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Liebfraumilch, o vinho da garrafa azul, uma lenda urbana!

Nos idos dos anos 80 desembarcou em Manaus o vinho da garrafa azul. LIEBFRAUMILCH, o famoso branco alemão da casta riesling, foi o vinho que caiu no gosto dos manauaras, e por isso teve fama instantânea. O consumo virou febre. Tornou-se da noite para o dia o melhor vinho do mundo! Encantou meio mundo, não só em Manaus mas em todo país.  

A lenda urbana da garrafa azul começa pela história de que o tal do Liebfraumilch era elaborado na Turquia por processos sem o devido controle de qualidade, com o mosto de diferentes variedades. A produção do vinho foi a maneira que as autoridades alemãs encontraram para conter o grande fluxo de trabalhadores turcos desempregados, que migravam aos montes com suas famílias, principalmente, para Berlim Ocidental, naquela época dividida pelo Muro da Vergonha. A solução encontrada, para manter os trabalhadores em casa, foi enviar o mosto das uvas para ser processado e engarrafado em Ancara. Daí surgiu o Vinho da Garrafa Azul. O que não esperavam é que o consumo fizesse tanto sucesso na Turquia, e como resultado, a produção aumentou e se avolumou, até que alguns comerciantes estrangeiros, mais visionários, ao perceberem que podiam transformar o produto em “vinho da moda”, resolveram importar o excesso da produção para os países do leste europeu e Terceiro Mundo nos quais se desconhecia, até então, os padrões que regiam a categoria dos vinhos finos. O resultado, todos sabemos, foi uma avassaladora invasão das garrafas azuis por todo Brasil sem que ninguém se preocupasse por um minuto sequer, sobre os detalhes do vinho, e o padrão de qualidade. Não precisava, a moda ofuscou a curiosidade.

Alguns dos enófilos com os quais bato taça com frequências declaram, até hoje, que começaram a “gostar de vinho” degustando o vinho da garrafa azul. 

Hoje, o Liebfraumilch desapareceu, mas creio que jamais será esquecido por muitos, inclusive por mim!

CURIOSIDADE – O detalhe principal da lenda urbana é que todos traduziram o título do vinho “Liebfraumilch” como ” o leite da mulher amada”. Só que não. Na verdade, Liebfrau significa “Nossa Senhora” em alemão. Seria lógico então que a tradução livre fosse: “O Leite de Nossa Senhora”. Controvérsias a parte, o termo liebfrauenkinche usado no século 18, uma forma arcaica do idioma alemão, significa Igreja de Nossa Senhora. Sacou?. Fico torcendo aqui para o mein freund, Sommelier Joachim Schnorr da Top Internacional, concorde comigo! Reparem que no rótulo das garrafas há desenhos religiosos que comprovam isso. 

MINHA DICA – Em referência aos vinhos da variedade Riesling, essa é a mais famosa e mais plantada variedade alemã. Ela produz vinhos aromáticos, deliciosos, e também perfeitos, para degustação ao ar livre no fim da tarde.    

A chave para os Rieslings é a acidez resultante, mineral, e cortante. Secos, demi-secos ou frutados, eles são,  elegantes e refrescantes. A Riesling, com certeza, ainda desconhecida de tantos, é a uva do verão. Tudo a ver com Manaus. 

“Um pouco de amor é como um pouco de bom vinho. Um dos dois em demasia faz mal” John Steinbeck, escritor norte-americano.

Foto/Destaque: Divulgação

Humberto Amorim

Enófilo, curioso, insaciável e infiel apreciador
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