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Materiais, mão-de-obra e valor de área cresceram na Construção Civil do Amazonas

O custo da construção civil do Amazonas subiu 1,34% em abril. O preço do metro quadrado passou de R$ 1.507,93 para R$ 1.528,16, em alta mais comedida do que a do registro anterior (+1,93%). Mas, em sintonia com a pressão da guerra da Ucrânia, e com os impactos da escalada dos preços dos combustíveis nos preços dos fretes, o nível do reajuste bateu novamente a média nacional (1,21%) e a inflação oficial do mês (1,06%). Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE. 

Os aumentos se deram tanto no custo dos materiais, quanto no da mão de obra. O valor médio dos dispêndios das construtoras amazonenses com os insumos subiu acima da média do indicador (+2,05%), pontuando R$ 952,88 (abril) contra R$ 933,73 (março). O valor médio do trabalho na atividade emendou um quarto mês seguido de alta, mas desta vez tendendo a estabilidade. Ficou 0,19% mais salgado, saltando de R$ 574,20 para R$ 575,28 na mesma comparação. 

O índice de alta do Sinapi do Amazonas superou novamente a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelos preços da alimentação e dos combustíveis, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 1,06%, em abril, também desacelerando ante março (+1,62%). Mas, foi o maior número para o mês desde 1996. A mesma dinâmica também se deu no quadrimestre, com uma ligeira vantagem do indicador local da construção civil (+4,84%) sobre o IPCA (+4,29%). Na análise dos últimos 12 meses, os papéis também se mantêm (+15,99% contra +12,13%, na ordem).

Apesar do reajuste acima da média brasileira, o Estado despencou do terceiro para o 14º lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais. Paraíba (+4,57%), Rio Grande do Norte (+3,64%) e Rondônia (+2,09%) dividiram o pódio. Na outra ponta, Sergipe (+0,09%), Roraima, Ceará, Alagoas (os três com +0,32%) e Bahia (+0,47%) figuraram nas últimas posições. 

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.528,16) segue abaixo da média nacional (R$ 1.567,76), e caiu da 18ª para a 19ª colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.749,34), Rio de Janeiro (R$ 1.700,68) e Acre (R$ 1.673,57) ainda registram os dispêndios médios mais elevados do país. Na outra ponta, os valores mais baixos ficaram em Sergipe (R$ 1.379,54), Pernambuco (R$ 1.421,44) e Rio Grande do Norte (R$ 1.425,97).

Em termos de custo de materiais (R$ 952,88), o Estado subiu da 13ª para a 11ª posição, em uma lista liderada pelo Acre (R$ 1.077,99), Tocantins (R$ 1.041,51) e Distrito Federal (R$ 1.028,79), e encerrada por Rio Grande do Norte (R$ 869,30), Sergipe (R$ 885,18) e Piauí (R$ 895,45). No que se refere à mão de obra (R$ 575,28), o Amazonas ainda ocupa uma colocação ainda mais baixa (17ª), em uma lista com os extremos em Santa Catarina (R$ 794,49) e Sergipe (R$ 494,36). As respectivas médias nacionais, por outro lado, foram R$ 944,49 e R$ 623,27. 

“O custo local da construção civil sofreu aumento considerável em abril, sendo os materiais os principais responsáveis. Os preços de balcão continuam sendo majorados a cada mês. Embora esta seja também uma prática nacional, a média trimestral do Estado está positiva, indicando tendência de novas altas para os próximos meses. No entanto, alguns fatores, como as quedas nas vendas, podem vir a forçar uma parada nesses reajustes”, ponderou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Logística e contratos

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, concorda que o mercado tende a equilíbrio e aponta que as vendas de cimento caíram 2,9% no mês passado, em razão da inflação. O dirigente reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que a mão de obra segue “muito estável” e que os maiores impactos nos materiais seguem vindo principalmente dos custos logísticos em uma conjuntura de alta de combustíveis e seus impactos nos fretes, assim como a escalada dos juros. 

Frank Souza comemorou a decisão do governo federal de reduzir o Imposto de Importação sobre os vergalhões de aço CA50 e CA60, dizendo que a medida deve contribuir para amenizar os custos do metro quadrado. Estudo da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) confirma que o insumo metálico responde pela maior parte dos aumentos dos materiais de construção em geral. O presidente ressalva, entretanto, que a conjuntura econômica segue produzindo aumentos e que o problema está no futuro. 

“Abril já mostra um indicador menor do que o de março. O que acho é que não há mais espaço para aumentos. O setor trabalha no longo prazo e, o que já está sendo construído, tudo bem. O problema é o que está por vir. Toda essa inflação está acontecendo e tivemos essa surpresa com o aumento do diesel, que vai impactar nos custos. Nossa preocupação é se as construtoras vão poder continuar a atingir essa classe que mais compra no Estado, a das moradias econômicas. E há também a possibilidade de os contratos [para obras do Casa Verde e Amarela] desequilibrarem de forma grave”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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