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Gerente de atendimento do Sebrae analisa mercado e opina sobre investimentos

Jornal do Commercio – O fim de 2008 foi turbulento, assim como boa parte do ano de 2009. Como está a situação agora? Os interessados em empreendedorismo precisam mudar algo em seu perfil?

Vanusa das Chagas – O ano de 2010 tem boas perspectivas em nível de negócios para micro e pequenas empresas, principalmente se nós começarmos a pensar na Copa do Mundo de 2014. Então com certeza deve haver um incremento na parte de comércio e serviços e essas demandas sempre devem ser recebidas pelos demais empreendedores, levando em conta o planejamento. Sem planejamento, negócio nenhum tende a dar certo.
Exemplo disso é a taxa de mortalidade das empresas em Manaus. Segundo pesquisa feita pelo Sebrae, 75% das empresas que são abertas fecham as portas num período de dois anos.
A importância do planejamento é a principal informação que tentamos passar aos candidatos a empresários para que seu negócio evolua. Agora, se o ano de 2010 vai ou não ser adequado para abertura de negócios, dependerá do empreendedor. Porque se eu tenho um serviço com um diferencial aceito pelo mercado de maneira positiva, isso faz toda a diferença. As características empreendedoras da pessoa que está à frente da empresa é um dos principais fatores. O Sebrae, em seus treinamentos, trabalha sempre focando nessas características, promovendo melhorias, ensinando planejamento e ajudando os empresários a terem uma visão estratégica. Para mim, dizer que o ano de 2010 vai ser bom em nível de negócios simplesmente porque a economia brasileira e mundial tende a melhorar não é uma garantia. Esse é só um dos fatores que devemos levar em consideração.

JC – Quais os segmentos que mais despontam no mercado atual da cidade? E qual a maior demanda do Sebrae junto aos interessados em empreendedorismo?

Vanusa – Comércio e serviços, sem dúvida, são os segmentos que mais crescem em nossa cidade. E dentro de comércio e serviços temos mais diferentes ramos. Em comércio varejista, ainda se destaca bastante os setores de vestuário, estivas em geral, mercadinhos. Em serviços, percebemos um crescimento no ramo de paisagismo, jardinagem e prestação de serviços domésticos. Este último, por sinal, apresentou um aumento na demanda por lavanderias e restaurantes. Antes oferecidos por profissionais autônomos e, agora, cada vez mais executados por pequenas empresas.

JC – Qual a principal deficiência encontrada pelo Sebrae junto aos empresários ao prestar consultoria?

Vanusa – Os empresários, quando procuram o Sebrae, geralmente já possuem seu empreendimento formal. E eles nos procuram normalmente quando já estão com alguma dificuldade. O número dos que buscam consultoria antes de abrir o negócio é bem menor. Os empresários com problemas vêm até nós com o objetivo de conseguir ajuda para superar determinada dificuldade. Cerca de 80% agem desta maneira. Isso dificulta muito nosso trabalho, porque o Sebrae atua com orientação empresarial e não com consultoria de intervenção. Muitas vezes o empreendedor chega querendo que uma equipe vá até a empresa dele, aponte o problema e o resolva. Então temos que explicar que trabalhamos de forma diferente. Nós fornecemos ferramentas para que, junto aos nossos consultores de atendimento, o próprio empresário possa estudar suas necessidades e buscar algumas soluções e implantá-las, sempre informando ao Sebrae se elas foram eficazes ou não. Ou seja, nós fazemos uma consultoria continuada.

JC – Que tipos de cuidados as pessoas devem ter ao abrir um negócio?

Vanusa -Prioritariamente o planejamento. Como já disse antes. Trabalhar as características empreendedoras também é fundamental. Nem sempre o que é bom para o meu vizinho é bom para mim. Nem sempre o que está dando certo na minha rua, dará certo para mim. Então, é uma série de fatores que precisam ser estudados. Qual o mercado fornecedor e o mercado consumidor? O mercado em si é pouquíssimo estudado pelos empreendedores. Normalmente eles empreendem achando que vai dar certo, mas esse “achar” não é suficiente. Você tem que ter provas, evidências de que aquilo vai ser satisfatório. Se você não sabe para quem vai vender, de quem vai comprar sua matéria-prima para produzir determinado bem ou serviço e o custo de tudo isso, como você vai saber se o consumidor final tem disposição para adquirir tal produto? Então o planejamento, o estudo é fundamental.

JC – Quais as perspectivas de abertura de negócios para 2010?

Vanusa -Em perspectivas, nós levamos em consideração todo o cenário macro e micro econômico, mas sempre temos que avaliar todas as variáveis. Se considerarmos a economia do Brasil, vemos que ela tende a crescer, logo, os negócios no Amazonas também tendem a crescer. Mas nós não podemos generalizar.

JC – Quais os problemas mais frequentes encontrados pelo Sebrae nas empresas locais?
Vanusa – Normalmente encontramos muitos problemas com o fluxo de caixa, cálculo de vendas e contratação de funcionários. Essas são demandas do nosso dia a dia, além das de crédito. Nós geralmente fazemos uma avaliação do empreendedor para checar se ele de fato necessita de crédito e o que percebemos é que muitas vezes o problema está na má gestão da empresa. O que temos feito diariamente é esse estudo porque crédito desnecessário pode inviabilizar o empreendimento ao invés de ajudá-lo.

JC – Em sua opinião, a crise afetou os planos de pequenos e médios empresários de que maneira?

Vanusa – Afetou com certeza. Não com a mesma força com a qual chegou ao Sul e Sudeste do país. Mas nós também sofremos consequên­cias graves, principalmente se formos levar em consideração o PIM (Polo Industrial de Manaus). Como as micro e pequenas empresas vivem também nas subjacências das indústrias e têm envolvimento direto com o PIM, elas sofreram de maneira efetiva essa crise, desencadeando o famoso efeito dominó: aumenta o nível de desemprego, as pessoas compram em menos quantidade. O Sebrae fez uma pesquisa e chegou ao seguinte resultado: 70% dos empresários entrevistados disseram ter reduzido a quantidade vendida, 55% reduziram o número de clientes, 60% reduziram o número de investimentos planejados. Então estes são indicadores nos quais vemos o impacto da crise de fato. Mas isso está sendo superado, como no Brasil e no mundo, paulatinamente.

JC – Empresários que tinham planos de investimentos, mas que pararam devido à crise, já podem retomá-los?

Vanusa – Isso, na minha opinião, é uma atitude pessoal que precisa ser estudada dentro das características macro e micro econômicas daquele empreendimento. Então o empresário tem que levar em consideração o seu plano de estratégia, o mercado que ele atinge e se este mercado tem tendência de crescimento, para então, porventura, realizar algum investimento anteriormente planejado.

JC – Com relação à Copa do Mundo de 2014, já é percebida uma preparação por parte dos empreendedores?

Vanusa – Muitos já estão pensando na copa e temos tido boa procura por parte de empresários querendo se preparar com projetos específicos. Principalmente na área de turismo, gastronomia e hotelaria, nós temos projetos coletivos. Em nível individual, a demanda por informações desses tipos de serviços tem crescido bastante. Todos esses serviços precisam de mão de obra especializada. Então, quanto mais as pessoas se aperfeiçoarem e se profissionalizarem, com certeza vão ter mais facilidade para acharem emprego e veremos negócios mais seguros.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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