É lógico que não sou contra iniciativas que possam desenvolver o nosso setor agropecuário, assim como também reconheço o esforço da atual gestão da Suframa em dar mais utilidade ao Distrito Agropecuário, mas tem um “feijão com arroz” que precisa ser feito antes de implementar o projeto que está sendo pensado para o Rio Preto da Eva. Li que a verba é federal. Estou falando dos R$ 150 milhões, que eu aplicaria em ações mais prioritárias em nosso estado e com maior abrangência, gerando mais empregos e melhorando a vida da população em maior vulnerabilidade social.
A seguir, apresento 10 (dez) sugestões para fazer com os R$ 150 milhões que estão previstos para o Distrito Bioagroindustrial do Rio Preto da Eva.
1. Colocar pra funcionar o Terminal Pesqueiro de Manaus – TPM que vai beneficiar mais de 100 mil famílias de pescadores artesanais, manejadores e piscicultores. Ação que vai fortalecer a segurança alimentar da nossa população. Não faz sentido novos investimentos em estruturas com o TPM parado. É sempre bom lembrar do potencial pesqueiro e aquícola do nosso estado;
2. Recuperar Ramais e Vicinais dentro do próprio Distrito Agropecuário para escoar a produção já existente e que está sendo desperdiçada. Essa ação vai aumentar a produção e atrair novos investidores ao Amazonas, pois o estado não tem recursos suficientes para recuperar os milhares de quilômetros espalhados no gigante Amazonas;
3. Construir polos para armazenagem e comercialização de milho do estoque público do Governo Federal. Ação que vai beneficiar a cadeia produtiva de aves, peixes, suínos, bovinos em vários municípios. Esse programa já existe no âmbito da Conab;
4. Destinar parte desses recursos para o Ministério da Agricultura para operar o instrumento PEP (Prêmio para Escoamento do Produto) que destina um prêmio para os adquirentes de produtos. Estamos no maior estado do Brasil com distâncias gigantescas, portando, o apoio na remoção de produtos da sociobiodiversidade, entre outros, é de fundamental importância;
5. Destinar parte desses recursos para o Amazonas concluir o ZEE (Zoneamento Econômico Ecológico) e o ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), itens fundamentais para o acesso ao crédito rural e seguro rural;
6. Fazer parceria com o Sistema SEPROR para tocar as cadeias prioritárias definidas pelo IDAM para o Rio Preto da Eva e municípios vizinhos. Isso vai aumentar a produção e atender a demanda das indústrias que querem matéria-prima;
7. Destinar parte desse recurso para subsidiar o milho do Programa de Vendas em Balcão operado no Amazonas. O atual preço é impraticável e tá quebrando vários criadores rurais;
8. Destinar recursos para dar mais abrangência e agilidade na execução da Política de Garantia de Preços Mínimos da Sociobiodiversidade – PGPMBio no Amazonas;
9. Fazer parceria com o Estado/Sistema Sepror para construir, na capital (maior centro consumidor), um "distrito" para beneficiamento de produtos regionais de produtores individuais, associações e cooperativas. Isso sim é mais urgente, estamos perdendo a produção da várzea por falta de estrutura de beneficiamento;
10. Sem falar das agroindústrias construídas com verba federal que estão paradas no interior;
Acho que esses seriam os melhores destinos para os R$ 150 milhões. Tem muito mais, mas fico por aqui. Nada do que escrevi aqui é novidade, muitos desses pleitos estão nas reivindicações da FAEA, FETAGRI e OCB, e alguns no Plano Safra do AM. Repito, não sou contra o Distrito Bioagroindustrial do Rio Preto da Eva, mas tem coisas antes pra fazer, o tal "feijão com arroz".
*Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]