiros vítimas da covid-19 entre 16 de março de 2020 e 15 de janeiro de 2021, sendo 14,7% dos óbitos ocorridos no Estado do Rio (30,2 mil) e 26,4% deles no Estado de São Paulo (54,1 mil).

A massa de rendimentos mensais totais das 91,3 mil pessoas falecidas no Brasil com idades entre 20 e 69 anos foi de R$ 204,0 milhões. No ano, a soma corresponde a R$ 2,4 bilhões.

No Rio de Janeiro, a massa de renda das vítimas fatais entre 20 e 69 anos era de R$ 28,3 milhões mensais, ou seja, R$ 339,4 milhões em um ano.

Em São Paulo, a massa de renda das vítimas nessa faixa etária era de R$ 62,9 milhões mensais, o equivalente a R$ 755,1 milhões em um ano.

Na faixa etária de 20 a 69 anos, 45% da renda perdida foram decorrentes da morte de fluminenses e paulistas, resumiu Considera.

“As pessoas que estão falecendo estão deixando um buraco no seu emprego. Elas podem ser substituídas, mas por pessoas que não terão o mesmo nível de conhecimento e treinamento. Como tem muita gente bem formada desempregada, num primeiro momento você consegue substituir, mas depois eles farão falta. Reduz o número de pessoas treinadas e atrapalha a produtividade quando aumentar o nível de emprego”, disse Cláudio Considera.

“Mesmo que a economia volte a crescer, essa renda não volta mais, essas pessoas não estão mais aqui. Isso afeta a oferta de mão de obra mais adiante. São vários efeitos secundários, de queda na renda. Não é coisa pequena, são 200 mil mortos, é muita gente tanto pelo ponto de vista individual quanto pelo coletivo”, ressaltou Maria Andreia Lameiras, do Ipea.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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