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Experimento avalia variação do oceano

A bordo do Navio Polar Almirante Maximiano, uma equipe do Inpe/MCTI (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) realiza em outubro e novembro o experimento Interconf, para avaliar os impactos na atmosfera das mudanças da temperatura da superfície da água do mar. A missão, que se estende do continente sul-americano até a Antártica, será importante para estudos da região denominada Confluência Brasil-Malvinas e poderá auxiliar no aprimoramento dos modelos de previsão.
“Nessa região ocorre o encontro da corrente quente do Brasil com a corrente fria das Malvinas, provocando instabilidades atmosféricas e impactos no balanço climático do sistema acoplado oceano-atmosfera”, diz o pesquisador do Inpe Luciano Ponzi Pezzi. “Essa variabilidade causa efeitos em escalas de espaço de até 500 quilômetros e de tempo de até três meses [mesoescala oceânica].”
A atmosfera reage de maneira diferente acima de águas quentes ou frias. Essa variação de temperatura causa impactos nos fluxos de calor e gases, especialmente o dióxido de carbono (CO2), entre a atmosfera e o oceano, determinando a estabilidade nos níveis mais baixos da atmosfera acima do mar (camada limite atmosférica).
“Quando a parte mais baixa da atmosfera é mais fria, e portanto mais pesada que a parte mais alta, a atmosfera é estável. Caso contrário, a atmosfera fica instável. Sob águas mais frias temos então atmosfera estável, com ventos fracos na superfície do mar e fluxos de calor menos intensos do oceano para a atmosfera. Caso exista a passagem de frentes atmosféricas ou ciclones na região, isso tudo pode mudar, podendo fazer a previsão do tempo falhar”, explica o chefe do Projeto Antártica do Inpe, Ronald Buss de Souza.

Coleta de dados

Durante o Interconf, serão lançadas radiossondas atmosféricas e sondas oceânicas do tipo batitermógrafos descartáveis, além da coleta de dados convencionais realizada pela estação meteorológica do navio. Os dados permitirão determinar os chamados gradientes termais horizontais da temperatura da água do mar sobre a atmosfera. As radiossondas tomarão medidas até 20 quilômetros de altura, enquanto os batitermógrafos registrarão a temperatura da água em profundidades que alcançam 2 quilômetros.
O encontro das águas quentes e frias produz a formação de vórtices oceânicos, que são os equivalentes marinhos dos ciclones atmosféricos. Atualmente, encontra-se na área de estudo um sistema de vórtices chamado de “dipolo”, em que existe um acoplamento de um vórtice de núcleo quente (que gira anticiclonicamente ou no sentido anti-horário no hemisfério sul) e um vórtice de núcleo frio (que gira ciclonicamente ou no sentido horário no hemisfério sul). Esse sistema tem uma característica dinâmica singular e seu impacto na atmosfera nunca foi anteriormente investigado. Somados, os vórtices quente e frio presentes nesse dipolo podem chegar a um diâmetro de quase 400 quilômetros.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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