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Falta de recursos limita avanços no agronegócios locais

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Pesquisadores da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), trabalham em estudos experimentais, com o intuito de produzir semente de malva no Amazonas e ajudar pequenos produtores na produção. A ação visa também evitar dependência das importações da semente do Pará, e realizar o melhoramento genético com o objetivo de criar uma cadeia produtiva auto sustentável. Porém, a falta de investimentos em PD&I ( Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação), atrasam a obtenção de resultados e a difusão de novas tecnologias de produção.

Segundo o professor e agrônomo da Ufam, Eduardo Pereira, desde 2010, a universidade já vem dedicando esforços para pesquisas e estudos da cadeia de fibras no Amazonas. E ressaltou, que após anos estudando formas de criar um sistema de mecanização para ajudar o pequeno produtor, foi detectado que a maior dificuldade do juticultor está na obtenção da semente.

“A questão da mecanização do trabalho do produtor de juta e malva ainda é algo aberto para a pesquisa. Mas, do estudo percebemos que a demanda prioritária para o segmento era resolver as questões das sementes. Na universidade queremos produzir a semente. Quero reforçar que essa é uma necessidade do produtor. Unir o esforço do pesquisador e do juticultor para a solicitar das autoridades estaduais a oportunidade de pensar em incluir projetos para financiar recursos para a pesquisa de juta e malva”, ressaltou.

O agrônomo afirma, que mesmo sem o financiamento, a universidade obteve sucesso para produzir sementes em plantios convencionais, onde foram coletadas malva de vários municípios do Amazonas. Com isso, foi permitido criar uma coleção de materiais genéticos na fazenda experimental da Ufam para serem analisadas e estudada. Porém, os recursos para desenvolver um trabalho de melhoramento genético a longo prazo ainda não foi viabilizado.

“Houve um ano que o estado do Pará não forneceu a semente para o Amazonas e começamos a trabalhar uma pesquisa para desenvolver um sistema de produção de semente. Na universidade desenvolvemos um projeto de pesquisa onde foi criado um plantio experimental e obtivemos bastante sucesso. Já temos o modelo para oferecer aos agricultores com a recomendação para a produção de sementes. Queremos continuar com esse trabalho formando um banco de sementes auto sustentável”, destacou.

Segundo Eduardo Pereira, a agricultura de várzea se apresenta como uma atividade altamente vulnerável com problemas climáticos. E o governo do estado ainda não pode suprir uma política de seguro agrícola ao juticultor, por não possuir um zoneamento econômico e ecológico, que de acordo com ele, é a base legal para a implantação de uma política de trabalho. ” Falta a oportunidade da capacitação de recursos para financiar esses estudo”, disse.

Pereira explica, que na várzea o ciclo das plantações não se completam e os produtores não conseguem produzir semente. Para isso, é preciso associar os produtores da terra firme com os produtos da várzea para um melhor desenvolvimento. E ressaltou, que devido a isso, a demanda de fibra para as indústrias locais é maior que a produção que os pequenos produtores conseguem atender no mercadol.

“Por isso, retomamos essa discussão da necessidade de levantamento de recursos para apoiar a pesquisa agronômica para o sistema de produção de semente e o melhoramento genético da fibra. São duas questões que precisam ser trabalhadas para que os agricultores possam ter uma proposta de recomendação técnica, e que possam produzir a semente de malva em terra firme”, frisou.

De acordo com o vice presidente da Cooperjuta (Cooperativa dos Juticultores do Amazonas), Davi Marques de Souza, com as sementes nas mãos dos trabalhadores e o apoio do governo do estado com incentivo e recursos, a produção no município de Manacapuru terá um desenvolvimento a médio prazo, gerando mais emprego e renda para a população do Amazonas, com um aumento da sua capacidade produtiva para atender ao mercado nacional.

“A dependência dos pequenos produtores dos recursos do governo para comprar a semente do Pará, atrasa o trabalho do juticultor. Temos uma grande capacidade produtiva e uma terra boa para a germinação dessa semente. Se a semente não chega no tempo certo, o produtor fica prejudicado. Isso dobra o trabalho dele, porque ele terá que usar o trabalho manual com a terra dura para a plantação da semente”, disse.

Mecanização

Segundo os juticultores, nos últimos anos a indústria é que tem fornecido sementes para o plantio e produção, e destacaram que a quantidade não é suficiente para atender a demanda do mercado. Eles ressaltaram, que o escoamento da produção é realizado na maioria das vezes pelos atravessadores, situação que desvaloriza o produto e diminuindo seu preço no mercado.

Segundo o produtor, Sebastião Medeiros Vasconcelos, a previsão para produção de juta e malva neste ano, é cerca de 3 mil toneladas. Com o investimento na mecanização do processo produtivo para colher a fibra no tempo certo, essa capacidade pode aumentar para 10 mil toneladas.

“Para tudo há um estudo em tecnologia para melhoria de produção, mas quando se trata de Juta e Malva notamos pouco interesse de investimento. Além de gerar emprego e renda em Manacapuru, muito da arrecadação de imposto vem dessa produção. Nota-se um abandono e só lembram de nós em época de eleições. Não temos equipamentos para ajudar na produção. Tudo que fazemos é de maneira manual onde o trabalhador arrisca a vida no rio”, disse.

O pesquisador e agrônomo da Ufam, Eduardo Pereira, destacou que a universidade trabalhou em um projeto, onde foi desenvolvido um protótipo de uma máquina descorticadora portátil, que possibilita o trabalhador utilizá-la nas áreas de produção. Mas, ele destacou que é preciso que a máquina seja aprovado pelo produtor para uma produção em grande escala. Ele explicou, que apesar do sucesso do projeto, o trabalho não teve continuidade e nem um modelo aprovado capaz de atender a necessidade da comunidade.

“O que existe no mercado são máquinas fixas e de grande volume. Tentamos desenvolver um modelo portátil. O trabalho submerso do produtor é considerado perigoso e insalubre. A universidade entendeu que era importante desenvolver uma máquina que pudesse permitir a descorticação em um ambiente seco. Foram feitos protótipos e testes em campo e chegamos a um versão avançada da máquina, mas ele passa por uma avaliação que precisa ser aceito pelos produtores, para depois pensar no desenvolvimento desta máquina em escala”, disse.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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