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Karina Bessa: “precisamos falar sobre isso”

Lilian D’Araujo 

@Lydcorr

Amarelo é a cor da esperança para aqueles que estão vivendo em depressão. É por meio da campanha Setembro Amarelo, que a sociedade e os especialistas buscam ajudar pessoas que estão depressivas e com pensamentos suicidas. Durante este mês, que se encerra hoje, a sociedade falou muito sobre isso, mas é preciso reforçar. E, para nos explicar melhor sobre o que isso tudo significa, o Trends JC recebeu a psicóloga Karina Bessa, na sexta-feira (30). 

Setembro Amarelo é a maior campanha de prevenção ao suicídio em âmbito mundial. “Às vezes a gente não percebe que o outro está passando internamente. A gente só sabe até o ponto em que ela nos permite saber. Essa campanha vem para conscientizar as pessoas a pedirem ajuda, quando precisar”, avaliou Karina. 

Para ela, a maior ajuda é falar sobre isso. “Quanto mais a gente fala sobre qualquer tema da saúde mental, mais a gente caminha rumo à quebra dos estigmas. O tema do Setembro Amarelo é sobre a prevenção ao Suicídio, assunto importantíssimo nos dias de hoje. Temos que perder o medo de falar sobre o suicídio e o transtorno mental. E é para isso que estamos aqui, em debates como este. Para falar, esclarecer e conseguir ajudar”, explicou.

Falar sobre um assunto tabu na sociedade é um dos objetivos da campanha Setembro Amarelo, mas acessar aquelas pessoas que precisam de ajuda e convencê-las a buscar um especialista, é a meta mais importante. “Essa ação de desmistificação deve ser o ano todo. É amarelo o ano inteiro. Setembro é apenas um marco. Fazemos isso porque, assim, desperta curiosidade e atenção sobre esse tema. Quanto mais falarmos, mais teremos sucesso em ajudar as pessoas”, insiste.

Atualmente, há no mundo quase 1 milhão de pessoas que tiram suas vidas por ano, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, que apontam também que o suicídio é a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal entre os jovens brasileiros de 15 a 29 anos. Dados da OMS também apontam que o suicídio é considerado a segunda causa de mortes entre jovens no mundo, depois de acidentes de trânsito. “Existem notificações oficiais sobre o suicídio e as subnotificações estimadas. Infelizmente, o suicidio sempre foi e ainda é tratado como tabu. Ainda é difícil para algumas famílias admitir que aquele ente tão querido se foi pela via do suicídio. Ainda há religiões que não permitem que famílias enterrem um ente que se suicidou em solo considerado “sagrado”, lembra a psicóloga.

No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, uma média de 38 suicídios por dia. A cada 100 mil homens brasileiros, 12,6% cometem suicídio; entre mulheres, a comparação aponta para 5,4% casos de suicídio a cada 100 mil mulheres brasileiras. “E se a gente somar a esses números chocantes os casos subnotificados, chegamos facilmente a 30 ou 35 mil casos por ano”, diz Karina Bessa. “A gente precisa falar e falar cada vez mais para crianças, jovens, adolescentes, para que possamos construir uma cultura onde pensemos em prevenir, não apenas a saúde física, mas também a mental. Por que levamos nossos filhos crianças ao pediatra, mas não ao psicólogo infantil? Somos seres, não apenas físicos, mas mental e espiritual”, lembrou.

Para a psicóloga, muitas pessoas acabam sofrendo em silêncio e a descrença na vida acaba por levar a pessoa a abreviar sua dor. “O suicida é alguém em extremo sofrimento e que não sabe que dá, sim, para acabar com a dor sem acabar com a vida.Dá para acabar com a depressão, em primeiro lugar, prevenindo essa doença. Precisamos falar sobre a doença mental. É o primeiro passo”, alertou Karina Bessa.

O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Sendo assim, pode ser resultado de uma interação de fatores psicológicos, biológicos, culturais, socioambientais e até mesmo genéticos. Por isso, a mensagem que o Trends JC quer deixar neste último dia de setembro é: fale sobre seus sentimentos e procure entender. Fale sobre seus problemas e busque ajuda.

Doença mental tem cura; tem tratamento e não é algo distante de nós. “Temos que quebrar o estigma de falar sobre a doença mental. E também não é sempre algo muito grave. Há transtornos que são facilmente contornáveis. Mas, a prevenção do adoecimento mental é a melhor saída”, finalizou a psicóloga. 

Para assistir na íntegra a entrevista, é só acessar as redes sociais do Jornal do Commercio ou o portal JCAM (www.jcam.com.br).

Onde buscar ajuda?

– CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

– UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais

– Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita)

Centro de Valorização da Vida – CVV 

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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