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Lideranças refutam ataques de Rodrigo Maia contra o modelo ZFM

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As recentes declarações anti-ZFM feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repercutiram mal entre as lideranças do PIM e a bancada amazonense no Congresso. Principalmente por virem apenas sete meses após o mesmo parlamentar vir a Manaus para pedir votos para sua reeleição, prometendo apoio à Zona Franca no âmbito da Reforma Tributária. 

Durante participação em evento realizado em São Paulo, nesta terça (20), Maia defendeu a correção de supostas distorções oriundas de incentivos fiscais, dando a ZFM como exemplo. Disse ainda que não faz sentido a Moto Honda, por exemplo, seguir instalada no PIM. Isso porque, segundo o deputado, cada emprego na fábrica amazonense da multinacional custaria R$ 300 mil ao país.

Na quarta (21), em entrevista concedida a uma rádio de Manaus, o presidente da Câmara dos Deputados tentou voltar atrás e explicar melhor o conteúdo de seu discurso do dia anterior. Mas, a correção acabou jogando mais lenha na fogueira, já que o parlamentar enfatizou que a ZFM conta com “apenas montadoras” e que “a parte de inovação e pesquisa não está no Brasil”.

“Sou um grande defensor da Zona Franca, que garante emprego em uma região que [sem ela] hoje teria apenas pobreza. Foi uma política correta para aquele momento. Quis dizer é que, com o mesmo recurso de investimento temos que projetar o Brasil para daqui a 20 ou 30 anos, potencializando projetos que, na mesma linha, preservem a floresta e empregos”, declarou. 

O mal estar gerado pelo imbróglio repercutiu na Câmara dos Deputados e no Senado. Ao enfatizar que o Amazonas sempre teve em Rodrigo Maia um aliado do seu desenvolvimento regional, o deputado federal, Marcelo Ramos (PL-AM), destacou “diversas ponderações” a respeito da fala presidencial.   

“Quero, de uma forma muito fraterna, dizer que o exemplo das motocicletas talvez seja o melhor case do PIM. Só a fábrica da Honda emprega 6.200 pessoas, produz quase 1 milhão de motocicletas por ano mantem uma cadeia produtiva de 33 empresas componentistas. Declarações que atacam a Zona Franca reprimem investimentos já anunciados de uma empresa já consolidada em Manaus”, asseverou Ramos, no plenário da Câmara.

“Eu perguntei e pergunto ao deputado Rodrigo Maia: se ele me mostrar um modelo que seja econômico e ambiental, que dê mais de 100 mil empregos diretos, um modelo que preserve a floresta, como a Zona Franca, um modelo que dê US$ 98 milhões por ano, é só ele me dizer qual é que nós do Amazonas vamos, na hora, substituir a ZFM”, emendou o senador Plínio Valério (PSDB-AM), no plenário do Senado.

Estado superavitário

Nelson Azevedo estranhou o custo para geração de emprego apontado por Maia – Foto Divulgação

O vice-presidente da Fieam e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Nelson Azevedo estranhou o valor citado por Maia como custo para geração de empregos na ZFM e lembrou que o Amazonas é dos oito Estados que “ajudam o país a ajudar os demais”. 

“Essa declaração de que os empregos custam isso tudo não tem cabimento. Os números demonstram que recebemos da União muito menos do que arrecadamos para ela. Em 2018, recolhemos R$14,5 bilhões em impostos e recebemos apenas 30%. E o governo federal não gasta um centavo com as empresas instaladas em Manaus”, rebateu. 

Inovação em xeque

Na mesma linha, o presidente do Cieam, Wilson Périco, ressalta que a Zona Franca não é peso econômico para o Brasil e que o modelo possibilita ao Estado garantir relevância ambiental ao Brasil no cenário global, dada a sua contribuição para a preservação ambiental na Amazônia.

“Se não fizesse sentido a Honda produzir em Manaus, ela não estaria aqui há mais de 40 anos. Assim como todas as indústrias que aqui estão instaladas, gerando emprego e riqueza no Amazonas e nos demais Estados do País. Quem define onde aportar o recurso é o investidor”, desabafou o presidente do Cieam, Wilson Périco.

O dirigente ressaltou que a indústria nacional é composta por grandes investimentos multinacionais e que seus manufaturados nacionais são similares aos fabricados em suas unidades de outros países – e desenvolvidos em suas matrizes.

“A atividade de chão de fábrica, que é onde ainda conseguimos gerar emprego é uma coisa. Centro de pesquisa é outra. Mas, não são excludentes. O Brasil tem que ter capital intelectual para influenciar tendências mundiais. Precisamos corrigir a deficiência do ensino, para só daqui a uns 30 anos pensarmos em realizar algo assim”, justificou.

Perda calculada

Já o presidente da Aficam (Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Polo Industrial do Amazonas), Mario Okubo, disse que a declaração “não tem nada a ver”, já que a mesma Moto Honda anunciou recentemente um investimento de R$ 500 milhões para os próximos três anos. “Estranhei ele ter falado isso. Principalmente depois de ele ter vindo a Manaus, conversado conosco e ter visitado a fábrica”, lamentou.

O dirigente, contudo, demonstra preocupação pelo fato de as declarações terem partido do dono da pauta na Câmara dos Deputados. “Minha opinião como cidadão é que vamos acabar perdendo alguma vantagem nesse processo mesmo, embora não o suficiente para inviabilizar o modelo. O ideal é que continuássemos do jeito que estamos, mas acho cada vez mais difícil que isso aconteça. Mas isso não quer dizer que temos de deixar de lutar”, encerrou. 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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